Para Geração Z, IA já integra novas formas de trabalho
Pesquisa global revela que 73% da Geração Z já utiliza IA em atividades paralelas, facilitando projetos com propósito
Publicado em 10 de outubro de 2024 às, 15h07.
Por Lucia Bittar*
Sucesso profissional é um conceito que, a exemplo de tantos outros, se redesenha com o tempo. Questionar o significado de ter uma carreira bem-sucedida é comum entre os mais jovens e a Geração Z (18 a 27 anos) não é diferente. Sua insatisfação com os empregos convencionais já foi detectada em inúmeras sondagens de mercado. Agora, foi possível observar que sua determinação em romper com as regras deste formato de trabalho é mais profunda do que se imaginava. Pelos padrões emergentes na pesquisa global AI-Preneur Effect The 2024 How Gen Z and Next-Gen Tech are Transforming Work Culture (Efeito IA-Empreendedor 2024 - Como a geração Z e a tecnologia de última geração estão transformando a cultura de trabalho), encomendada pela Samsung, a inteligência artificial (IA) é crucial para estes jovens reconfigurarem o trabalho. Facilitadora das tarefas de uma ocupação paralela, a IA viabiliza o sonho de trabalhar com propósito e ganhar com o que se gosta de fazer.
Realizado em maio pela empresa independente de pesquisa de mercado Edelman Data & Intelligence, em parceria com a Dynata, o levantamento ouviu 5.048 entrevistados da Geração Z, entre os quais 681 side hustlers (quem já recebe por atividade paralela). Foram ouvidos outros 1.323 side hustlers, totalizando 2.004. A pesquisa foi feita na França, Alemanha, Coréia, Reino Unido e Estados Unidos.
Para a metade destes jovens, o sonhado primeiro emprego em tempo integral trouxe decepção. Além disso, 87% apontam desafios com este formato de ocupação, como inflexibilidade (60%) e insegurança no emprego (58%). Mais da metade dos entrevistados indicou que a falta de tempo ou de oportunidades para serem criativos são desafios centrais da cultura de trabalho tradicional. Aqui, temos um traço marcante no perfil profissional dos Z: diante desse descontentamento crescente, sete em cada dez sonham em iniciar atividades paralelas. Nos Estados Unidos, 81% dizem ter aspirações empreendedoras além de seus empregos principais, enquanto na Alemanha são 55%.
Importante sublinhar que não se trata apenas de complemento à renda. Os side hustles são projetos pessoais, verdadeiras válvulas de escape criativa e oportunidades de testar novas ideias e habilidades. Obviamente, estas iniciativas não acontecem em um mundo cor-de-rosa. Os desafios são muitos e a falta de tempo é queixa recorrente. Estes aspirantes a empreendedores apontam lacunas com habilidades específicas, como marketing e finanças, e a ausência de ferramentas tecnológicas adequadas são barreiras para o sucesso. Mesmo entre os side hustlers, 42% lidam com tarefas repetitivas e 41% têm dificuldade em encontrar novas inspirações.
E esse desejo vai muito além de uma simples tendência: é sintoma de um desengajamento mais amplo com os valores do ambiente de trabalho tradicional. Para estes jovens - assim como para quase todas as gerações que os antecederam - o trabalho deve ser mais do que mera obrigação. A ideia é que seja uma extensão de suas paixões e interesses. E exatamente aqui surge a promessa de um ponto de inflexão para Geração Z, uma ferramenta que tem se mostrado essencial para resolver o dilema do trabalho: a inteligência artificial.
Um dos fatores que diferencia a Z das gerações anteriores é sua relação íntima com a tecnologia. Para eles, IA não é ferramenta adicional. É recurso básico. Tanto que a nossa pesquisa apontou que 73% dos que têm atividades paralelas já estão utilizando IA para dar conta daquelas tarefas repetitivas, como organizar as finanças e buscar novas inspirações. Dos que já têm um trabalho adicional, 69% veem a IA como recurso obrigatório para ajudar no trabalho, resumindo documentos, fazendo pesquisas ou criando conteúdo.
Neste cenário, a IA é catalizadora de inovação. A pesquisa revela que 75% destes jovens acreditam que a IA os ajuda a realizar suas tarefas com mais eficiência, permitindo que se concentrem em projetos maiores e mais significativos. A pesquisa mostra que 96% estão interessados em usar novas ferramentas de IA para apoiar suas atividades, especialmente em tarefas como a criação de conteúdo e a condução de pesquisas.
No entanto, o levantamento indica que, com a proliferação de novas ferramentas de IA, muitos se sentem sobrecarregados. A Geração Z está dividida entre o entusiasmo pelo potencial transformador da IA e a preocupação com o volume crescente de soluções tecnológicas. Mesmo assim, 65% preferem usar ferramentas de IA integradas aos dispositivos que já utilizam, destacando a importância da tecnologia móvel em suas vidas.
Para os fabricantes de tecnologia, levantamentos como este reforçam e agilizam o diálogo com a Geração Z, nos municiando para oferecer respostas. É um estímulo ao investimento crescente em pesquisa e desenvolvimento voltados para a demanda em alta por soluções de IA simplificadas, que possam ser facilmente integradas a dispositivos já em uso, como smartphones e notebooks. Aqui, sai com vantagem aqueles que entregam um ecossistema robusto, afinal 83% dos empreendedores paralelos afirmam que a capacidade de trabalhar perfeitamente entre seus dispositivos móveis e laptops é mais importante do que nunca.
Um desafio extra para nós, profissionais de marketing, é que o relacionamento da Z com a IA não é uniforme. Enquanto quase metade são super usuários, que integram diversas ferramentas de IA em seus empreendimentos, outros 29% ainda estão na fase de experimentação.
Mesmo com perfis variados, a maioria desta geração está em busca de novos caminhos e redefinindo o que significa carreira bem-sucedida. Para ela, a IA é um instrumento que permite alinhar necessidades que, por décadas, pareciam inconciliáveis: paixão e subsistência. Como se não bastasse, a IA viabiliza o trabalho com propósito, uma das ideias mais caras à Z. Acredito que a combinação inteligência humana e IA cria a maior forma de poder. E seu potencial pode, em pouco tempo, descortinar rotas inéditas e, tomara, mais gratificantes.
*Diretora de marketing Mobile Experience da Samsung Brasil