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Champions reforça abismo: 32 times tiveram prêmio maior que Palmeiras

Final da UEFA Champions League colocou frente a frente dois modelos de gestão, de Real Madrid e Liverpool

Torcedores na final da Champions League 2022 (Catherine Ivill/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2022 às 12h37.

Última atualização em 1 de junho de 2022 às 18h17.

Amir Somoggi*

No último sábado foi realizada em Paris a final da UEFA Champions League, principal competição de clubes do mundo. Mas o mais certo seria dizer a principal competição de clubes de outro mundo, que não o nosso, de brasileiros e sul-americanos.

A partida de sábado foi assistida por mais 700 milhões de pessoas em todos os cantos do planeta. A UEFA, que gere o futebol na Europa, gerou 2,8 bilhões de euros em faturamento com a competição na temporada 2020-21. Foram 2,39 bilhões de euros em direitos de transmissão e outros 402 milhões de euros com patrocínios

Entre os 32 times participantes da competição, o que menos recebe fica com pelo menos 20 milhões de euros. É o caso do bravio Ferencváros, por exemplo, campeão húngaro. É o mesmo valor que o Palmeiras recebeu como campeão da última Libertadores da América.

O gol de Vinicius Jr. garantiu o 14º título europeu do Real Madrid e muito dinheiro em caixa. A vitória do Real Madrid garantiu ao time espanhol um total de 125 milhões de euros em premiações. Liverpool segundo colocado vai receber da UEFA no total cerca de 119 milhões. O título garantiu ao campeão 20 milhões de euros e ao vice 15,5 milhões de euros apenas pelo jogo do sábado.

Real e Liverpool têm modelos bem diferentes.

Real Madrid é um clube social, como os clubes brasileiros e argentinos. Soube crescer sem perder o controle financeiro, é uma potência com ativos totais de 1.6 bi de euros, mesmo perdendo receitas de 115mi de estádio com a pandemia.

Clube figura no topo do ranking de valuation de times esportivos e marca mais valiosa e não necessitou vender o controle para investidores ou magnatas. É de propriedade dos sócios, tem eleições e segue sendo maior que qualquer conglomerado esportivo dos EUA ou Europa. Possivelmente a gestão do seu presidente Florentino Pérez, explique o seu sucesso. A receita anual de marketing passou de 312 milhões de euros.

O Liverpool é parte do grupo Fenway Sports Group, um conglomerado de ativos esportivos. Entre os times do grupo estão o gigante do beisebol nos EUA Boston Red Sox e do hockey Pittsburgh Pinguins. O grupo tem Lebron James como acionista minoritário.

O total de ativos do Liverpool atingiu 840 milhões de euros. As receitas de marketing passaram de 162 milhões de euros em 2017 para 238 milhões de euros em 2021.

Real Madrid e Liverpool são, como se vê, completamente diferentes como modelos de negócio. Entretanto, são grandes benchmarks do mercado, cada vez mais dominado por clubes que gastam fora de controle, como PSG, Chelsea e Manchester City. Dinheiro infinito não necessariamente compra títulos ou encurta caminhos.

Os finalistas da Champions dão aulas de gestão dentro e fora do campo.

 

*Amir Somoggi é Sócio da consultoria Sports Value

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Amir Somoggi*

No último sábado foi realizada em Paris a final da UEFA Champions League, principal competição de clubes do mundo. Mas o mais certo seria dizer a principal competição de clubes de outro mundo, que não o nosso, de brasileiros e sul-americanos.

A partida de sábado foi assistida por mais 700 milhões de pessoas em todos os cantos do planeta. A UEFA, que gere o futebol na Europa, gerou 2,8 bilhões de euros em faturamento com a competição na temporada 2020-21. Foram 2,39 bilhões de euros em direitos de transmissão e outros 402 milhões de euros com patrocínios

Entre os 32 times participantes da competição, o que menos recebe fica com pelo menos 20 milhões de euros. É o caso do bravio Ferencváros, por exemplo, campeão húngaro. É o mesmo valor que o Palmeiras recebeu como campeão da última Libertadores da América.

O gol de Vinicius Jr. garantiu o 14º título europeu do Real Madrid e muito dinheiro em caixa. A vitória do Real Madrid garantiu ao time espanhol um total de 125 milhões de euros em premiações. Liverpool segundo colocado vai receber da UEFA no total cerca de 119 milhões. O título garantiu ao campeão 20 milhões de euros e ao vice 15,5 milhões de euros apenas pelo jogo do sábado.

Real e Liverpool têm modelos bem diferentes.

Real Madrid é um clube social, como os clubes brasileiros e argentinos. Soube crescer sem perder o controle financeiro, é uma potência com ativos totais de 1.6 bi de euros, mesmo perdendo receitas de 115mi de estádio com a pandemia.

Clube figura no topo do ranking de valuation de times esportivos e marca mais valiosa e não necessitou vender o controle para investidores ou magnatas. É de propriedade dos sócios, tem eleições e segue sendo maior que qualquer conglomerado esportivo dos EUA ou Europa. Possivelmente a gestão do seu presidente Florentino Pérez, explique o seu sucesso. A receita anual de marketing passou de 312 milhões de euros.

O Liverpool é parte do grupo Fenway Sports Group, um conglomerado de ativos esportivos. Entre os times do grupo estão o gigante do beisebol nos EUA Boston Red Sox e do hockey Pittsburgh Pinguins. O grupo tem Lebron James como acionista minoritário.

O total de ativos do Liverpool atingiu 840 milhões de euros. As receitas de marketing passaram de 162 milhões de euros em 2017 para 238 milhões de euros em 2021.

Real Madrid e Liverpool são, como se vê, completamente diferentes como modelos de negócio. Entretanto, são grandes benchmarks do mercado, cada vez mais dominado por clubes que gastam fora de controle, como PSG, Chelsea e Manchester City. Dinheiro infinito não necessariamente compra títulos ou encurta caminhos.

Os finalistas da Champions dão aulas de gestão dentro e fora do campo.

 

*Amir Somoggi é Sócio da consultoria Sports Value

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