Erga x Douléia: seu tempo virou pó??
Você já ouviu falar em Erga e Douléia?? Calma, esses nomes não são pra assustar, afinal você está num blog sobre motivação …
Publicado em 21 de junho de 2012 às, 19h52.
Última atualização em 5 de novembro de 2017 às, 19h58.
Você já ouviu falar em Erga e Douléia? Calma, esses nomes não são pra assustar, afinal, esse é um blog sobre motivação...
Resolvi escrever sobre o assunto depois que conversamos com Kenny Loo, um cidadão entusiasta que vive na cidade de Malaca | Malásia e que parece ter encontrado uma maneira harmônica e interessante de trabalhar e viver. Mas primeiro vou compartilhar o que aprendemos sobre essas 2 palavras que apesar de pequenas, tem um grande significado!
Sempre que temos oportunidade, escrevemos sobre a cultura helênica (sécs XV ao V a.C. – Grécia), uma das civilizações que alcançou maior grau de desenvolvimento que se tem notícia, e merece atenção. Pois bem, Erga e Douléia eram 2 conceitos de trabalho muito importantes para os helênicos.
Por Douléia entende-se o trabalho que todo o cidadão faz para prover seu sustento. Incluindo no conceito tarefas diárias e indispensáveis como os cuidados com a saúde, higiene, alimentação, etc…
Por Erga eram conhecidos os trabalhos voltados para criação, reflexão, conhecimento e desenvolvimento dos talentos, realização de projetos pessoais, busca da arte em lato sensu. Enfim, Erga era o trabalho que não visava subsistência e lucro, e sim o aprimoramento humano e a busca da excelência através do desenvolvimento das habilidades de cada um.
Os helênicos reconheciam que para a Erga o tempo era um aliado, nenhum talento ou obra poderiam ser desenvolvidos com pressa, o que se buscava era a perfeição que “tocasse” o divino. Na busca da semelhança com seus Deuses, deixaram um legado filosófico, artístico e cultural de suma relevância para toda humanidade. Esse tempo que destinavam para trabalhar a Erga, investigando seus talentos e capacidades, era chamado de “ócio criador”, um tempo respeitado e amplamente executado pelos cidadãos. As descobertas da Erga podiam e deviam auxiliar a Douléia, transformando as ações maçantes do dia-a-dia em desafios à criatividade e perfeição. Através desses 2 conceitos, os helênicos acreditavam que todos poderiam alcançar a harmonia do cotidiano equilibrando sua subsistência com seu tempo criador. Essa era a verdadeira alquimia e metamorfose que foi sendo esquecida ao longo dos anos.
Kenny Loo lá na Malásia parece que bebeu na fonte helênica e hoje equacionou a sua vida em busca de um equilíbrio que dá certo. Em sua Douléia tem um negócio ligado ao turismo e também conta com alguns aluguéis, mas é na Erga que se realiza como colecionador e estudioso de arte e antiguidades. Montou um espaço onde hoje comercializa e troca parte das obras que garimpou durante anos. É amante e exímio conhecedor de cada uma das peças que em boa parte do tempo estão ao seu redor. Escolheu 3 dias da semana para dedicar-se ao seu “ócio criador” e nesses dias, quando está em seu espaço, diz que sente-se como se estivesse em um templo e afirma que lá o tempo é infinito. Nesses 3 dias sua Erga, reabastece suas energias para o resto da semana e transforma sua mente e alma para lidar com sua Douléia ; também necessária. Kenny é de fato um entusiasta e quando conversamos com ele em seu “templo”, um fenômeno realmente aconteceu: nosso tempo também parou!
Hoje trabalhamos para pagar nossas contas passando por cima de nossa saúde, de nossos dons e de nosso entusiasmo de viver. Nosso tempo virou pó e se esvai… cada dia com mais velocidade. Cedemos nosso bem mais precioso que é o tempo em troca de nossas próprias euforias, do consumismo desenfreado, da luta pelo TER e não pelo SER. A Douléia engoliu nossa Erga vorazmente…
E você, o que anda fazendo com seu bem mais precioso?
Fonte: Ócio Criador, Trabalho e Saúde | Prof Dr Viktor D. Salis
Por Luah Galvão
Idealizadores do Walk and Talk, Luah Galvão e Danilo España, realizaram 3 projetos. O primeiro foi uma Volta ao Mundo por mais de 2 anos em que visitaram 28 países nos 5 continentes – para entender o que Motiva pessoas das mais variadas raças, credos e culturas. O segundo foi caminhar os 800 km do Caminho de Compostela na Espanha, entrevistando peregrinos sobre o sentido da Superação. E recentemente voltaram da Expedição Perú, onde o sentido da resiliência foi a grande busca do casal. Agora que estão de volta ao Brasil compartilham suas descobertas através de textos e histórias inspiradoras para esse e outros veículos de relevância, assim como em palestras e workshops por todo o Brasil.
Descubra mais sobre o projeto: www.walkandtalk.com.br. Conheça também a página no Facebook.