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Retrospectiva 2024: o que marcou o negócio de carros clássicos no Brasil

Museu, podcast e seguro marcaram o negócio de carros clássicos no Brasil

Lancia Lambda 1927 foi o Best of Show do 1º Encontro de Veículos Antigos do Sudeste (Divulgação/Divulgação)
Lancia Lambda 1927 foi o Best of Show do 1º Encontro de Veículos Antigos do Sudeste (Divulgação/Divulgação)

Não se tem notícia de encontro de carros antigos que tenha reunido fauna tão plural e democrática quanto a que exibiu o 1º Encontro de Veículos Antigos do Sudeste entre os dias 29 de novembro e 1 de dezembro no Dream Car Museum, em São Roque (SP).

Para começar, houve a por aqui inédita reunião do Plymouth Superbird com o Dodge Daytona. Primos de sangue, nasceram da disputa interna entre as duas marcas da Chrysler e cumpriram o objetivo de superar a Ford na Nascar na temporada de 1970, a única que disputaram – donde vem o nível de raridade deles e ainda mais do encontro.

Mas deixando de lado a história desses carros de corrida que podiam ultrapassar os 300 km/h, era possível se entusiasmar com outros retratos ímpares, como quatro exemplares da mítica Ferrari Testarossa, uma de cada cor, a dez passos de um Cord 810 e a vinte de uma reunião de gerações do Mustang, por sua vez a poucos metros de um convescote de notáveis do automobilismo brasileiro, como o Renault R8 Gordini da primeira vitória de Emerson Fittipaldi, em 7 de novembro de 1965, na 4a etapa do Campeonato Carioca de Automobilismo, na Ilha do Fundão.

Já na primeira edição o evento organizado pelo Dream Car Museum se impôs como um dos principais do gênero pelo poder de reunir raridades de várias tribos do antigomobilismo nacional. Como, por exemplo, o acervo da Garage Brazil, a maior coleção de modelos fora-de-série do País.

“É fundamental termos mais um evento de grande porte celebrando as principais coleções paulistas, com foco na qualidade dos carros e não na quantidade. Mas é preciso que mais colecionadores abram as portas de seus acervos. Não faz sentido haver tantas relíquias ainda escondidas”, avalia o idealizador do evento e fundador do Dream Car Museum, Marcelo Elias.

Assim o 1º Encontro de Veículos Antigos do Sudeste – que elegeu o revolucionário Lancia Lambda 1927 como o Best of Show – encerrou o ano que provavelmente será lembrado no futuro como o mais importante para o antigomobilismo nacional.

Museu, podcast e seguro

Quando 2024 começou, só havia expectativas para a abertura do Carde, reprogramada para junho e depois para novembro após postergações anteriores. No entanto, os últimos meses testemunharam uma sequência de novidades para o setor.

A Volkswagen criou um podcast para contar não apenas a sua história e a de seus modelos, mas também a de personagens ao seu redor. Primeiro dedicado ao tema acoplado a uma montadora, o Podcast Garagem Volkswagen une as áreas de Comunicação e Engenharia da filial brasileira da montadora alemã num plano pioneiro de preservação histórica que inclui também uma página homônima no Instagram.

A Jaguar Land Rover decidiu expandir os serviços oferecidos a colecionadores de suas marcas, que agora contam com cinco programas oferecidos na planta de Itatiaia (RJ): mecânica básica, mecânica técnica, reforma, restauração e customização.

Falando em Jaguar, o belíssimo e raríssimo XJ220 é uma das estrelas do Carde, que se destaca pela proposta única de combinar automóveis clássicos, história, arte e design. “É a primeira vez que um museu homenageia e dedica dois espaços completos à história da indústria automobilística brasileira, em especial a da Gurgel. O Carde deve abrir os olhos do governo brasileiro para o alto valor educativo de um museu de carros, assim como outros tipos de arte fontes extraordinárias de conhecimento para todas as gerações”, reflete Matthieu Lamoure, diretor-geral da Artcurial Motorcars, uma das principais casas de leilão do mundo.

Este ano marca também o início das operações da Howden, corretora de seguros especializada em veículos clássicos. “Este seguro chega para atender a um nicho de mercado que não é priorizado pelas seguradoras tradicionais, oferecendo uma solução acessível e especializada”, afirma Roberto Suga, ex-presidente e atual conselheiro da FBVA (Federação Brasileira de Veículos Antigos).

Ele, inclusive, passou a integrar o Heritage Hall of Fame da FIVA (Fédération Internationale des Véhicules Anciens). Suga e Og Pozzoli (1930 – 2017) são os dois únicos brasileiros no grupo, que reúne personagens essenciais da história do automóvel, como Bob Lutz, Michèle Mouton, Nuccio Bertone, Battista Pininfarina, Soichiro Honda e Giorgetto Giugiaro, entre outros.

E tudo temperado por efemérides importantes, como os 90 anos do Citroën Traction Avant, os 50 do Volkswagen Golf, os 65 do Mini e 60 do Mustang – cuja sétima geração será vendida com câmbio manual no Brasil próximo ano.

Seguramente um futuro clássico.