W 196 R Stromlinienwagen: carro é leiloado no museu da Mercedes, em Stuttgart. (Mercedes-Benz AG/Divulgação)
Colunista
Publicado em 8 de fevereiro de 2025 às 08h04.
Stuttgart, Alemanha, 1º de fevereiro de 2025. O primeiro Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen leiloado na história é arrematado por US$ 53 milhões (R$ 308 milhões) e se torna o segundo carro mais caro vendido publicamente. À sua frente está um parente bem próximo, o 300 SLR Uhlenhaut Coupe, que trocou de garagem há quase três anos por mais que o dobro – US$ 142 milhões.
Pois não correu nem uma semana até a Ferrari 250 LM que venceu as 24 Horas de Le Mans de 1965 sair por US$ 36 milhões e se esgueirar na sexta posição, embaralhando novamente o ranking dos dez automóveis mais valiosos do mundo, todos clássicos dos anos 1950 e 1960 com histórico de corrida.
Inalterada em 2024, a lista agora tem três Mercedes e sete Ferraris, mas já frequentaram o seleto clube modelos de outras marcas, como Aston Martin DBR1 (vendido por US$ 22,5 milhões em 2017), Jaguar D-Type (US$ 21,7 milhões, 2016), McLaren F1 (US$ 20,4 milhões, 2021) e Alfa Romeo 8C 2900B Lungo Spider (US$ 19,8 milhões, 2016), entre outros.
Não entram na conta exemplares (antigos ou novos) vendidos em negociações privadas, como a Ferrari 250 GTO comprada pelo colecionador David MacNeil em 2018 supostamente por US$ 70 milhões – a natureza desse tipo de transação impossibilita uma checagem precisa.
Mercedes-Benz 300 SLR Uhlenhaut Coupé 1955: US$ 142.000.000
(RM Sotheby’s, Stuttgart, 2022)
Baseado no W 196 R, carro de corrida que conquistou dois campeonatos mundiais com Juan Manuel Fangio ao volante, esse 300 SLR era especial porque, além de existir apenas mais um igual a ele, fora o carro de uso pessoal de Rudolf Uhlenhaut, o engenheiro que criou o modelo e um dos principais nomes da Mercedes em seu retorno às competições.
Ironicamente, é o único da lista que nunca pisou numa pista de corrida e, tal como o segundo da lista, trocou de proprietário no museu da marca, em Stuttgart.
Mercedes-Benz W 196 R Stromlinienwagen 1954: US$ 53.917.370
(RM Sotheby’s, Stuttgart, 2025)
O segundo carro mais caro já leiloado vem da mesma família do primeiro, mas encaixado em uma carroceria Stromlinie, mais aerodinâmica. Que para compensar o peso extra foi construída em liga de magnésio Elektron, mais leve que alumínio, o que manteve a massa total em cerca de 40 kg.
De acordo com a RM Sotheby’s, realizadora do leilão que arrematou o carro que a Mercedes doara ao Indianapolis Motor Speedway Museum em maio de 1965, dos 14 chassis construídos do W 196 R, quatro foram montados sob uma carroceria Stromlinie – e esse, número 00009/54, foi o exemplar da vitória de Juan Manuel Fangio no GP da Argentina de 1955; em setembro, no GP de Monza e com Stirling Moss ao volante, o bólido se despediu das pistas.
Ferrari 330 LM / 250 GTO by Scaglietti 1962: US$ 51.705.000
(RM Sotheby’s, Nova York, 2023)
Descrito pela casa de leilões como “The One”, o chassi número 3765 é o único da linhagem GTO que disputou corridas pela própria Scuderia Ferrari, que escalou Mike Parkes e Lorenzo Bandini para as 24 Horas de Le Mans de 1962; também conquistou a vitória em sua categoria e um segundo lugar nos 1.000 quilômetros de Nürburgring no mesmo ano.
Ferrari 250 GTO 1962 by Scaglietti: US$ 48.405.000
(RM Sotheby’s, California, 2018)
Terceira 250 GTO produzida, soma 16 vitórias no currículo (incluindo duas edições da tradicional Targa Florio) e é considerada por especialistas da marca uma das mais autênticas e originais existentes.
Ferrari 250 GTO Berlinetta 1962: US$ 38.115.000
(Bonhams, California, 2014)
Décima sétima 250 GTO produzida, pertenceu à mesma família (Violati) por 49 anos, e por quatro foi o carro mais caro já comercializado em um leilão.
Ferrari 250 LM by Scaglietti 1964: US$ 36.344.960
(RM Sotheby’s, Paris, 2025)
A Ferrari vinha de uma sequência de cinco vitórias consecutivas em Le Mans quando a 250 LM conduzida por Masten Gregory e Jochen Rindt venceu, sob comando da North American Racing Team, a última edição antes do domínio da Ford nos quatro anos seguintes. O embate mais famoso da corrida de longa duração mais tradicional do mundo deu origem ao filme Ford vs. Ferrari.
Naquela corrida, outra 250 LM e uma 275 GTB fecharam o pódio dominado pela Ferrari, que só voltaria a vencer em Le Mans em 2023. Sexta e mais importante das 32 unidades construídas da 250 LM, a vencedora passou 54 anos preservada pelo Indianapolis Motor Speedway Museum.
Ferrari 335 Sport Scaglietti 1957: US$ 35.700.000
(Artcurial, Paris, 2016)
Uma notável lista de pilotos já dirigiu o sétimo carro mais caro do mundo: Peter Collins, Maurice Trintignant, Wolfgang von Trips, Stirling Moss e Mike Hawthorn, o primeiro piloto britânico a vencer o Campeonato Mundial de Fórmula 1, em 1958.
Ferrari 412P Berlinetta 1967: US$ 30.255.000
(Bonhams, California, 2023)
Em 1967, dois protótipos foram construídos para equipes privadas, um deles destinado ao time inglês Maranello Concessionaires, cuja principal conquista foi o terceiro lugar nos 1.000 quilômetros de Spa de 1967.
Mercedes-Benz W 196 R 1954: US$ 29.600.000
(Bonhams, Goodwood, 2013)
Foi com esse exemplar, chassi número 00006/54, que Juan Manuel Fangio venceu os GPs da Alemanha e da Suíça em 1954, ano da conquista de seu bicampeonato da Fórmula 1; o piloto argentino seria novamente campeão em 1955, também pela Mercedes, em 1956 correndo de Ferrari e em 1957 no retorno à Maserati, a equipe do seu primeiro campeonato.
Ferrari 290 MM 1956: US$ 28.050.000
(RM Sotheby’s, Nova York, 2015)
Criada para disputar o World Sportscar Championship, à época um campeonato tão importante para a Ferrari quanto a Fórmula 1, a 290 MM chassi número 0626 chegou à terceira etapa da temporada de 1956, a tradicional Mille Miglia, tendo como parceiro Juan Manuel Fangio, que havia deixado a Mercedes quando a marca alemã decidiu se retirar oficialmente do esporte a motor. Cruzaram a linha de chegada na quarta posição, após largarem da última.
Dotada de um motor 3.5 V12, a 290 MM também foi conduzida por outros nomes importantes do automobilismo mundial da época, como Phil Hill e Alfonso de Portago.