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Colunista
Publicado em 1 de fevereiro de 2025 às 08h20.
Neto de um dos fundadores da Fiat, ícone da recuperação italiana pós-Segunda Guerra Mundial e um dos grandes playboys do século XX, Giovanni "Gianni" Agnelli (1921-2003) poderia ter o carro que desejasse. E até mesmo carros que ninguém mais poderia ter, como uma Ferrari Testarossa Spider feita sob encomenda para L'Avvocato, como era conhecido.
Entre as infinitas opções ao seu dispor, um modesto Fiat Panda 4x4 Trekking era a escolha de Agnelli para as férias de inverno em St. Moritz, nos Alpes suíços. Provavelmente por dois motivos: a destreza de um carro de peso baixo e tração nas quatro rodas para vencer o piso forrado de neve e um rompimento estiloso com os protocolos automotivos do jet set internacional.
Compacto, espaçoso e austero tanto no visual quanto nos modos, o primeiro Panda foi lançado em março de 1980 para dar início à nova era de carros populares da Fiat, sucedendo os icônicos 500 (1957) e 126 (1972).
Qualquer semelhança visual com o Uno não é mera coincidência, pois ambos foram desenhados por Giorgetto Giugiaro, cuja versatilidade deu origem tanto a carros urbanos – como a dupla da Fiat e também o VW Golf, entre outros – quanto esportivos, como Lotus Esprit, Maserati Ghibli e DeLorean DMC-12, por exemplo. Já seu nome nada tem a ver com o urso preto e branco, mas sim com Empanda, a deusa romana dos viajantes.
Na cabine, os bancos podiam se abrir para virar uma cama; quando removidos, ampliavam o espaço para acomodar objetos maiores. Capas removíveis para lavagem os cobriam e também estavam no forro das portas.
Um bicilíndrico refrigerado a ar de 652 cc e 30 cv e um quatro-cilindros de 903 cc e 45 cv, arrefecido a água, eram as duas opções iniciais de motores. Depois veio um de 750 cc e 34 cv (quando o Panda rompeu os 100 km/h em 23 segundos e chegou a 125 km/h de máxima) e a família Fire, de 999 cc.
Se uma das premissas de um veículo utilitário é a destreza para vencer terrenos mais tortuosos, a estreia da configuração 4x4 em 1983 ajuda a compreender que o Panda se antecipou aos SUVs compactos – e com a real capacidade de um fora-de-estrada.
Entre as versões especiais, a Italia 90 se destacou pelas rodas temáticas quando o país sediou a Copa do Mundo. Ainda mais rara é a Selecta, equipada com câmbio automático e que não passou das 200 unidades.
Modesto no tamanho e grandioso na personalidade, foi para a Fiat o que o 4 foi para a Renault, 2CV para a Citroën e o Fusca para a Volkswagen, transporte barato para as massas. E como o Mini, transitou por todas as classes sociais: era o carro tanto do operário quanto do empresário.
Equipada com 12 baterias de chumbo-ácido acomodadas sob o capô e no porta-malas, a versão Elettra podia rodar cerca de 95 km com uma carga e não passava dos 70 km/h. Isso em 1990, muito antes do Grande Panda, agora o carro elétrico de entrada da Fiat. Que desembarca em março na Europa com bateria de 44kWh, autonomia de 320 km e partindo de 25 mil euros.
Depois de quase 4,5 milhões de unidades produzidas, a primeira geração se despediu em 2003; a segunda foi até 2012, quando deu lugar à terceira.