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Estrela de filme e febre no Google: qual é o carro clássico que a Nissan eletrificou?

Skyline GT-R ganha par de motores elétricos para que “próximas gerações possam experimentá-lo”

Skyline GT-R R32. (Divulgação/Divulgação)

Skyline GT-R R32. (Divulgação/Divulgação)

Rodrigo Mora
Rodrigo Mora

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Publicado em 18 de janeiro de 2025 às 07h48.

Não doeu tanto quando a Honda anunciou que o Prelude reencarnaria híbrido em sua sexta geração, prevista para este ano. Mas agora que a Nissan eletrificou um Skyline GT-R, entusiastas quase tiveram um infarto.

Ocorre que o carro da Nissan é uma espécie de semideus. Que de tão popular foi o clássico mais procurado no Google em 2021, com 8,2 milhões de buscas – Lamborghini Countach e Ferrari F40 aparecem na sequência, somando respectivamente 4,8 milhões e 4,08 milhões.

Apresentado no Salão de Tóquio de 1968, aquele carro que parecia um pacato sedã venceu sua corrida de estreia três meses após deixar a linha de produção. A segunda geração (agora um cupê) veio em 1973, mas a crise do petróleo levou a Nissan a matar o modelo após 197 exemplares produzidos. Era o fim do Skyline GT-R. 

Mas em agosto de 1989 a marca ressuscitou o esportivo, que nesta terceira fase é conhecido pelo codinome R32. No currículo, cinco títulos consecutivos no Japan Touring Car Championship e mais de 200 vitórias em corridas individuais. Vitorioso também no Australian Touring Car Championship, o Skyline GT-R ganhou da mídia local o apelido de "Godzilla", o famoso monstro japonês fictício. 

Principal esportivo da Nissan teve seis gerações. (Divulgação/Divulgação)

Pois foi de um Skyline GT-R R32 – ícone de uma dinastia cujo membro mais famoso fora o R34, imortalizado pelo policial Brian O'Conner (Paul Walker) em Velozes e Furiosos 2 – que a marca japonesa removeu o motor 2.6 biturbo de 280 cv para instalar um par de elétricos de 160 kW. A bateria de 62 kWh, emprestada de um Leaf de corrida, foi acomodada no lugar do banco traseiro.

A equipe de Ryozo Hiraku, engenheiro de trem de força de elétricos da Nissan, conseguiu atingir torque próximo aos 35,9 kgfm do motor a combustão, mas o Skyline GT-R R32 que recarrega na tomada ficou bem mais pesado, engordando de 1.430 kg para 1.797 kg. Pelo menos criaram um recurso que, através do alto-falante da cabine, emula o som do seis-cilindros original. E até inventaram uma sensação de choque nas borboletas atrás do volante para imitar as trocas do antigo câmbio manual de cinco marchas.

“Eu me perguntei se daqui a 30 anos — em 2055 ou mais — os donos desta máquina incrível ainda poderiam comprar gasolina e gostar de dirigi-la. Vi mérito em usar tecnologia elétrica e digital para replicar o apelo do R32 GT-R para que as gerações futuras pudessem experimentá-lo”, justifica Hiraku. Não há planos de comercialização, garante a empresa.

Claro que a Nissan não é a primeira a eletrificar um clássico. Trata-se de um movimento que se intensificou na última década, amplificado pela Jaguar em 2018, quando arrancou as tripas de um E-Type para enxertá-lo com componentes do I-Pace, seu primeiro SUV elétrico. Responsável pelo serviço, a Jaguar Classic prometia reverter a operação caso o dono se arrependesse.

Outras duas montadoras inglesas que desfiguraram a essência de seus clássicos foram Mini e Aston Martin – esta chegou a anunciar um programa de conversão, personificado num DB6 Volante 1970, com o intuito de "mitigar qualquer futura legislação que restrinja o uso de carros clássicos".

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