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Um verdadeiro duelo de rejeições em 2022

Altas taxas de rejeição, com índices imprevisíveis de abstenções, complicam em demasia os prognósticos para o próximo pleito

DR

Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2021 às 13h33.

Última atualização em 9 de dezembro de 2021 às 13h33.

Aluizio Falcão Filho

As eleições de 2022 devem testar os nervos dos candidatos e dos mais experimentados analistas políticos. É o que se conclui ao ver os resultados da última pesquisa Genial/Quaest, realizada neste mês de dezembro. Os cinco principais candidatos têm altos índices de rejeição. Cerca de 64 % conhecem o presidente Jair Bolsonaro e declaram que não votariam nele de jeito nenhum. Ele é seguido pelo ex-juiz Sérgio Moro (61 %), o governador João Doria (59 %), o ex-governador Ciro Gomes e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (43 %).

A pesquisa também mostra que apesar da alta rejeição, a avaliação do governo de Bolsonaro recuperou um pouco de terreno de novembro para cá, em praticamente todos os segmentos do eleitorado. O julgamento negativo desta administração, que atingiu 56 % no mês passado, chegou à marca de 50 % em dezembro. Trata-se de uma pequena melhora, mas com uma taxa de reprovação ainda estacionada em um patamar muito alto.

A avaliação negativa de Bolsonaro supera a positiva em praticamente todos os segmentos da população. A única exceção está entre aqueles que votaram no presidente. Entre seus eleitores, 42 % aprovam sua gestão, contra 24 % que desaprovam. Entre os evangélicos, a desaprovação é de 35 %, contra uma aprovação de 32 % (no mês passado, esses números estavam muito diferentes: desaprovação de 42 % e aprovação de 27 %).

Uma pista para essa ligeira retomada do presidente está na avaliação dos grandes problemas brasileiros. Em novembro, 48 % dos entrevistados achavam que a economia era o principal problema brasileiro. Neste mês, este índice caiu para 41 %. Entre os fatores econômicos, 23 % estavam preocupados com o crescimento do PIB; neste mês, apenas 14 %.

Ao mesmo tempo, a variante ômicron deve ter criado uma onda de pessimismo entre os eleitores. Em novembro, 55 % se declararam muito preocupados com a pandemia. Em dezembro, houve um salto significativo: 62 % agora externam muita preocupação com a Covid-19.

No capítulo que mede as intenções de votos a partir de cenários sugeridos pela pesquisa, Lula continua liderando (de 46 % a 48 %), seguido por Bolsonaro (23 % a 27 %), Sergio Moro (10% a 11 %), Ciro Gomes (5 % a 8 %) e Doria (2 % a 5 %).

Mas muitos cientistas políticos dizem que o que vale mesmo, para uma análise mais consistente, é a enquete espontânea. Neste quesito, temos uma número enorme de indecisos: 54 % não sabem dizer em quem vão votar. O candidato melhor colocado é novamente Lula, com 23 % das intenções e Bolsonaro, com 15 %. Outros candidatos estão abaixo da linha de 2 %.

Há aqui um dado interessante. Lula, no mês passado, tinha 29 % das intenções espontâneas, enquanto Bolsonaro obteve 16 %. Ou seja, os líderes perderam, somados, sete pontos percentuais. Em compensação, o número de indecisos elevou-se em 5 pontos percentuais. Aparentemente, a entrada de Moro na corrida eleitoral trouxe indecisão a um determinado grupo de eleitores.

Nas simulações de segundo turno, Lula ganha em todos os cenários e Bolsonaro perde também em todas as opções. Mas há um dado interessante. O confronto direto entre os dois gera o menor número de brancos, nulos e abstenções: 11 %. Já um segundo turno entre Bolsonaro e Moro geraria 30 % de brancos, nulos e abstenções. Ou seja, a maioria esmagadora dos eleitores de Lula não entregaria seu voto ao atual presidente ou ao ex-juiz.

Altas taxas de rejeição, com índices imprevisíveis de abstenções, complicam em demasia os prognósticos para o próximo pleito. Detratores de Lula (em sua maioria, eleitores de Bolsonaro) dizem que ele não pode sair na rua sem ser vaiado. Mas o próprio Bolsonaro também vem levando seus apupos. O mesmo pode valer para Sérgio Moro, Ciro Gomes e João Doria. Diante desse cenário, temperado com eleitores exaltados, não teremos uma campanha pacífica. É possível esperar qualquer resultado, embora Lula ainda esteja muito na frente. O índice de 54 % de indecisos na pesquisa espontânea deixa o jogo completamente aberto.

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Aluizio Falcão Filho

As eleições de 2022 devem testar os nervos dos candidatos e dos mais experimentados analistas políticos. É o que se conclui ao ver os resultados da última pesquisa Genial/Quaest, realizada neste mês de dezembro. Os cinco principais candidatos têm altos índices de rejeição. Cerca de 64 % conhecem o presidente Jair Bolsonaro e declaram que não votariam nele de jeito nenhum. Ele é seguido pelo ex-juiz Sérgio Moro (61 %), o governador João Doria (59 %), o ex-governador Ciro Gomes e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (43 %).

A pesquisa também mostra que apesar da alta rejeição, a avaliação do governo de Bolsonaro recuperou um pouco de terreno de novembro para cá, em praticamente todos os segmentos do eleitorado. O julgamento negativo desta administração, que atingiu 56 % no mês passado, chegou à marca de 50 % em dezembro. Trata-se de uma pequena melhora, mas com uma taxa de reprovação ainda estacionada em um patamar muito alto.

A avaliação negativa de Bolsonaro supera a positiva em praticamente todos os segmentos da população. A única exceção está entre aqueles que votaram no presidente. Entre seus eleitores, 42 % aprovam sua gestão, contra 24 % que desaprovam. Entre os evangélicos, a desaprovação é de 35 %, contra uma aprovação de 32 % (no mês passado, esses números estavam muito diferentes: desaprovação de 42 % e aprovação de 27 %).

Uma pista para essa ligeira retomada do presidente está na avaliação dos grandes problemas brasileiros. Em novembro, 48 % dos entrevistados achavam que a economia era o principal problema brasileiro. Neste mês, este índice caiu para 41 %. Entre os fatores econômicos, 23 % estavam preocupados com o crescimento do PIB; neste mês, apenas 14 %.

Ao mesmo tempo, a variante ômicron deve ter criado uma onda de pessimismo entre os eleitores. Em novembro, 55 % se declararam muito preocupados com a pandemia. Em dezembro, houve um salto significativo: 62 % agora externam muita preocupação com a Covid-19.

No capítulo que mede as intenções de votos a partir de cenários sugeridos pela pesquisa, Lula continua liderando (de 46 % a 48 %), seguido por Bolsonaro (23 % a 27 %), Sergio Moro (10% a 11 %), Ciro Gomes (5 % a 8 %) e Doria (2 % a 5 %).

Mas muitos cientistas políticos dizem que o que vale mesmo, para uma análise mais consistente, é a enquete espontânea. Neste quesito, temos uma número enorme de indecisos: 54 % não sabem dizer em quem vão votar. O candidato melhor colocado é novamente Lula, com 23 % das intenções e Bolsonaro, com 15 %. Outros candidatos estão abaixo da linha de 2 %.

Há aqui um dado interessante. Lula, no mês passado, tinha 29 % das intenções espontâneas, enquanto Bolsonaro obteve 16 %. Ou seja, os líderes perderam, somados, sete pontos percentuais. Em compensação, o número de indecisos elevou-se em 5 pontos percentuais. Aparentemente, a entrada de Moro na corrida eleitoral trouxe indecisão a um determinado grupo de eleitores.

Nas simulações de segundo turno, Lula ganha em todos os cenários e Bolsonaro perde também em todas as opções. Mas há um dado interessante. O confronto direto entre os dois gera o menor número de brancos, nulos e abstenções: 11 %. Já um segundo turno entre Bolsonaro e Moro geraria 30 % de brancos, nulos e abstenções. Ou seja, a maioria esmagadora dos eleitores de Lula não entregaria seu voto ao atual presidente ou ao ex-juiz.

Altas taxas de rejeição, com índices imprevisíveis de abstenções, complicam em demasia os prognósticos para o próximo pleito. Detratores de Lula (em sua maioria, eleitores de Bolsonaro) dizem que ele não pode sair na rua sem ser vaiado. Mas o próprio Bolsonaro também vem levando seus apupos. O mesmo pode valer para Sérgio Moro, Ciro Gomes e João Doria. Diante desse cenário, temperado com eleitores exaltados, não teremos uma campanha pacífica. É possível esperar qualquer resultado, embora Lula ainda esteja muito na frente. O índice de 54 % de indecisos na pesquisa espontânea deixa o jogo completamente aberto.

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