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O dia em que conheci uma vencedora do Oscar

Michelle Yeoh fez história ao ser a primeira asiática a ganhar o Oscar, especialmente por concorrer com atrizes conhecidas e talentosas

Michelle Yeoh: atriz venceu o Oscar neste domingo. (Kevin Winter/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2023 às 18h53.

Foi em agosto de 2012. Fui a um evento da Federação Internacional do Automobilismo no Hotel Renaissance e cheguei um pouco antes da hora, para bater um papo com o Emerson Fittipaldi. Estávamos conversando na antessala do salão onde seria o evento quando vi entrando no local o presidente da FIA, Jean Todt. E, ao lado dele, sua esposa: Michelle Yeoh. Lembro que fiquei meio atônito, pois ela é a estrela de um dos meus filmes favoritos, “O Tigre e o Dragão” (“Crouching Tiger, Hidden Dragon” – um ditado chinês que denota a emoção e a paixão que estão sob a superfície de alguém educado e contido).

Em questão de minutos, depois de falarmos sob a segurança no trânsito (o motivo do evento em si), foi inevitável começar o momento tiete. Naquele ano em particular, Michelle não tinha nenhum filme em cartaz, mas ela tinha sido galgada ao estrelado mundial cinco anos antes, com a produção “007 – O Amanhã Nunca Morre”. Falei, evidentemente, de “O Tigre e o Dragão”. Sabia que ela era natural da Malásia e perguntei se ela já sabia falar mandarim para o filme dirigido por Ang Lee. Ela sorriu e disse que não: recebera uma versão fonética dos diálogos no idioma chinês e teve de memorizar suas falas dessa forma.

Aproveitei a deixa e perguntei quanto tempo ela tinha treinado artes marciais antes de se tornar atriz. E aí veio a surpresa: aprendeu a lutar com instrutores fazendo filmes nos anos 1980, mas que sua formação anterior, como bailarina, tinha ajudado muito a aprender os movimentos. Para ela, as lutas cinematográficas são mais uma coreografia do que uma disputa física – no que ela tem toda a razão.

“O Tigre e o Dragão” é de 2000. Cinco anos mais tarde, ela faria “Memórias de Uma Gueixa”, no qual não precisou fazer nenhum golpe de Kung Fu. Aproveitei que ninguém se aproximava e perguntei sobre esse filme e como tinha sido trabalhar novamente com Ziyi Zhang (que também havia co-estrelado “O Tigre”).

Ela contou, então, que as duas tinham estado alguns dias em uma escola para gueixas e tido aulas com uma espécie de consultora no assunto. E que tinha sido uma experiência muito difícil, pois a rotina era semelhante à de um quartel, muito rígida.

Eu ouvia essas histórias e ficava intrigado porque ninguém mais chegava perto para falar com Michelle. Percebi, então, que os óculos que ela usava ofereciam uma certa camuflagem ao seu rosto. Além disso, ela era bem magra e mignon, com cerca de 1,60 metro. Vestida com um conjunto de linho branco, Michelle realmente não chamava a atenção. Então, o marido, Jean Todt, apareceu e a convidou para sentar-se na mesa principal, ao lado dele e do piloto Felipe Massa. Ela se despediu muito simpática, com um aperto de mão muito forte.

Há dois meses, vi “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, filme pelo qual ela concorreu ao Oscar de melhor atriz. Achei um tanto chato, mas fiquei impressionado com a performance dela. Especialmente pelas cenas de ação. Afinal, Michelle Yeoh tinha 60 anos de idade durante as filmagens e lutava, na película, como se estivesse na adolescência. Impressionante.

Antes disso, tinha acompanhado sua participação na série “Star Trek: Discovery”, na qual ela fazia a imperadora Philippa Georgiou – uma das poucas vezes que desempenhou o papel de uma vilã. Michelle não decepciona como Philippa: cínica e sarcástica, rouba a cena toda a vez que aparece.

Ela fez história ao ser a primeira asiática a ganhar o Oscar, especialmente por concorrer com atrizes conhecidas e talentosas como Cate Blanchett e Ana de Armas. E também por ter sido aclamada com furor pela plateia da premiação (não lembro de uma atriz ser tão aplaudida nos últimos anos). “Isso prova que… se você sonhar grande, os sonhos vão se tornar realidade. E senhoras: não deixem ninguém dizer que você não está mais em seu melhor momento. Nunca desistam!”, disse ela em seu discurso, com a estatueta na mão.

Fiquei feliz. Agora posso dizer que conheci alguém que ganhou um Oscar.

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Foi em agosto de 2012. Fui a um evento da Federação Internacional do Automobilismo no Hotel Renaissance e cheguei um pouco antes da hora, para bater um papo com o Emerson Fittipaldi. Estávamos conversando na antessala do salão onde seria o evento quando vi entrando no local o presidente da FIA, Jean Todt. E, ao lado dele, sua esposa: Michelle Yeoh. Lembro que fiquei meio atônito, pois ela é a estrela de um dos meus filmes favoritos, “O Tigre e o Dragão” (“Crouching Tiger, Hidden Dragon” – um ditado chinês que denota a emoção e a paixão que estão sob a superfície de alguém educado e contido).

Em questão de minutos, depois de falarmos sob a segurança no trânsito (o motivo do evento em si), foi inevitável começar o momento tiete. Naquele ano em particular, Michelle não tinha nenhum filme em cartaz, mas ela tinha sido galgada ao estrelado mundial cinco anos antes, com a produção “007 – O Amanhã Nunca Morre”. Falei, evidentemente, de “O Tigre e o Dragão”. Sabia que ela era natural da Malásia e perguntei se ela já sabia falar mandarim para o filme dirigido por Ang Lee. Ela sorriu e disse que não: recebera uma versão fonética dos diálogos no idioma chinês e teve de memorizar suas falas dessa forma.

Aproveitei a deixa e perguntei quanto tempo ela tinha treinado artes marciais antes de se tornar atriz. E aí veio a surpresa: aprendeu a lutar com instrutores fazendo filmes nos anos 1980, mas que sua formação anterior, como bailarina, tinha ajudado muito a aprender os movimentos. Para ela, as lutas cinematográficas são mais uma coreografia do que uma disputa física – no que ela tem toda a razão.

“O Tigre e o Dragão” é de 2000. Cinco anos mais tarde, ela faria “Memórias de Uma Gueixa”, no qual não precisou fazer nenhum golpe de Kung Fu. Aproveitei que ninguém se aproximava e perguntei sobre esse filme e como tinha sido trabalhar novamente com Ziyi Zhang (que também havia co-estrelado “O Tigre”).

Ela contou, então, que as duas tinham estado alguns dias em uma escola para gueixas e tido aulas com uma espécie de consultora no assunto. E que tinha sido uma experiência muito difícil, pois a rotina era semelhante à de um quartel, muito rígida.

Eu ouvia essas histórias e ficava intrigado porque ninguém mais chegava perto para falar com Michelle. Percebi, então, que os óculos que ela usava ofereciam uma certa camuflagem ao seu rosto. Além disso, ela era bem magra e mignon, com cerca de 1,60 metro. Vestida com um conjunto de linho branco, Michelle realmente não chamava a atenção. Então, o marido, Jean Todt, apareceu e a convidou para sentar-se na mesa principal, ao lado dele e do piloto Felipe Massa. Ela se despediu muito simpática, com um aperto de mão muito forte.

Há dois meses, vi “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, filme pelo qual ela concorreu ao Oscar de melhor atriz. Achei um tanto chato, mas fiquei impressionado com a performance dela. Especialmente pelas cenas de ação. Afinal, Michelle Yeoh tinha 60 anos de idade durante as filmagens e lutava, na película, como se estivesse na adolescência. Impressionante.

Antes disso, tinha acompanhado sua participação na série “Star Trek: Discovery”, na qual ela fazia a imperadora Philippa Georgiou – uma das poucas vezes que desempenhou o papel de uma vilã. Michelle não decepciona como Philippa: cínica e sarcástica, rouba a cena toda a vez que aparece.

Ela fez história ao ser a primeira asiática a ganhar o Oscar, especialmente por concorrer com atrizes conhecidas e talentosas como Cate Blanchett e Ana de Armas. E também por ter sido aclamada com furor pela plateia da premiação (não lembro de uma atriz ser tão aplaudida nos últimos anos). “Isso prova que… se você sonhar grande, os sonhos vão se tornar realidade. E senhoras: não deixem ninguém dizer que você não está mais em seu melhor momento. Nunca desistam!”, disse ela em seu discurso, com a estatueta na mão.

Fiquei feliz. Agora posso dizer que conheci alguém que ganhou um Oscar.

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