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Galípolo parece ser o nome certo, na hora certa e no lugar certo

Próximo presidente do BC não é petista de carteirinha e trabalhou no governo do tucano José Serra

Gabriel Galípolo, próximo presidente do BC (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Gabriel Galípolo, próximo presidente do BC (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Gabriel Galípolo foi finalmente confirmado como o próximo presidente do Banco Central e parece ser o nome certo, no lugar certo e na hora certa. O anúncio oficial, feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, carrega uma certa simbologia: com isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinaliza à classe política (e à militância petista) de que a indicação partiu de Haddad e que o ministro está alinhado com os preceitos macroeconômicos responsáveis pelo vai e vem dos juros.

Galípolo mostrou nos últimos meses que não embarcou no discurso demagógico de Lula sobre as taxas de juros e apoiou o atual titular do cargo, Roberto Campos Neto. Sua atuação técnica trouxe ânimo aos agentes do mercado financeiro, que durante muito tempo ficaram ressabiados com a possibilidade de haver uma gestão independente no BC com um nome indicado pelo PT.

O próximo presidente do Banco Central não é um petista de carteirinha e chegou a trabalhar no governo do tucano José Serra de 2007 a 2008. Além disso, tem em seu currículo a presidência do Banco Fator durante quatro anos.

Quem é Gabriel Galípolo, indicado por Lula para a presidência do Banco Central

Estive duas vezes com Galípolo, uma das quais pude sabatiná-lo durante uma hora e meia. Ele impressionou muito bem a plateia de empresários presentes ao talk show de MONEY REPORT por três características. A primeira foi o amplo domínio de questões macroeconômicas que cercam a formação de taxas de juros. Ao lado disso, também chamou atenção a sua serenidade ao abordar assuntos espinhosos. Por fim, mostrou-se habilidoso o suficiente para criar uma ligação com o público e trazer a audiência para seu lado.

Gabriel Galípolo é um ponto fora da curva dentro deste governo e, se continuar na mesma linha que seguiu até agora, vai fazer valer a independência do Banco Central, com grandes chances de realizar uma gestão muito boa.

Nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária, seus votos e os textos das atas técnicas serão escrutinados com lupa pelo mercado financeiro. Todos esperam, a esta altura do campeonato, uma transição sem surpresas e totalmente alinhada com um julgamento técnico dos juros.

Esperemos que tudo continue assim.