Elon Musk: editar ou não os posts no Twitter, eis a questão
Na prática, é como se o passado se tornasse imprevisível no Twitter, como as fotos de personagens históricos da história russa sob o comando de Josef Stálin
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2022 às 13h15.
Aluizio Falcão Filho
Todos sabem que Elon Musk se tornou o maior acionista individual do Twitter e, mesmo desfrutando desta condição, não quis fazer parte de seu Conselho de Administração. Isso, porém, não quer dizer que ele esteja proibido de dar informalmente os seus pitacos. Um deles veio logo após o anúncio de sua posição acionária na plataforma que reúne 335 milhões de usuários. Ele perguntou aos seguidores se eles queriam um botão para editar seus posts. Cerca de 4,4 milhões responderam à enquete, dos quais 73,6 % responderam afirmativamente.
Até hoje, a única possibilidade para os usuários era apagar uma mensagem polêmica ou com erros de grafia/informação. Ou seja, quando alguém pisa na bola, tem de pagar o mico de apagar a bobagem que escreveu. A empresa respondeu ao aparente anseio de seu maior acionista dizendo que testará essa opção em seu serviço pago, o Twitter Blue. Mas que essa medida já tinha sido decidida antes e nada tem a ver com a chegada de Elon Musk à companhia.
O Twitter, por conta da impossibilidade de se editar o conteúdo de suas mensagens, criava constantemente embaraços às celebridades que colocavam impulsivamente mensagens na rede e posteriormente se arrependiam. O.K., sempre houve a possibilidade de apagar este post indesejável – mas sempre alguém estará lá para salvar a tela e tornar imortal a pisada de bola.
O próprio Elon Musk se enfiou em algumas situações do gênero, falando demais e criando burburinhos desnecessários. O botão de edição, assim, poderia ajudá-lo em situações constrangedoras que eventualmente surgirão no futuro.
Caso o botão seja de fato implantado, o nível de espontaneidade desta plataforma cairá muito. E vai trazer alguns transtornos. Suponhamos que alguém se identifique com uma postagem politicamente incorreta de algum influenciador e retuite a mensagem. Se o autor se arrepender, vai editar somente a mensagem original? Neste caso, existirão duas versões do mesmo post, a editada e a inicial, retuitada? Vamos imaginar que, ao contrário, uma edição afete toda a cadeia de conteúdo – ou seja, o original muda e os retuítes também sáo modificados. Neste caso, quem retuitou pode não concordar com o novo conteúdo. Isso quer dizer que usuários da plataforma terão de vigiar constantemente seus retuítes.
Na prática, é como se o passado tivesse se tornado imprevisível dentro do Twitter, assim como as fotos de personagens históricos da história russa sob o comando de Josef Stálin. Postagens do passado estão à mercê de autocensura e de cancelamento.
Será esse novo botão é mesmo algo necessário?
Aluizio Falcão Filho
Todos sabem que Elon Musk se tornou o maior acionista individual do Twitter e, mesmo desfrutando desta condição, não quis fazer parte de seu Conselho de Administração. Isso, porém, não quer dizer que ele esteja proibido de dar informalmente os seus pitacos. Um deles veio logo após o anúncio de sua posição acionária na plataforma que reúne 335 milhões de usuários. Ele perguntou aos seguidores se eles queriam um botão para editar seus posts. Cerca de 4,4 milhões responderam à enquete, dos quais 73,6 % responderam afirmativamente.
Até hoje, a única possibilidade para os usuários era apagar uma mensagem polêmica ou com erros de grafia/informação. Ou seja, quando alguém pisa na bola, tem de pagar o mico de apagar a bobagem que escreveu. A empresa respondeu ao aparente anseio de seu maior acionista dizendo que testará essa opção em seu serviço pago, o Twitter Blue. Mas que essa medida já tinha sido decidida antes e nada tem a ver com a chegada de Elon Musk à companhia.
O Twitter, por conta da impossibilidade de se editar o conteúdo de suas mensagens, criava constantemente embaraços às celebridades que colocavam impulsivamente mensagens na rede e posteriormente se arrependiam. O.K., sempre houve a possibilidade de apagar este post indesejável – mas sempre alguém estará lá para salvar a tela e tornar imortal a pisada de bola.
O próprio Elon Musk se enfiou em algumas situações do gênero, falando demais e criando burburinhos desnecessários. O botão de edição, assim, poderia ajudá-lo em situações constrangedoras que eventualmente surgirão no futuro.
Caso o botão seja de fato implantado, o nível de espontaneidade desta plataforma cairá muito. E vai trazer alguns transtornos. Suponhamos que alguém se identifique com uma postagem politicamente incorreta de algum influenciador e retuite a mensagem. Se o autor se arrepender, vai editar somente a mensagem original? Neste caso, existirão duas versões do mesmo post, a editada e a inicial, retuitada? Vamos imaginar que, ao contrário, uma edição afete toda a cadeia de conteúdo – ou seja, o original muda e os retuítes também sáo modificados. Neste caso, quem retuitou pode não concordar com o novo conteúdo. Isso quer dizer que usuários da plataforma terão de vigiar constantemente seus retuítes.
Na prática, é como se o passado tivesse se tornado imprevisível dentro do Twitter, assim como as fotos de personagens históricos da história russa sob o comando de Josef Stálin. Postagens do passado estão à mercê de autocensura e de cancelamento.
Será esse novo botão é mesmo algo necessário?