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E que filhos vamos deixar para o nosso mundo?

Como pai, me preocupo sempre com o futuro de meus filhos. E do papel que esses filhos terão neste futuro

Jovens (Agência/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2021 às 07h35.

Aluizio Falcão Filho

Ricardo Lordes é um dos grandes nomes da publicidade atual. É dele uma frase que grudou há tempos em minha memória, publicada em um anúncio da Natura: “Que mundo vamos deixar para nossos filhos? Que filhos vamos deixar para o mundo?”. Se você procurar por esta frase no Google, a verá apropriada por um filósofo com grande exposição na mídia e alguns empresários e marqueteiros. Mas o verdadeiro autor desta máxima é meu amigo Ricardo, que a escreveu para uma campanha realizada em 1997, destinada ao lançamento da linha Mamãe e Bebê.

Como pai, me preocupo sempre com o futuro de meus filhos. E do papel que esses filhos terão neste futuro. Hoje, os mais velhos gostam de se vangloriar do passado e exaltar as qualidades da vida analógica, que os tornou mais resilientes que os jovens da atualidade digital. Confesso que tenho muitas dúvidas a respeito disso. Quando falam da falta de iniciativa e de resiliência dessa nova geração, sempre lembro das discussões que tenho com minha filha sobre qualquer tema no qual discordamos. Ela é incansável em sua argumentação, não foge do embate intelectual e jamais abandona o campo de batalha. Detalhe: ela tem apenas treze anos.

Como toda adolescente do século 21, é preocupada com o meio ambiente, ligadíssima no papel das mulheres na sociedade e sintonizada com problemas decorrentes das desigualdades sociais. Ela ainda não é muito politizada, mas acredito que em alguns anos vai discutir comigo o jogo de poder em Brasília.

Vejo que o acesso praticamente infinito ao conteúdo existente na Internet também moldou essa juventude de forma diferente. Com treze anos, por exemplo, ela fala melhor inglês do que eu aos 18 (eu tinha mais vocabulário, é verdade; mas era pior em fluência). Além disso, possui um poder de argumentação muito desenvolvido para sua idade e uma vasta cultura geral, embora não tenha exatamente grande profundidade nos temas abrigados em seu cérebro.

A princípio, essas palavras soam como um pai coruja dissertando sobre as inúmeras qualidades de sua filha. Isso até pode ser verdade, mas percebo que ela não está sozinha em sua geração – há inúmeros exemplos de jovens que se encaixam neste perfil diferenciado, ao contrário do que pude observar na minha geração.

Essa garotada, no futuro próximo, terá de lidar com a intolerância dos mais velhos em relação a vários temas – mas tem diante de si a possibilidade de conviver em ambientes empresariais mais sintonizados com sua mentalidade. Neste sentido, as grandes corporações têm políticas bem próximas daquilo que pensa a juventude. Com a interação entre corpo diretivo e funcionários jovens, é possível atingir um novo e mais evoluído estágio de organização empresarial.

O mesmo deve ocorrer nas startups fundadas por empreendedores de última geração que sobreviverem às dores e às necessidades do crescimento. Ainda existem alguns exageros e experiências inusitadas em termos de cultura corporativa nestes empreendimentos, mas, conforme essas empresas forem crescendo, é de se esperar o florescimento de valores e estruturas que podem revolucionar o mercado.

Essa geração é a perfeita tradução dos valores ESG que frutificam por aí. Essas três letrinhas (a versão em inglês para Meio Ambiente, Inclusão Social e Governança) vieram para ficar, apesar do mau humor que enfrentam dos profissionais que ultrapassaram a casa dos 50 anos de idade.

É por isso que deveremos ter empresas com esses valores gravados no DNA corporativo. Hoje, no entanto, temos um cenário de transição: há uma implementação sincera em alguns casos, enquanto em outros vemos puro oportunismo (há empresas que tentam divulgar a preocupação ESG em praticamente todas as iniciativas, forçando uma barra desnecessária).

O fato é que os nossos filhos serão protagonistas desta nova cultura: um ambiente preocupado em oferecer inclusão e limar preconceitos, alinhado com as necessidade de preservação ao meio ambiente e respeitando normas e regras de transparência.

Diferente do que enfrentamos no início de nossas carreiras? Sem dúvida. Melhor e mais produtivo? Provavelmente. As novas gerações sempre assumem papéis de relevância sob enorme ceticismo vindo dos mais velhos – e sempre conseguem se superar. Isso aconteceu com nossos pais e conosco. Por que não vai ocorrer também com nossos filhos?

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Anúncios criados pelo publicitário Ricardo Lordes, em abril de 1997, para a Natura (Aluizio Falcão Filho)

Anúncios criados pelo publicitário Ricardo Lordes, em abril de 1997, para a Natura (Aluizio Falcão Filho)

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Aluizio Falcão Filho

Ricardo Lordes é um dos grandes nomes da publicidade atual. É dele uma frase que grudou há tempos em minha memória, publicada em um anúncio da Natura: “Que mundo vamos deixar para nossos filhos? Que filhos vamos deixar para o mundo?”. Se você procurar por esta frase no Google, a verá apropriada por um filósofo com grande exposição na mídia e alguns empresários e marqueteiros. Mas o verdadeiro autor desta máxima é meu amigo Ricardo, que a escreveu para uma campanha realizada em 1997, destinada ao lançamento da linha Mamãe e Bebê.

Como pai, me preocupo sempre com o futuro de meus filhos. E do papel que esses filhos terão neste futuro. Hoje, os mais velhos gostam de se vangloriar do passado e exaltar as qualidades da vida analógica, que os tornou mais resilientes que os jovens da atualidade digital. Confesso que tenho muitas dúvidas a respeito disso. Quando falam da falta de iniciativa e de resiliência dessa nova geração, sempre lembro das discussões que tenho com minha filha sobre qualquer tema no qual discordamos. Ela é incansável em sua argumentação, não foge do embate intelectual e jamais abandona o campo de batalha. Detalhe: ela tem apenas treze anos.

Como toda adolescente do século 21, é preocupada com o meio ambiente, ligadíssima no papel das mulheres na sociedade e sintonizada com problemas decorrentes das desigualdades sociais. Ela ainda não é muito politizada, mas acredito que em alguns anos vai discutir comigo o jogo de poder em Brasília.

Vejo que o acesso praticamente infinito ao conteúdo existente na Internet também moldou essa juventude de forma diferente. Com treze anos, por exemplo, ela fala melhor inglês do que eu aos 18 (eu tinha mais vocabulário, é verdade; mas era pior em fluência). Além disso, possui um poder de argumentação muito desenvolvido para sua idade e uma vasta cultura geral, embora não tenha exatamente grande profundidade nos temas abrigados em seu cérebro.

A princípio, essas palavras soam como um pai coruja dissertando sobre as inúmeras qualidades de sua filha. Isso até pode ser verdade, mas percebo que ela não está sozinha em sua geração – há inúmeros exemplos de jovens que se encaixam neste perfil diferenciado, ao contrário do que pude observar na minha geração.

Essa garotada, no futuro próximo, terá de lidar com a intolerância dos mais velhos em relação a vários temas – mas tem diante de si a possibilidade de conviver em ambientes empresariais mais sintonizados com sua mentalidade. Neste sentido, as grandes corporações têm políticas bem próximas daquilo que pensa a juventude. Com a interação entre corpo diretivo e funcionários jovens, é possível atingir um novo e mais evoluído estágio de organização empresarial.

O mesmo deve ocorrer nas startups fundadas por empreendedores de última geração que sobreviverem às dores e às necessidades do crescimento. Ainda existem alguns exageros e experiências inusitadas em termos de cultura corporativa nestes empreendimentos, mas, conforme essas empresas forem crescendo, é de se esperar o florescimento de valores e estruturas que podem revolucionar o mercado.

Essa geração é a perfeita tradução dos valores ESG que frutificam por aí. Essas três letrinhas (a versão em inglês para Meio Ambiente, Inclusão Social e Governança) vieram para ficar, apesar do mau humor que enfrentam dos profissionais que ultrapassaram a casa dos 50 anos de idade.

É por isso que deveremos ter empresas com esses valores gravados no DNA corporativo. Hoje, no entanto, temos um cenário de transição: há uma implementação sincera em alguns casos, enquanto em outros vemos puro oportunismo (há empresas que tentam divulgar a preocupação ESG em praticamente todas as iniciativas, forçando uma barra desnecessária).

O fato é que os nossos filhos serão protagonistas desta nova cultura: um ambiente preocupado em oferecer inclusão e limar preconceitos, alinhado com as necessidade de preservação ao meio ambiente e respeitando normas e regras de transparência.

Diferente do que enfrentamos no início de nossas carreiras? Sem dúvida. Melhor e mais produtivo? Provavelmente. As novas gerações sempre assumem papéis de relevância sob enorme ceticismo vindo dos mais velhos – e sempre conseguem se superar. Isso aconteceu com nossos pais e conosco. Por que não vai ocorrer também com nossos filhos?

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