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Dia 18 de maio: o deadline da Terceira Via

O cenário político é sempre fluido e está em constante mutação – especialmente no Brasil

João Doria e Sergio Moro (Rovena Rosa/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2022 às 14h26.

Aluizio Falcão Filho

Dez entre dez analistas políticos já não enxergam viabilidade em uma candidatura de Terceira Via para 2022. Mesmo assim, nota-se um esforço sobre-humano em várias agremiações para tirar da cartola um nome que rivalize com Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Os presidentes de quatro partidos (PSDB, União Brasil, MDB e Cidadania) estabeleceram como deadline o dia 18 de maio para que as siglas escolham um nome único para disputar o Palácio do Planalto.

Dessas quatro agremiações, duas têm candidatos escolhidos – o ex-governador João Doria e a senadora Simone Tebet. Nenhum dos dois, no entanto, têm mostrado força nas pesquisas eleitorais. Correndo por fora, há duas alternativas: o também ex-governador Eduardo Leite e o ex-ministro Sergio Moro. Leite foi derrotado na convenção do PSDB e não entusiasmou os eleitores nas enquetes feitas até há pouco – mas é um nome que tem a simpatia dos caciques tucanos, que sempre tiveram reservas em relação ao nome do ex-governador paulista. Já Moro também teve dificuldades nas enquetes eleitorais e não é exatamente uma unanimidade na União Brasil.

Qualquer tentativa fora dessas quatro opções será uma aposta arriscada – embora as chances dos quatro nomes que já disputam a indicação sejam diminutas.

O que pode ocorrer? Um cenário muito provável é ter Tebet e Leite encabeçando a chapa única, em qualquer ordem. Mas isso pode desencadear uma briga jurídica que ultrapassaria os limites do mês de outubro, quando são realizados os dois turnos eleitorais.

Na equipe de João Doria, já existem juristas prontos a questionar qualquer movimento do PSDB em demovê-lo da candidatura. Seria uma disputa curiosa. Afinal, Doria tem em mãos uma carta do presidente tucano que o oficializa como candidato do partido.

O cenário político, no entanto, é sempre fluido e está em constante mutação – especialmente no Brasil. Portanto, a Executiva do PSDB pode argumentar que o panorama mudou e que, por isso, teve de se aliar a mais dois partidos, anulando as prévias realizadas em novembro de 2021.

Os líderes do PSDB têm receio de atrelar seus candidatos a deputado a um nome que é alvo de uma rejeição palpável. Na última eleição, Geraldo Alckmin amargou uma votação pífia, mas não transferiu qualquer tipo de rejeição para os candidatos regionais. Esse, no entanto, é o medo que o PSDB enfrenta hoje – o de que uma eventual reprovação a Doria contamine os postulantes ao Parlamento.

Como se sabe, desde a instituição do Fundo Eleitoral, eleger deputados federais é importantíssimo para as agremiações – pois este número é crucial no cálculo sobre os valores que cada partido irá receber do fundo. Ou seja, o rabo está balançando o cachorro nesta eleição e estará nas próximas. Portanto, eleger um presidente não é a coisa mais importante na atual política partidária – e sim escolher alguém que possa ser neutro o suficiente para viabilizar candidatos para o Congresso. Se, no meio deste processo, surgir um presidenciável que entusiasme o eleitorado, ótimo. Se não, paciência.

Diante disso, a rejeição que Doria teoricamente provoca pode ser um problema. Mas conseguirá o partido conseguir convencer o ex-governador de que ele não é melhor nome para disputar uma reeleição pelos tucanos?

O partido pode até impor sua vontade a Doria – mas será ingenuidade achar que ele vai entregar de bandeja sua chance de entrar na disputa presidencial. Corre por aí que o candidato já incorporou à equipe um ex-ministro do TSE para contestar qualquer movimento suspeito de seus inimigos. Quem vencerá essa pendenga tucana? Como o resultado final do segundo turno, esse também é um mistério quase que indecifrável.

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Aluizio Falcão Filho

Dez entre dez analistas políticos já não enxergam viabilidade em uma candidatura de Terceira Via para 2022. Mesmo assim, nota-se um esforço sobre-humano em várias agremiações para tirar da cartola um nome que rivalize com Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Os presidentes de quatro partidos (PSDB, União Brasil, MDB e Cidadania) estabeleceram como deadline o dia 18 de maio para que as siglas escolham um nome único para disputar o Palácio do Planalto.

Dessas quatro agremiações, duas têm candidatos escolhidos – o ex-governador João Doria e a senadora Simone Tebet. Nenhum dos dois, no entanto, têm mostrado força nas pesquisas eleitorais. Correndo por fora, há duas alternativas: o também ex-governador Eduardo Leite e o ex-ministro Sergio Moro. Leite foi derrotado na convenção do PSDB e não entusiasmou os eleitores nas enquetes feitas até há pouco – mas é um nome que tem a simpatia dos caciques tucanos, que sempre tiveram reservas em relação ao nome do ex-governador paulista. Já Moro também teve dificuldades nas enquetes eleitorais e não é exatamente uma unanimidade na União Brasil.

Qualquer tentativa fora dessas quatro opções será uma aposta arriscada – embora as chances dos quatro nomes que já disputam a indicação sejam diminutas.

O que pode ocorrer? Um cenário muito provável é ter Tebet e Leite encabeçando a chapa única, em qualquer ordem. Mas isso pode desencadear uma briga jurídica que ultrapassaria os limites do mês de outubro, quando são realizados os dois turnos eleitorais.

Na equipe de João Doria, já existem juristas prontos a questionar qualquer movimento do PSDB em demovê-lo da candidatura. Seria uma disputa curiosa. Afinal, Doria tem em mãos uma carta do presidente tucano que o oficializa como candidato do partido.

O cenário político, no entanto, é sempre fluido e está em constante mutação – especialmente no Brasil. Portanto, a Executiva do PSDB pode argumentar que o panorama mudou e que, por isso, teve de se aliar a mais dois partidos, anulando as prévias realizadas em novembro de 2021.

Os líderes do PSDB têm receio de atrelar seus candidatos a deputado a um nome que é alvo de uma rejeição palpável. Na última eleição, Geraldo Alckmin amargou uma votação pífia, mas não transferiu qualquer tipo de rejeição para os candidatos regionais. Esse, no entanto, é o medo que o PSDB enfrenta hoje – o de que uma eventual reprovação a Doria contamine os postulantes ao Parlamento.

Como se sabe, desde a instituição do Fundo Eleitoral, eleger deputados federais é importantíssimo para as agremiações – pois este número é crucial no cálculo sobre os valores que cada partido irá receber do fundo. Ou seja, o rabo está balançando o cachorro nesta eleição e estará nas próximas. Portanto, eleger um presidente não é a coisa mais importante na atual política partidária – e sim escolher alguém que possa ser neutro o suficiente para viabilizar candidatos para o Congresso. Se, no meio deste processo, surgir um presidenciável que entusiasme o eleitorado, ótimo. Se não, paciência.

Diante disso, a rejeição que Doria teoricamente provoca pode ser um problema. Mas conseguirá o partido conseguir convencer o ex-governador de que ele não é melhor nome para disputar uma reeleição pelos tucanos?

O partido pode até impor sua vontade a Doria – mas será ingenuidade achar que ele vai entregar de bandeja sua chance de entrar na disputa presidencial. Corre por aí que o candidato já incorporou à equipe um ex-ministro do TSE para contestar qualquer movimento suspeito de seus inimigos. Quem vencerá essa pendenga tucana? Como o resultado final do segundo turno, esse também é um mistério quase que indecifrável.

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