A infame dança das cadeiras é uma tradição no MEC
No governo Bolsonaro, teremos em breve um quarto nome, após o pedido de demissão de Milton Ribeiro, encalacrado em um escândalo com dois pastores lobistas
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2022 às 13h56.
Aluizio Falcão Filho
Vamos à exceção: nos oito anos em que Fernando Henrique Cardoso foi presidente, houve apenas um titular no Ministério da Educação e Cultura (MEC): Paulo Renato Souza. Nos demais governos, a regra nesta pasta foi um entra-e-sai sem fim. Na gestão José Sarney, tivemos cinco ministros. Nos dois anos de Fernando Collor, três titulares. Sob a batuta e Luiz Inácio Lula da Silva, houve três ministros da Educação. Dilma Rousseff nomeou sete. Michel Temer? Dois. Itamar Franco teve apenas um ministro, mas seu mandato foi apenas de dois anos.
Na administração de Jair Bolsonaro, teremos em breve um quarto nome, após o pedido de demissão de Milton Ribeiro (imagem), encalacrado em um escândalo com dois pastores lobistas. Se contabilizarmos o economista Carlos Alberto Decotelli, que foi nomeado e não assumiu (turbinou seu currículo com cursos e títulos fictícios), teremos um quinto ministro nomeado em 39 meses de governo.
Educação é um dos fatores de aceleração no crescimento de uma nação. Quando observamos um país que cresceu rapidamente, como Taiwan ou Singapura, vemos que o investimento educacional é sempre uma das razões da expansão da economia e da melhoria na qualidade de vida da população.
Essa ficha, infelizmente, ainda não caiu por aqui. A pasta da Educação é uma das que reúne mais recursos federais, mas vive em regime de stop-and-go. Quando um ministro começa a implementar seu programa, já está na hora de sair. Desde que o país deixou de ser governado por militares, tivemos 26 ministros da educação – isso significa, grosso modo, que tivemos um titular dessa pasta a cada um ano e meio.
No governo Bolsonaro, os dois ministros iniciais sofreram críticas dos educadores mais renomados do país desde o primeiro dia de suas gestões. Já Milton Ribeiro foi recebido com frieza, mas não se esperava que ele se envolvesse em um escândalo como o revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.
Entre o rol dos educadores, ninguém espera um grande nome para ocupar o MEC em substituição a Ribeiro. E, mesmo que fosse, o substituto terá nove meses de mandato (mesmo que Bolsonaro seja reeleito, nada garante que o novo ministro fique na próxima gestão).
Enquanto encararmos a educação como um joguete político, nosso país não irá a lugar nenhum. Não sofremos por falta de verba, já que o orçamento desse Ministério é um dos maiores da Esplanada. O que nos falta é gente séria no comando da pasta e presidentes com disposição de escolher um educador com formação irretocável para ocupá-la.
Aluizio Falcão Filho
Vamos à exceção: nos oito anos em que Fernando Henrique Cardoso foi presidente, houve apenas um titular no Ministério da Educação e Cultura (MEC): Paulo Renato Souza. Nos demais governos, a regra nesta pasta foi um entra-e-sai sem fim. Na gestão José Sarney, tivemos cinco ministros. Nos dois anos de Fernando Collor, três titulares. Sob a batuta e Luiz Inácio Lula da Silva, houve três ministros da Educação. Dilma Rousseff nomeou sete. Michel Temer? Dois. Itamar Franco teve apenas um ministro, mas seu mandato foi apenas de dois anos.
Na administração de Jair Bolsonaro, teremos em breve um quarto nome, após o pedido de demissão de Milton Ribeiro (imagem), encalacrado em um escândalo com dois pastores lobistas. Se contabilizarmos o economista Carlos Alberto Decotelli, que foi nomeado e não assumiu (turbinou seu currículo com cursos e títulos fictícios), teremos um quinto ministro nomeado em 39 meses de governo.
Educação é um dos fatores de aceleração no crescimento de uma nação. Quando observamos um país que cresceu rapidamente, como Taiwan ou Singapura, vemos que o investimento educacional é sempre uma das razões da expansão da economia e da melhoria na qualidade de vida da população.
Essa ficha, infelizmente, ainda não caiu por aqui. A pasta da Educação é uma das que reúne mais recursos federais, mas vive em regime de stop-and-go. Quando um ministro começa a implementar seu programa, já está na hora de sair. Desde que o país deixou de ser governado por militares, tivemos 26 ministros da educação – isso significa, grosso modo, que tivemos um titular dessa pasta a cada um ano e meio.
No governo Bolsonaro, os dois ministros iniciais sofreram críticas dos educadores mais renomados do país desde o primeiro dia de suas gestões. Já Milton Ribeiro foi recebido com frieza, mas não se esperava que ele se envolvesse em um escândalo como o revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.
Entre o rol dos educadores, ninguém espera um grande nome para ocupar o MEC em substituição a Ribeiro. E, mesmo que fosse, o substituto terá nove meses de mandato (mesmo que Bolsonaro seja reeleito, nada garante que o novo ministro fique na próxima gestão).
Enquanto encararmos a educação como um joguete político, nosso país não irá a lugar nenhum. Não sofremos por falta de verba, já que o orçamento desse Ministério é um dos maiores da Esplanada. O que nos falta é gente séria no comando da pasta e presidentes com disposição de escolher um educador com formação irretocável para ocupá-la.