A evolução das práticas ESG
Empresas que adotaram metodologia de inclusão social dificilmente voltarão atrás, e o mesmo vale para mecanismos de proteção ao meio ambiente e compliance
Publicado em 25 de agosto de 2022 às, 09h25.
Aluizio Falcão Filho
Ontem, MONEY REPORT realizou sua segunda edição do evento ESG Day, contando com palestrantes e debatedores de empresas como Adobe, Accenture, Ambev, Ambipar, Idea Maker, KPMG, Ochman, Randon, Salesforce, Simpress e Schneider Electric. Discutimos, em quatro painéis, temas relacionados à implementação de práticas ambientais, de inclusão e de governança nas empresas.
Podemos resumir o evento em quatro pontos essenciais, capturados nos depoimentos de executivos e empresários:
+ REGENERAÇÃO DE CULTURA: antigos costumes dificilmente vão embora por conta própria. É por isso que uma cultura que privilegie o meio ambiente, a inclusão social e a governança geralmente é iniciada quando a cúpula (diretoria executiva, controladores ou conselho) institui que a empresa deve seguir preceitos ESG. Sem o comprometimento da chefia, é impossível transformar a cultura interna das companhias.
+ TOLERÂNCIA ZERO: uma vez estabelecidas as bases dessa nova cultura, os colaboradores precisam entender que os preceitos implementados são para valer. A única forma de passar a mensagem é estabelecer regras bem claras sobre punições aos recalcitrantes. Nas empresas que mostraram seus cases no evento de ontem, há três estágios para se comunicar com quem não segue as novas diretrizes: um aviso inicial, uma advertência séria e o desligamento.
+ AS PESSOAS SÃO A CHAVE DA MUDANÇA: na Randon, os colaboradores são chamados de protagonistas. E, pensando bem, são eles que escrevem a história de uma empresa. São eles também que vão, de fato, implantar os novos preceitos corporativos. Uma nova cultura só é estabelecida quando a maioria dos funcionários passa a adotá-la integralmente. Sem essa adesão, nenhuma mudança significativa pode ser sequer cogitada.
+ A TECNOLOGIA TAMBÉM PODE DISSEMINAR PRECONCEITOS: hoje, vivemos a era dos algoritmos. São essas fórmulas matemáticas que determinam como vamos receber inputs das redes sociais, dos sites de e-commerce ou dos portais de notícias. Só que essa programação é feita por um ser humano. E se esse programador passar preconceitos ou visões de mundo através de suas fórmulas? Os usuários de diversos sistemas podem sofrer as consequências de uma visão distorcida da realidade.
Em relação ao ESG Day do ano passado, tivemos um avanço substancial em termos de conteúdo e de cases. É como se, em 2021, estivéssemos falando sobre planos que as empresas cogitavam sobre ações ligadas ao universo ESG. Ontem, no entanto, tivemos a exposição de experiências – profissionais que já têm histórias concretas para contar sobre novas ações em meio ambiente, inclusão e governança.
Isso reforça a tese de que as práticas ESG vieram para ficar. As empresas que adotaram uma metodologia de inclusão social dificilmente voltarão atrás, o mesmo valendo para mecanismos de proteção ao meio ambiente e de compliance. Este é o novo mundo: mais transparente, mais equilibrado e mais sintonizado com a natureza. Quem não gostar, que atire a primeira pedra – e compre seu ticket para o ostracismo e para o anonimato corporativo.