A escolha de Tarcísio
Apesar de Bolsonaro, desde o início da semana o governador se dedicou a acompanhar Nunes no corpo a corpo em busca de votos
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Publicado em 5 de setembro de 2024 às 13h04.
O boato que corre solto por aí é o de que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria recomendado ao governador Tarcísio de Freitas que se afastasse do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição. Caso insistisse neste apoio, o governador estaria assinando um “atestado de óbito” na política, uma vez que as chances de derrota do prefeito seriam expressivas.
Tarcísio, porém, resolveu ignorar o conselho – se é que a sugestão foi mesmo feita – e dobrar a aposta. Desde o início da semana, o governador se dedicou a acompanhar Nunes no corpo a corpo em busca de votos.
Há três grandes padrinhos políticos nesta eleição paulistana. Além de Tarcísio e de Bolsonaro, há também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula apoia Boulos, enquanto o ex-presidente oficialmente está ao lado de Nunes – mas, desde que viu seus seguidores mais fiéis migrarem para o eleitorado de Pablo Marçal, Bolsonaro colocou o apoio ao prefeito em “stand by”.
“Marçal é a porta de entrada para [Guilherme] Boulos [candidato do PSOL e aliado ao PT]”, disse ontem o governador. O argumento de Tarcísio tem como base a pesquisa do instituto Real Time Big Data, que fez uma simulação de segundo turno. Segundo o estudo, Nunes derrotaria Boulos por 45% a 35%, enquanto Marçal perderia de 37% a 40%.
Ao reafirmar seu apoio a Nunes e mergulhar ainda mais na campanha do prefeito, Tarcísio deve mexer com o eleitorado, com consequências que podem interferir em sua vida política em 2026.
Tarcísio demonstra coragem ao discordar de seu mentor político, que recuou depois das críticas feitas a Marçal há algumas semanas (a família Bolsonaro sofreu inúmeras saraivadas digitais de apoiadores do candidato do PRTB). O governador certamente sofrerá ataques nas redes sociais, mas resolveu enfrentar a parada assim mesmo.
Ao se afastar do bolsonarismo raiz, Tarcísio poderá ter problemas em 2026, seja na reeleição ao Palácio dos Bandeirantes ou em uma eventual candidatura presidencial. Afinal, em um cenário polarizado, ele depende do voto dos bolsonaristas para se eleger. Muitos analistas, no entanto, afirmam que Tarcísio receberia o voto útil da direita caso enfrente algum candidato da esquerda em segundo turno.
Mas Marçal pode ser um oponente em 2026, mesmo que seja eleito prefeito. Ele já afirmou que deseja ser governador de São Paulo ou presidente da República. São exatamente os cargos que podem ser disputados por Tarcísio daqui a dois anos. Resta saber se o governador será atacado daqui para frente por ter adotado uma posição mais comedida – até centrista – ao insistir no apoio a Nunes.
As próximas pesquisas serão cruciais para sabermos se Tarcísio acertou ao manter a sua palavra. Se Marçal crescer e Nunes desidratar, o governador terá a sua liderança política questionada. Se, ao contrário, Nunes for ao segundo turno, ele se consagrará como o grande padrinho político do estado e pavimentará sua reeleição ou candidatura ao Planalto.
Trata-se de uma aposta arriscada. Mas todo grande sucesso tem como ponto de partida uma decisão de alto risco. Vamos ver se é o caso do governador Tarcísio de Freitas.
O boato que corre solto por aí é o de que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria recomendado ao governador Tarcísio de Freitas que se afastasse do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição. Caso insistisse neste apoio, o governador estaria assinando um “atestado de óbito” na política, uma vez que as chances de derrota do prefeito seriam expressivas.
Tarcísio, porém, resolveu ignorar o conselho – se é que a sugestão foi mesmo feita – e dobrar a aposta. Desde o início da semana, o governador se dedicou a acompanhar Nunes no corpo a corpo em busca de votos.
Há três grandes padrinhos políticos nesta eleição paulistana. Além de Tarcísio e de Bolsonaro, há também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula apoia Boulos, enquanto o ex-presidente oficialmente está ao lado de Nunes – mas, desde que viu seus seguidores mais fiéis migrarem para o eleitorado de Pablo Marçal, Bolsonaro colocou o apoio ao prefeito em “stand by”.
“Marçal é a porta de entrada para [Guilherme] Boulos [candidato do PSOL e aliado ao PT]”, disse ontem o governador. O argumento de Tarcísio tem como base a pesquisa do instituto Real Time Big Data, que fez uma simulação de segundo turno. Segundo o estudo, Nunes derrotaria Boulos por 45% a 35%, enquanto Marçal perderia de 37% a 40%.
Ao reafirmar seu apoio a Nunes e mergulhar ainda mais na campanha do prefeito, Tarcísio deve mexer com o eleitorado, com consequências que podem interferir em sua vida política em 2026.
Tarcísio demonstra coragem ao discordar de seu mentor político, que recuou depois das críticas feitas a Marçal há algumas semanas (a família Bolsonaro sofreu inúmeras saraivadas digitais de apoiadores do candidato do PRTB). O governador certamente sofrerá ataques nas redes sociais, mas resolveu enfrentar a parada assim mesmo.
Ao se afastar do bolsonarismo raiz, Tarcísio poderá ter problemas em 2026, seja na reeleição ao Palácio dos Bandeirantes ou em uma eventual candidatura presidencial. Afinal, em um cenário polarizado, ele depende do voto dos bolsonaristas para se eleger. Muitos analistas, no entanto, afirmam que Tarcísio receberia o voto útil da direita caso enfrente algum candidato da esquerda em segundo turno.
Mas Marçal pode ser um oponente em 2026, mesmo que seja eleito prefeito. Ele já afirmou que deseja ser governador de São Paulo ou presidente da República. São exatamente os cargos que podem ser disputados por Tarcísio daqui a dois anos. Resta saber se o governador será atacado daqui para frente por ter adotado uma posição mais comedida – até centrista – ao insistir no apoio a Nunes.
As próximas pesquisas serão cruciais para sabermos se Tarcísio acertou ao manter a sua palavra. Se Marçal crescer e Nunes desidratar, o governador terá a sua liderança política questionada. Se, ao contrário, Nunes for ao segundo turno, ele se consagrará como o grande padrinho político do estado e pavimentará sua reeleição ou candidatura ao Planalto.
Trata-se de uma aposta arriscada. Mas todo grande sucesso tem como ponto de partida uma decisão de alto risco. Vamos ver se é o caso do governador Tarcísio de Freitas.