Colunistas

O Real de 1994 e o de 2025: O que aconteceu com nosso dinheiro?

O real já foi muito mais forte, mas a inflação fez com que ele perdesse grande parte de seu valor ao longo dos anos

 (Divulgação)

(Divulgação)

Instituto Millenium
Instituto Millenium

Instituto Millenium

Publicado em 19 de março de 2025 às 20h08.

Última atualização em 19 de março de 2025 às 20h10.

Por Lorenna Bispo*

Você já parou para pensar em quanto o dinheiro perdeu valor ao longo dos anos? Em julho de 1994, quando o Plano Real foi lançado, uma nota de R$ 100 comprava exatamente R$ 100 em produtos e serviços. Mas o tempo passou, os preços subiram e o poder de compra do real despencou.

Atualmente em 2025, essa mesma nota de R$ 100 equivale a apenas R$ 12,05 em termos de poder de compra. Ou seja, o que antes enchia um carrinho de supermercado, hoje mal dá para algumas compras básicas. Para entender melhor essa perda de valor, vamos comparar o que se comprava com R$ 100 em 1994 e o que dá para comprar em 2025:

Em 1994, com R$ 100, você podia comprar:

✔️ Cerca de 5 cestas básicas completas.

✔️ 100 litros de gasolina (o litro custava aproximadamente R$ 1,00).

✔️ 3 almoços em um restaurante sofisticado ou mais de 15 refeições simples.

✔️ Um mês de conta de luz e telefone fixo e ainda sobrava troco.

Em 2025, com R$ 100, você consegue comprar:

✔️Menos de 20% de uma cesta básica, considerando o preço médio das capitais brasileiras, em torno de R$ 607,20

✔️ Cerca de 15,7 litros de gasolina (comum), com o preço médio no Brasil de R$ 6,37 o litro, ou 15,8 litros de gasolina aditivada (R$ 6,34 o litro).

✔️ No máximo cinco marmitas simples, a depender do lugar.

✔️ Metade da conta de luz ou um plano de internet, dependendo dos benefícios e valores do serviço.

Dá para ver que a perda de poder de compra foi enorme!

O grande responsável por essa perda de valor do dinheiro é a inflação. Em 2024, o índice oficial fechou em 4,83%, ficando acima da meta do governo. Em janeiro de 2025, a inflação foi de 0,16%, e, embora seja uma variação pequena, ela continua corroendo o poder de compra do dinheiro mês a mês. No fim das contas, a nota de R$ 100 que valia R$ 12,07 em dezembro de 2024, agora vale R$ 12,05. Pode parecer pouca diferença em um mês, mas ao longo dos anos, a queda foi gigantesca.

E, olha só, no verso da cédula de R$ 100, tem até uma garoupa de alto valor, mas com o poder de compra tão baixo hoje em dia, parece que o próximo peixe a aparecer na nota vai ser um bagre, pequenininho, sem tanto brilho, mas ainda tentando sobreviver nesse mar turbulento da economia!

A Evolução do Salário Mínimo e o Custo de Vida

De 1994 a 2025, o salário mínimo passou de R$ 64,79 para R$ 1.518. Com o salário mínimo de 2025, é possível comprar mais do que o de 1994, pois hoje há acesso a serviços que eram impensáveis naquela época. Além disso, alguns itens, como celulares, serviços de dados móveis e, mais recentemente, apostas, conforme divulgado pelo Banco Central, passaram a fazer parte dos gastos das famílias, refletindo mudanças nos padrões de consumo.

O aumento dos gastos públicos também contribuiu para a inflação. Ao financiar despesas com a emissão de mais dinheiro, o governo elevou a quantidade de moeda em circulação, desvalorizando-a e pressionando os preços a subirem mais rápido do que os salários. Em paralelo, o aumento da carga tributária sobre bens e serviços encareceu ainda mais o custo de vida, afetando diretamente o poder de compra da população.

O Que Fazer para Não Perder Tanto com a Inflação?

Como a inflação sempre existiu e sempre vai existir, é importante saber como se proteger dela. Algumas estratégias são:

✅ Investir em ativos que acompanham a inflação, como Tesouro IPCA+ e outros investimentos que protejam o dinheiro da desvalorização.

✅ Fazer compras de forma estratégica, pesquisando preços e aproveitando promoções.

✅ Buscar formas de aumentar a renda, como trabalhos extras.

O real já foi muito mais forte, mas a inflação fez com que ele perdesse grande parte de seu valor ao longo dos anos. Apesar disso, os salários também aumentaram, e o mundo mudou — hoje, temos acesso a mais tecnologia, conforto e serviços, mas tudo isso tem um custo. A melhor forma de lidar com essa realidade é aprender a usar o dinheiro com inteligência e buscar formas de proteger o que se ganha.

E você, o que fazia com R$ 100 há alguns anos que hoje já não dá mais?

*Lorenna Bispo é economista

Acompanhe tudo sobre:RealPlano Real 30 anos