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Especialista em geopolítica alerta que estamos caminhando para uma 3ª Guerra Mundial

O cientista político e professor Heni Ozi Cukier, mais conhecido como professor HOC, participou da 37ª edição do Fórum da Liberdade

(Vini Dalla Rosa/Fórum da Liberdade)
Instituto Millenium

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Publicado em 7 de abril de 2024 às 20h35.

“Se nós não entendermos para onde o mundo está caminhando, não vamos entender a gravidade e não vamos fazer o que precisa ser feito para defender a liberdade”. Foi com este alerta que o cientista político Heni Ozi Cukier, o professor HOC, terminou sua palestra nesta sexta-feira (5), segundo dia do Fórum da Liberdade. Ele usou a meia hora anterior para embasar sua teoria de que o momento político pelo qual o mundo passa hoje é muito parecido com o período pré- 2ª Guerra. “A guerra não começa de repente, ela começa com conflitos isolados em várias partes do mundo”, disse.

Na época, Alemanha, Itália e Japão travavam suas batalhas isoladamente, e em um determinado momento, convergiram para formar o Eixo. Os países tinham em comum a sanha expansionista com base na conquista militar e na derrubada da ordem internacional vigente. HOC traçou um paralelo com o que ocorre hoje em três frentes: Rússia contra Ucrânia, guerra no Oriente Médio, protagonizada pelo Irã, e ameaça iminente da China avançar sobre Taiwan. “Se esse terceiro elemento acontecer, teremos três guerras regionais, envolvendo ditaduras autocráticas que acham que podem conquistar territórios na base da força. Se a China fizer isso, os Estados Unidos vão entrar, e desencadear a 3ª Guerra Mundial”, preconizou.

Desta vez, no entanto, o mundo democrático pode não ter a mesma sorte de antes. Isso porque ele vê quatro obstáculos que são relativa novidade no cenário mundial:

  1. Os países democráticos estão polarizados, o que acaba tornando assunto de direita e esquerda o que deveria ser apenas estratégia geopolítica, e enfraquece possíveis ofensivas em defesa dos valores ocidentais;
  2. A visão isolacionista, de que os Estados Unidos não deveriam se meter nos problemas do mundo. “Isso não existe. O mundo está conectado, você depende do que acontece do lado de fora. Enquanto você se isola, o seu rival está conquistando o resto do planeta inteiro. E aí ele vai te cercar e você não vai mais ter forças para se defender”, criticou.
  3. A mudança de estratégia bélica dos Estados Unidos, que antes se preparava para conseguir lutar duas guerras ao mesmo tempo, e vencer as duas. “Agora, eles só conseguem se envolver em uma de cada vez. Não consegue segurar vários conflitos sem fazer alianças”, explicou.
  4. Por último, HOC citou a batalha de valores, pela qual estamos passando. Um movimento parecido com o que ocorreu antes da 2ª Guerra, quando os ingleses acreditavam que as reivindicações alemãs eram legítimas e justas. “Como hoje tem gente que defende a Rússia, dizendo que ela se sente acuada pela OTAN. Se o ocidente não defender seus valores, seremos derrotados”, crava.

Antes disso, o especialista ainda comentou sobre a antiga crença de que o mundo contemporâneo não entraria em guerra por causa da relação econômica entre países, de cooperação. Segundo ele, não há uma cooperação na esfera internacional, mas uma competição; e empresas de países com capitalismo de Estado (como a China) não têm os mesmos valores que as empresas que atuam no mercado. “Os objetivos deles são políticos, não econômicos”. Além disso, ele acrescentou que as relações entre os países dificilmente são de interdependência, mas sim, de dependência. E exemplificou: “O Brasil não consegue vender tanto minério de ferro para outro país, mas a China consegue comprar de outro lugar. O Brasil depende da China. A relação é de insegurança”.

O Fórum da Liberdade aconteceu no auditório da PUCRS, em Porto Alegre, entre os dias 4 e 5 de abril, e contou com um público de cerca de 6 mil pessoas.

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“Se nós não entendermos para onde o mundo está caminhando, não vamos entender a gravidade e não vamos fazer o que precisa ser feito para defender a liberdade”. Foi com este alerta que o cientista político Heni Ozi Cukier, o professor HOC, terminou sua palestra nesta sexta-feira (5), segundo dia do Fórum da Liberdade. Ele usou a meia hora anterior para embasar sua teoria de que o momento político pelo qual o mundo passa hoje é muito parecido com o período pré- 2ª Guerra. “A guerra não começa de repente, ela começa com conflitos isolados em várias partes do mundo”, disse.

Na época, Alemanha, Itália e Japão travavam suas batalhas isoladamente, e em um determinado momento, convergiram para formar o Eixo. Os países tinham em comum a sanha expansionista com base na conquista militar e na derrubada da ordem internacional vigente. HOC traçou um paralelo com o que ocorre hoje em três frentes: Rússia contra Ucrânia, guerra no Oriente Médio, protagonizada pelo Irã, e ameaça iminente da China avançar sobre Taiwan. “Se esse terceiro elemento acontecer, teremos três guerras regionais, envolvendo ditaduras autocráticas que acham que podem conquistar territórios na base da força. Se a China fizer isso, os Estados Unidos vão entrar, e desencadear a 3ª Guerra Mundial”, preconizou.

Desta vez, no entanto, o mundo democrático pode não ter a mesma sorte de antes. Isso porque ele vê quatro obstáculos que são relativa novidade no cenário mundial:

  1. Os países democráticos estão polarizados, o que acaba tornando assunto de direita e esquerda o que deveria ser apenas estratégia geopolítica, e enfraquece possíveis ofensivas em defesa dos valores ocidentais;
  2. A visão isolacionista, de que os Estados Unidos não deveriam se meter nos problemas do mundo. “Isso não existe. O mundo está conectado, você depende do que acontece do lado de fora. Enquanto você se isola, o seu rival está conquistando o resto do planeta inteiro. E aí ele vai te cercar e você não vai mais ter forças para se defender”, criticou.
  3. A mudança de estratégia bélica dos Estados Unidos, que antes se preparava para conseguir lutar duas guerras ao mesmo tempo, e vencer as duas. “Agora, eles só conseguem se envolver em uma de cada vez. Não consegue segurar vários conflitos sem fazer alianças”, explicou.
  4. Por último, HOC citou a batalha de valores, pela qual estamos passando. Um movimento parecido com o que ocorreu antes da 2ª Guerra, quando os ingleses acreditavam que as reivindicações alemãs eram legítimas e justas. “Como hoje tem gente que defende a Rússia, dizendo que ela se sente acuada pela OTAN. Se o ocidente não defender seus valores, seremos derrotados”, crava.

Antes disso, o especialista ainda comentou sobre a antiga crença de que o mundo contemporâneo não entraria em guerra por causa da relação econômica entre países, de cooperação. Segundo ele, não há uma cooperação na esfera internacional, mas uma competição; e empresas de países com capitalismo de Estado (como a China) não têm os mesmos valores que as empresas que atuam no mercado. “Os objetivos deles são políticos, não econômicos”. Além disso, ele acrescentou que as relações entre os países dificilmente são de interdependência, mas sim, de dependência. E exemplificou: “O Brasil não consegue vender tanto minério de ferro para outro país, mas a China consegue comprar de outro lugar. O Brasil depende da China. A relação é de insegurança”.

O Fórum da Liberdade aconteceu no auditório da PUCRS, em Porto Alegre, entre os dias 4 e 5 de abril, e contou com um público de cerca de 6 mil pessoas.

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