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Eficiência despenca nas empresas que foram estatizadas por Chávez

Notícia veiculada pelo “Valor Econômico” em 18 de outubro aponta as consequências da estatização promovida por Hugo Chávez em 174 empresas venezuelanas. Confira a matéria na íntegra: “A presença do governo na economia venezuelana aumentou nos últimos quatro anos, mas dados recentes apontam que a maioria das empresas estatizadas pelo presidente Hugo Chávez perdeu eficiência depois de ter saído da gestão privada. De acordo com estudo feito pela Conindustria, uma […] Leia mais

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2010 às 10h33.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h00.

Notícia veiculada pelo “Valor Econômico” em 18 de outubro aponta as consequências da estatização promovida por Hugo Chávez em 174 empresas venezuelanas. Confira a matéria na íntegra:

“A presença do governo na economia venezuelana aumentou nos últimos quatro anos, mas dados recentes apontam que a maioria das empresas estatizadas pelo presidente Hugo Chávez perdeu eficiência depois de ter saído da gestão privada.

De acordo com estudo feito pela Conindustria, uma das principais entidades empresariais da Venezuela, o ritmo de desapropriações no país se acelerou e afetou 174 companhias em 2010 – somente até o fim de agosto. A lista é encabeçada por empresas da cadeia de petróleo e gás, que atendem a PDVSA, mas abrange ainda a rede de supermercados da francesa Casino, a distribuidora de cereais Monaca e estabelecimentos comerciais na região central de Caracas, que passa por um processo de recuperação urbana. Em todo o ano de 2009, haviam sido desapropriadas 131 empresas.

Para o presidente da Conindustria, Carlos Larrazábal, a falta de garantias legais deixa as companhias de capital venezuelano mais vulneráveis do que as estrangeiras. “O governo indeniza as empresas que têm uma embaixada para acudi-las e defender seus direitos, enquanto nós não temos quem nos defenda.”

Informações divulgadas recentemente pelo próprio governo e por sindicatos de trabalhadores mostram o baixo desempenho das estatizadas. A Sidor teve sua produção de aço reduzida em 28% desde que deixou de ser controlada, em 2008, pela argentina Techint. A Venalum, fabricante de alumínio, lucrou US$ 60 milhões no último ano de administração privada. A partir de 2005, só registrou prejuízos. A Bauxilum, que já produziu 5,6 milhões de toneladas de bauxita, deverá processar 3 milhões de toneladas neste ano.

No campo, os dados são mais frustrantes, segundo o Centro de Investigações Econômicas de Caracas (Cieca). Dos 350 mil hectares desapropriados pelo governo no ano passado, foram cultivados 9,4 mil hectares – 97,3% dessas terras teriam continuado improdutivas.

Há casos opostos, porém. A fabricante de cimentos que era controlada pela mexicana Cemex, responsável por cerca de metade de todo o insumo vendido na Venezuela, alcançou produção recorde de 240 mil toneladas em julho. Uma das críticas mais fortes é quanto ao atraso ou à omissão de dados sobre a produção da maioria das empresas, após sua estatização.

Contrariamente às impressões, no entanto, a participação do Estado na economia está nos mesmos patamares de quando Chávez deu início à sua “revolução bolivariana”. Tanto em 1999 quanto no primeiro semestre de 2010, segundo estimativas do economista Asdrúbal Oliveros, da consultoria Ecoanalítica, o setor privado representa 57% do PIB da Venezuela. A sensação de que aumentou a presença do governo na economia ocorre porque houve dois ciclos diferentes, argumenta Oliveros.

No primeiro ciclo, de 1999 até 2006, a participação da iniciativa privada subiu de 57% para 65% do PIB. Em seguida, começou a recuar progressivamente para o nível registrado 11 anos atrás. A onda estatizante, que teve início com a desapropriação de terras e a nacionalização dos campos petrolíferos da faixa do Orinoco, ganhou impulso em 2007. Na ocasião, Chávez pagou valores de mercado pela compra das ações da americana Verizon na operadora de telefonia Cantv e da AES na Electricidad de Caracas.

Foi expandindo a estatização para o sistema financeiro, com a aquisição do Banco de Venezuela (ex-Santander), e para toda a produção de alimentos.

Eduardo Samán, ex-ministro do Comércio e hoje editor de economia do “Diario Vea”, explicou ao Valor que a estratégia adotada pelo governo venezuelano prevê quatro tipos diferentes de estatizações. A primeira abrange setores em que há evidências de desabastecimento, principalmente quando são fortes os indícios de acúmulo indevido de estoques, segundo ele.

Isso ocorreu em produtos como arroz, café e açúcar – ele mesmo comandou, por exemplo, a desapropriação da unidade de processamento de arroz da Cargill e de varejistas. A segunda área, conforme explica o ex-ministro, é a de empresas afetadas por greves ou à beira da falência. O caso da processadora de sardinhas La Gaviota, estatizada em maio de 2009, é exemplar, diz Samán. “Os trabalhadores viveram em greves periódicas durante três anos. A empresa não tinha mais lucro e os herdeiros não tinham mais interesse em mantê-la. Os equipamentos tinham 60 anos de uso. Hoje há produção recorde de sardinha.”

A terceira área diz respeito à indústria de base e setores “estratégicos” – o que vai do aço e do alumínio às telecomunicações. Por último, Samán cita a criação de empresas estatais binacionais, como a fabricante de automóveis Venirauto, criada em parceria com o Irã, e a Vtelca, fabricantes de celulares que é fruto de associação com a China.”

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Notícia veiculada pelo “Valor Econômico” em 18 de outubro aponta as consequências da estatização promovida por Hugo Chávez em 174 empresas venezuelanas. Confira a matéria na íntegra:

“A presença do governo na economia venezuelana aumentou nos últimos quatro anos, mas dados recentes apontam que a maioria das empresas estatizadas pelo presidente Hugo Chávez perdeu eficiência depois de ter saído da gestão privada.

De acordo com estudo feito pela Conindustria, uma das principais entidades empresariais da Venezuela, o ritmo de desapropriações no país se acelerou e afetou 174 companhias em 2010 – somente até o fim de agosto. A lista é encabeçada por empresas da cadeia de petróleo e gás, que atendem a PDVSA, mas abrange ainda a rede de supermercados da francesa Casino, a distribuidora de cereais Monaca e estabelecimentos comerciais na região central de Caracas, que passa por um processo de recuperação urbana. Em todo o ano de 2009, haviam sido desapropriadas 131 empresas.

Para o presidente da Conindustria, Carlos Larrazábal, a falta de garantias legais deixa as companhias de capital venezuelano mais vulneráveis do que as estrangeiras. “O governo indeniza as empresas que têm uma embaixada para acudi-las e defender seus direitos, enquanto nós não temos quem nos defenda.”

Informações divulgadas recentemente pelo próprio governo e por sindicatos de trabalhadores mostram o baixo desempenho das estatizadas. A Sidor teve sua produção de aço reduzida em 28% desde que deixou de ser controlada, em 2008, pela argentina Techint. A Venalum, fabricante de alumínio, lucrou US$ 60 milhões no último ano de administração privada. A partir de 2005, só registrou prejuízos. A Bauxilum, que já produziu 5,6 milhões de toneladas de bauxita, deverá processar 3 milhões de toneladas neste ano.

No campo, os dados são mais frustrantes, segundo o Centro de Investigações Econômicas de Caracas (Cieca). Dos 350 mil hectares desapropriados pelo governo no ano passado, foram cultivados 9,4 mil hectares – 97,3% dessas terras teriam continuado improdutivas.

Há casos opostos, porém. A fabricante de cimentos que era controlada pela mexicana Cemex, responsável por cerca de metade de todo o insumo vendido na Venezuela, alcançou produção recorde de 240 mil toneladas em julho. Uma das críticas mais fortes é quanto ao atraso ou à omissão de dados sobre a produção da maioria das empresas, após sua estatização.

Contrariamente às impressões, no entanto, a participação do Estado na economia está nos mesmos patamares de quando Chávez deu início à sua “revolução bolivariana”. Tanto em 1999 quanto no primeiro semestre de 2010, segundo estimativas do economista Asdrúbal Oliveros, da consultoria Ecoanalítica, o setor privado representa 57% do PIB da Venezuela. A sensação de que aumentou a presença do governo na economia ocorre porque houve dois ciclos diferentes, argumenta Oliveros.

No primeiro ciclo, de 1999 até 2006, a participação da iniciativa privada subiu de 57% para 65% do PIB. Em seguida, começou a recuar progressivamente para o nível registrado 11 anos atrás. A onda estatizante, que teve início com a desapropriação de terras e a nacionalização dos campos petrolíferos da faixa do Orinoco, ganhou impulso em 2007. Na ocasião, Chávez pagou valores de mercado pela compra das ações da americana Verizon na operadora de telefonia Cantv e da AES na Electricidad de Caracas.

Foi expandindo a estatização para o sistema financeiro, com a aquisição do Banco de Venezuela (ex-Santander), e para toda a produção de alimentos.

Eduardo Samán, ex-ministro do Comércio e hoje editor de economia do “Diario Vea”, explicou ao Valor que a estratégia adotada pelo governo venezuelano prevê quatro tipos diferentes de estatizações. A primeira abrange setores em que há evidências de desabastecimento, principalmente quando são fortes os indícios de acúmulo indevido de estoques, segundo ele.

Isso ocorreu em produtos como arroz, café e açúcar – ele mesmo comandou, por exemplo, a desapropriação da unidade de processamento de arroz da Cargill e de varejistas. A segunda área, conforme explica o ex-ministro, é a de empresas afetadas por greves ou à beira da falência. O caso da processadora de sardinhas La Gaviota, estatizada em maio de 2009, é exemplar, diz Samán. “Os trabalhadores viveram em greves periódicas durante três anos. A empresa não tinha mais lucro e os herdeiros não tinham mais interesse em mantê-la. Os equipamentos tinham 60 anos de uso. Hoje há produção recorde de sardinha.”

A terceira área diz respeito à indústria de base e setores “estratégicos” – o que vai do aço e do alumínio às telecomunicações. Por último, Samán cita a criação de empresas estatais binacionais, como a fabricante de automóveis Venirauto, criada em parceria com o Irã, e a Vtelca, fabricantes de celulares que é fruto de associação com a China.”

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