Coragem para Escolher foi o tema do 38º Fórum da Liberdade realizado em Porto Alegre, nos dias 3 e 4 de abril. Costumo dizer que um evento deste tipo só faz sentido se você sai dele mais incomodado do que satisfeito e, sem sombra de dúvida, foi o caso. Muitas palestras de excelente qualidade no palco principal ou nos palcos externos, mostrando que os liberais de Porto Alegre buscam sempre se renovar com ideias. Ótima estratégia para seguir se desenvolvendo e manter sua referência como hub (ou pólo) para o encontro anual de pessoas interessantes, seja no campo das ideias ou no da gestão, seja ela pública ou privada. Parabéns, pois, aos organizadores!

Quando saí do aeroporto Salgado Filho em direção ao ponto de espera dos carros de aplicativos, senti algo especial. Percebi que ainda tenho um coração, pois o mesmo fez-se forte em suas batidas ao ver os carros trafegando normalmente. Há um ano atrás, Porto Alegre era uma cidade destruída, alagada. Vimos, graças às redes sociais (a big media levou uns dias para se atualizar por conta de um show no Rio de Janeiro…), cenas dramáticas de pessoas e instituições privadas buscando transportar ajuda para o estado e enfrentando uma nova versão do famigerado Custo Brasil: o Custo Brasil na Solidariedade. À época, chamei a atenção, neste mesmo espaço, para o fato de que, na “parceria público-privada da solidariedade”, o público teve um desempenho bem aquém do que se esperava.

É preciso, pois, coragem para escolher, lembra-nos o Fórum da Liberdade, e coragem não faltou aos cidadãos brasileiros, anônimos ou não, na tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. Indivíduos, independentemente de suas características ou carreira profissional, tiveram a coragem de se envolver em situações humanitárias que exigem muito empenho e coragem. Alguns escolheram se exibir? Sim, e não foram só os políticos, com suas promessas vazias ou imprecisas de ajuda à população. A desonestidade não é monopólio de burocratas e a sinalização de virtudes é uma nefasta prática, porém democrática.

Peço licença ao leitor para recuar um pouco no tempo. Em 1789, no que hoje conhecemos como estado de Minas Gerais, um grupo de pessoas insatisfeito com a cobrança de impostos tentou mudar a situação, sem sucesso e o dia 21 de abril ficou conhecido como o dia de Joaquim José da Silva Xavier, o famoso Tiradentes. Sua pena foi, na minha opinião, a mais cruel: enforcamento seguido de esquartejamento. Serviu de exemplo do que acontece quando alguém se insurge contra governos que se dedicam quase que exclusivamente à pilhagem do fruto do trabalho individual. Tiradentes e outros revoltosos tiveram a coragem de escolher e pagaram por isso, lembrando-nos que escolhas têm consequências que nem sempre são as que esperamos.

Ainda assim, a mensagem do Fórum da Liberdade é clara: indivíduos podem optar por escolher o caminho da servidão ou o da libertação. Cada um de nós, em diversos momentos da vida, é chamado a tomar alguma decisão difícil que pode nos custar muito mais no curto prazo, mas que poderá mudar o futuro de muitos. O que fazer? Não há uma resposta definitiva, mas os caminhos da liberdade sempre nos levam para longe da tirania.