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Como pagar por infraestrutura: uma síntese dos dados de capacidade de financiamento pela União

Promover investimentos privados em infraestrutura pode ser a chave para uma melhoria abrupta de serviços públicos e produtividade

Obra em rodovia de Santa Catarina (Ministério dos Transportes/Divulgação)

Publicado em 12 de julho de 2023 às 06h02.

Ao longo dessa série, nós apresentamos os seguintes dados e informações de destaque:

Estes são os dados históricos. Em nossa visão, são os fatos incontroversos para qualquer discussão sobre investimento em infraestrutura.

Em nossa opinião, uma constatação razoável é que levantar R$ 221 bilhões por ano imporia um grande ônus para a União, forçando a realocação, para infraestrutura, de grandes volumes de recursos que poderiam ter sido gastos em outras áreas de interesse público. Para a indústria de fundos de investimento brasileira, que administra mais de R$ 7 trilhões, já não é um desafio tão grande. Para a indústria de investimentos mundial, com mais de R$ 400 trilhões sob gestão, pode ser um valor trivial.

Há, portanto, uma oportunidade clara. Promover investimentos privados em infraestrutura pode ser a chave para uma melhoria abrupta de serviços públicos e produtividade. Os líderes que adotarem esse caminho tem a chance de deixar sua marca, deixando para trás os limites do orçamento público.

A alternativa é tentar trabalhar dentro dos limites do orçamento público. Uma opção é aumentar substancialmente tributos. Outra é reduzir gastos, com destaque para benefícios previdenciários, a maior despesa da União. Estas duas opções apresentam desafios políticos evidentes.

Outra opção é aumentar ainda mais nossa dívida. O efeito colateral é que, se o setor público tiver que agregar 221 bilhões de reais por ano à sua dívida, isso vai adicionar risco soberano, com caráter macroeconômico. Em consequência, é razoável esperar uma elevação na taxa de juros de longo prazo (e provavelmente também a de curto prazo) da economia brasileira como um todo. Ou seja, vamos fazer com que todos os brasileiros paguem, não apenas com tributos para pagar esse investimento adicional a ser incluído no orçamento, mas também com um custo mais alto de taxa de juros.

Na prática, se o investimento for bancado pelo governo a partir da emissão de dívida, cada pessoa que tomar um crediário para comprar seu fogão estará pagando, na forma de um aumento de taxa de juros, pelo investimento em infraestrutura. É uma forma ruim de socializar um custo que, se deixado ao mercado, não implicaria perdas dessa natureza.

A perspectiva do infra2038 é que devemos incentivar ao máximo o investimento privado. Isso não significa que não haja espaço para investimento público: governos podem e devem investir em projetos socialmente valiosos dentro de suas possibilidades orçamentárias e burocráticas. Há que se reconhecer que essas possibilidades públicas são limitadas, sendo sensato promover os investimentos em maior escala viabilizados por poupadores privados [5].

Em síntese: não se é contra investimentos em infraestrutura pela União ou por outros governos. Pelo contrário: tais investimentos devem ocorrer. O que se aponta é que, em parte substancial dos projetos, capitais privados podem solucionar a demanda de infraestrutura de forma vantajosa ao público. Com isso, recursos públicos podem ser poupados e então realocados para outros projetos mais prioritários para o interesse público.

Nessa linha, um fator prioritário de atenção deve ser a qualidade da regulação que o governo pratica. Com boa regulação, o custo de capital do investimento privado é mais baixo e a atratividade para investidores aumenta. Governos não precisam mais participar nos investimentos e na operação de tais projetos, poupando recursos para outras prioridades públicas. Assim, se o governo regula bem e motiva bons projetos, ele não precisa fazer os investimentos, deixando a tarefa para o setor privado e viabilizando outras políticas públicas com o dinheiro público poupado.

Espera-se que essa série de textos tenha colaborado ao trazer os dados básicos que devem orientar o debate. Qualquer que seja a opinião de uma pessoa sobre investimentos públicos ou privados em infraestrutura, os números fundamentais devem ser claros para todos. Espera-se que os dados de fontes públicas e institucionais trazidos ao longo desta série alcancem esse objetivo.

No início dessa série, comentamos que apoiar infraestrutura é fácil: pouca gente é contra tratamento de esgoto, metrôs ou boas estradas. Bem mais difícil é definir como produzir essa infraestrutura. Espera-se que esta série auxilie a construir pontes e entendimentos necessários para sermos bem-sucedidos nesta tarefa.

Breno Zaban, CFA, é advogado. Doutor em direito (UnB), mestre em administração de negócios (INSEAD) e mestre em administração pública (Harvard)

Frederico Turolla é doutor em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Sócio-Fundador da Pezco Economics e Presidente do PSP Hub, think tank de infraestrutura e urbanismo.

Fabio Ono é economista, diretor de Mercado para Infraestrutura e Investimentos da Macroplan e Coordenador do Grupo Infra 2038. Foi Subsecretário de Planejamento da Infraestrutura Subnacional no Ministério da Economia

O grupo Infra 2038 é um movimento sem fins lucrativos iniciado em 2017, formado por mais de 100 pessoas físicas com grande experiência no setor de infraestrutura. O grupo é movido pela crença que o país precisa avançar fortemente em sua infraestrutura para garantir um aumento de produtividade que, por sua vez, trará ao Brasil uma maior competitividade internacional. Saiba mais aqui


[1] Estimativa infra2038. https://exame.com/colunistas/infra-2038/capacidade-de-investimento-em-infraestrutura-quanto-dinheiro-precisamos-investir-por-ano/

[2] Premissa do infra2038. https://exame.com/colunistas/infra-2038/capacidade-de-investimento-em-infraestrutura-quanto-dinheiro-precisamos-investir-por-ano/

[3] Dado de 2016. Fonte: Reuters.

[4] https://exame.com/colunistas/infra-2038/capacidade-de-investimento-em-infraestrutura-quanto-dinheiro-a-uniao-arrecada/

[5] https://exame.com/economia/investimento-em-infraestrutura-e-o-menor-desde-2000-no-brasil/

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Ao longo dessa série, nós apresentamos os seguintes dados e informações de destaque:

Estes são os dados históricos. Em nossa visão, são os fatos incontroversos para qualquer discussão sobre investimento em infraestrutura.

Em nossa opinião, uma constatação razoável é que levantar R$ 221 bilhões por ano imporia um grande ônus para a União, forçando a realocação, para infraestrutura, de grandes volumes de recursos que poderiam ter sido gastos em outras áreas de interesse público. Para a indústria de fundos de investimento brasileira, que administra mais de R$ 7 trilhões, já não é um desafio tão grande. Para a indústria de investimentos mundial, com mais de R$ 400 trilhões sob gestão, pode ser um valor trivial.

Há, portanto, uma oportunidade clara. Promover investimentos privados em infraestrutura pode ser a chave para uma melhoria abrupta de serviços públicos e produtividade. Os líderes que adotarem esse caminho tem a chance de deixar sua marca, deixando para trás os limites do orçamento público.

A alternativa é tentar trabalhar dentro dos limites do orçamento público. Uma opção é aumentar substancialmente tributos. Outra é reduzir gastos, com destaque para benefícios previdenciários, a maior despesa da União. Estas duas opções apresentam desafios políticos evidentes.

Outra opção é aumentar ainda mais nossa dívida. O efeito colateral é que, se o setor público tiver que agregar 221 bilhões de reais por ano à sua dívida, isso vai adicionar risco soberano, com caráter macroeconômico. Em consequência, é razoável esperar uma elevação na taxa de juros de longo prazo (e provavelmente também a de curto prazo) da economia brasileira como um todo. Ou seja, vamos fazer com que todos os brasileiros paguem, não apenas com tributos para pagar esse investimento adicional a ser incluído no orçamento, mas também com um custo mais alto de taxa de juros.

Na prática, se o investimento for bancado pelo governo a partir da emissão de dívida, cada pessoa que tomar um crediário para comprar seu fogão estará pagando, na forma de um aumento de taxa de juros, pelo investimento em infraestrutura. É uma forma ruim de socializar um custo que, se deixado ao mercado, não implicaria perdas dessa natureza.

A perspectiva do infra2038 é que devemos incentivar ao máximo o investimento privado. Isso não significa que não haja espaço para investimento público: governos podem e devem investir em projetos socialmente valiosos dentro de suas possibilidades orçamentárias e burocráticas. Há que se reconhecer que essas possibilidades públicas são limitadas, sendo sensato promover os investimentos em maior escala viabilizados por poupadores privados [5].

Em síntese: não se é contra investimentos em infraestrutura pela União ou por outros governos. Pelo contrário: tais investimentos devem ocorrer. O que se aponta é que, em parte substancial dos projetos, capitais privados podem solucionar a demanda de infraestrutura de forma vantajosa ao público. Com isso, recursos públicos podem ser poupados e então realocados para outros projetos mais prioritários para o interesse público.

Nessa linha, um fator prioritário de atenção deve ser a qualidade da regulação que o governo pratica. Com boa regulação, o custo de capital do investimento privado é mais baixo e a atratividade para investidores aumenta. Governos não precisam mais participar nos investimentos e na operação de tais projetos, poupando recursos para outras prioridades públicas. Assim, se o governo regula bem e motiva bons projetos, ele não precisa fazer os investimentos, deixando a tarefa para o setor privado e viabilizando outras políticas públicas com o dinheiro público poupado.

Espera-se que essa série de textos tenha colaborado ao trazer os dados básicos que devem orientar o debate. Qualquer que seja a opinião de uma pessoa sobre investimentos públicos ou privados em infraestrutura, os números fundamentais devem ser claros para todos. Espera-se que os dados de fontes públicas e institucionais trazidos ao longo desta série alcancem esse objetivo.

No início dessa série, comentamos que apoiar infraestrutura é fácil: pouca gente é contra tratamento de esgoto, metrôs ou boas estradas. Bem mais difícil é definir como produzir essa infraestrutura. Espera-se que esta série auxilie a construir pontes e entendimentos necessários para sermos bem-sucedidos nesta tarefa.

Breno Zaban, CFA, é advogado. Doutor em direito (UnB), mestre em administração de negócios (INSEAD) e mestre em administração pública (Harvard)

Frederico Turolla é doutor em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Sócio-Fundador da Pezco Economics e Presidente do PSP Hub, think tank de infraestrutura e urbanismo.

Fabio Ono é economista, diretor de Mercado para Infraestrutura e Investimentos da Macroplan e Coordenador do Grupo Infra 2038. Foi Subsecretário de Planejamento da Infraestrutura Subnacional no Ministério da Economia

O grupo Infra 2038 é um movimento sem fins lucrativos iniciado em 2017, formado por mais de 100 pessoas físicas com grande experiência no setor de infraestrutura. O grupo é movido pela crença que o país precisa avançar fortemente em sua infraestrutura para garantir um aumento de produtividade que, por sua vez, trará ao Brasil uma maior competitividade internacional. Saiba mais aqui


[1] Estimativa infra2038. https://exame.com/colunistas/infra-2038/capacidade-de-investimento-em-infraestrutura-quanto-dinheiro-precisamos-investir-por-ano/

[2] Premissa do infra2038. https://exame.com/colunistas/infra-2038/capacidade-de-investimento-em-infraestrutura-quanto-dinheiro-precisamos-investir-por-ano/

[3] Dado de 2016. Fonte: Reuters.

[4] https://exame.com/colunistas/infra-2038/capacidade-de-investimento-em-infraestrutura-quanto-dinheiro-a-uniao-arrecada/

[5] https://exame.com/economia/investimento-em-infraestrutura-e-o-menor-desde-2000-no-brasil/

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