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Embalagens de aço: oportunidades sociais e ambientais

Pesquisas mostram que embalagens de aço têm potencial para fazer parte de produtos que podem operar em ciclo fechado de produção de maneira infinita

(Jamie Grill/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2021 às 10h00.

Por Juarez Castro, Vinícius Picanço e André Duarte

O novo paradigma de produção e consumo baseia-se em modelos inspirados nos conceitos de circularidades dos materiais, em que as matérias-primas pós-consumo são reinseridas nas respectivas cadeias de valor. Pesquisas recentes mostram que as embalagens de aço têm um grande potencial para fazer parte de um grupo de produtos que podem operar em ciclo fechado de produção de maneira infinita. Além disso, a cadeia do aço também se mostra muito versátil, com embalagens pós-consumo podendo se transformar em quaisquer outros produtos de aço. Assim, por exemplo, podem se transformar em uma geladeira, que, por sua vez, pode se tornar uma porta de carro que, posteriormente, voltará a ser uma embalagem.

Por se tratar de um material tão polivalente e com alta liquidez, a demanda supera a oferta para a sucata, de tal forma a se concretizar como um mecanismo importante de renda para um grupo de coletores e cooperativas de triagem. Esses indivíduos e organizações podem compor e ampliar suas rendas familiares, de tal forma a alinhar impacto social e ambiental de forma sinérgica. O papel ativo e articulado de uma rede de coletores e cooperativas evita que as embalagens cheguem aos aterros sanitários ou que sejam descartadas de forma danosa ao meio ambiente, impactando a saúde e o bem-estar das pessoas.

No Brasil, a taxa de reciclagem do aço ainda é de 47,3%, aproximadamente a metade do que é na Europa, o que demonstra um grande potencial a ser explorado para gerar impacto social e ambiental duradouro. Em pesquisa realizada recentemente no programa de pós-graduação do Insper, identificamos as principais barreiras para explorar a circularidade das embalagens de aço. Uma das principais lacunas encontradas atualmente é o conhecimento limitado sobre os impactos e potenciais sociais e ambientais da circularidade do aço por parte do consumidor final e dos(as) principais tomadores(as) de decisão, tanto no poder público quanto no privado.

De uma forma geral, investimentos e iniciativas bem-estruturadas em educação ambiental em diferentes fases da formação formal e informal de crianças, jovens e adultos têm um grande potencial de reverter esse quadro. No limite, a sociedade pode passar a contar com residências e organizações mais conscientes, aumentando a renda de coletores, diminuindo a demanda por aterros sanitários, reduzindo consumo de energia e gerando menor pressão sobre recursos naturais virgens.

Além do trabalho de conscientização e educação do consumidor, a pesquisa aponta para a necessidade dos fabricantes de embalagem e de produtos que usam embalagens de aço se comprometerem com um trabalho mais proativo. São necessários investimentos em campanhas de descarte seletivo, na formalidade e capilaridade do setor de coleta e, como ponto primordial, o desenho de incentivos que valorizem a sucata para aqueles que dela sobrevivem, em particular, as populações mais vulneráveis.

Dessa forma, a economia circular passa necessariamente por um trabalho conjunto. É necessário garantir que formuladores de política pública, sociedade e empresas trilhem juntos essa jornada, cooperando e inovando em conjunto, com foco em alcançar todo potencial de impacto social e ambiental que a circularidade possibilita.

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Por Juarez Castro, Vinícius Picanço e André Duarte

O novo paradigma de produção e consumo baseia-se em modelos inspirados nos conceitos de circularidades dos materiais, em que as matérias-primas pós-consumo são reinseridas nas respectivas cadeias de valor. Pesquisas recentes mostram que as embalagens de aço têm um grande potencial para fazer parte de um grupo de produtos que podem operar em ciclo fechado de produção de maneira infinita. Além disso, a cadeia do aço também se mostra muito versátil, com embalagens pós-consumo podendo se transformar em quaisquer outros produtos de aço. Assim, por exemplo, podem se transformar em uma geladeira, que, por sua vez, pode se tornar uma porta de carro que, posteriormente, voltará a ser uma embalagem.

Por se tratar de um material tão polivalente e com alta liquidez, a demanda supera a oferta para a sucata, de tal forma a se concretizar como um mecanismo importante de renda para um grupo de coletores e cooperativas de triagem. Esses indivíduos e organizações podem compor e ampliar suas rendas familiares, de tal forma a alinhar impacto social e ambiental de forma sinérgica. O papel ativo e articulado de uma rede de coletores e cooperativas evita que as embalagens cheguem aos aterros sanitários ou que sejam descartadas de forma danosa ao meio ambiente, impactando a saúde e o bem-estar das pessoas.

No Brasil, a taxa de reciclagem do aço ainda é de 47,3%, aproximadamente a metade do que é na Europa, o que demonstra um grande potencial a ser explorado para gerar impacto social e ambiental duradouro. Em pesquisa realizada recentemente no programa de pós-graduação do Insper, identificamos as principais barreiras para explorar a circularidade das embalagens de aço. Uma das principais lacunas encontradas atualmente é o conhecimento limitado sobre os impactos e potenciais sociais e ambientais da circularidade do aço por parte do consumidor final e dos(as) principais tomadores(as) de decisão, tanto no poder público quanto no privado.

De uma forma geral, investimentos e iniciativas bem-estruturadas em educação ambiental em diferentes fases da formação formal e informal de crianças, jovens e adultos têm um grande potencial de reverter esse quadro. No limite, a sociedade pode passar a contar com residências e organizações mais conscientes, aumentando a renda de coletores, diminuindo a demanda por aterros sanitários, reduzindo consumo de energia e gerando menor pressão sobre recursos naturais virgens.

Além do trabalho de conscientização e educação do consumidor, a pesquisa aponta para a necessidade dos fabricantes de embalagem e de produtos que usam embalagens de aço se comprometerem com um trabalho mais proativo. São necessários investimentos em campanhas de descarte seletivo, na formalidade e capilaridade do setor de coleta e, como ponto primordial, o desenho de incentivos que valorizem a sucata para aqueles que dela sobrevivem, em particular, as populações mais vulneráveis.

Dessa forma, a economia circular passa necessariamente por um trabalho conjunto. É necessário garantir que formuladores de política pública, sociedade e empresas trilhem juntos essa jornada, cooperando e inovando em conjunto, com foco em alcançar todo potencial de impacto social e ambiental que a circularidade possibilita.

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