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Como as empresas podem saber onde investir para melhorar a vida das comunidades próximas

Uma ferramenta de gestão territorial que mede o nível de progresso social em cada município brasileiro é chave para uma ação direcionada e estratégica

Consultoria dá nota para condições ambientais nas cidades (Getty Images)
AM

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 15h45.

As empresas já entenderam que para ter uma vida longa e próspera é importante ter uma boa relação com as comunidades das regiões do entorno de suas instalações. Isso inclui investir no desenvolvimento local, muitas vezes complementando o que seria atribuição do poder público. Esse tipo de atuação privada, que é conhecido como investimento social privado, acabou virando uma alavanca poderosa para transformar a qualidade de vida nas comunidades onde as empresas atuam.

No entanto, para que essas transformações sejam verdadeiramente estruturais e não apenas estéticas, é fundamental que as iniciativas sejam baseadas em um entendimento profundo das realidades locais e orientadas por dados concretos.

Como o gestor da empresa pode saber que tipo de carência local é a mais importante? O que é realmente uma prioridade para a população? Nenhuma empresa - aliás, nenhum governo - tem dinheiro para resolver todos os problemas ao mesmo tempo. Uma alternativa é buscar ferramentas que ajudem a fazer um diagnóstico equilibrado da situação de cada lugar, de cada comunidade, para poder entender melhor as necessidades. E também para poder monitorar melhor os avanços em decorrência dos investimentos privados.

Essas ferramentas são fundamentais. Muitas vezes o setor privado demonstra falta de preparo para realizar um estudo etnográfico das comunidades que quer influenciar, o que compromete o resultado de suas ações. Deduzir os desafios e as potencialidades de uma realidade a partir de ideias preconcebidas para basear o investimento é perda de tempo - e de dinheiro. Isso porque, primeiro, deve-se focar em explorar dados para depois, agir.

Não adianta injetar mais capital na educação se a principal carência de um determinado grupo for na área da saúde, por exemplo. Portanto, conhecer a realidade local é essencial para direcionar investimentos de forma estratégica.

Uma ferramenta de gestão territorial fundamental para garantir a eficácia do investimento social privado é o Índice de Progresso Social (IPS), que mede o bem-estar da sociedade com base em dados públicos. Para além de indicadores tradicionais como o IDH e PIB, o IPS avalia e quantifica o que realmente importa para a qualidade de vida das pessoas, proporcionando um panorama holístico e acessível sobre a performance do território em atender às demandas de seus cidadãos.

O estudo abrange três dimensões: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades. De acordo com a coordenadora do projeto, Melissa Wilm, o IPS serve como um guia que ajuda o empreendedor a entender o território no qual está inserido.

Ao utilizar o IPS para conhecer melhor o local onde se quer atuar, o investidor pode descobrir entre diversos componentes como abrigo, segurança, alimentação e acesso à informação, quais necessitam de maior investimento. Enquanto um município obtém resultados relativamente fracos em saneamento básico, por exemplo, outro território, apesar de ter notas satisfatórias em educação, padece de um bom desempenho em qualidade do meio ambiente. Somente com esse diagnóstico, é possível visualizar os desafios a serem superados e os destaques positivos que podem ser potencializados na região. Os insights são valiosos para que o investimento das empresas nas comunidades seja direcionado e realmente alcance resultados significativos.

No que diz respeito a empreendimentos com rigidez locacional, como mineradoras e hidrelétricas, o IPS se mostra indispensável. Nesses casos, há legislações específicas e obrigações legais monitoradas pelo Ibama que determinam o compromisso indispensável da empresa com o desenvolvimento sustentável da comunidade local onde atua.

Normalmente, são grandes negócios em municípios pequenos, onde o investimento tem impactos significativos. O IPS auxilia esses investidores a programar ações, avaliar atividades e monitorar resultados de forma efetiva.

O IPS é uma ferramenta pública, acessível a todos. Embora o setor privado enfrente limitações dentro do território de atuação e abordagem, assim como a gestão pública, o IPS permite identificar até onde o empreendedor consegue influenciar. O progresso social não pode ser alcançado sozinho; a iniciativa privada particular-se com outros setores, complementando a esfera federal e municipal. O IPS não orienta apenas o setor privado. Ele desempenha um papel importante num contexto estrutural que busca a melhor qualidade de vida das pessoas de forma coletiva e estratégica.

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As empresas já entenderam que para ter uma vida longa e próspera é importante ter uma boa relação com as comunidades das regiões do entorno de suas instalações. Isso inclui investir no desenvolvimento local, muitas vezes complementando o que seria atribuição do poder público. Esse tipo de atuação privada, que é conhecido como investimento social privado, acabou virando uma alavanca poderosa para transformar a qualidade de vida nas comunidades onde as empresas atuam.

No entanto, para que essas transformações sejam verdadeiramente estruturais e não apenas estéticas, é fundamental que as iniciativas sejam baseadas em um entendimento profundo das realidades locais e orientadas por dados concretos.

Como o gestor da empresa pode saber que tipo de carência local é a mais importante? O que é realmente uma prioridade para a população? Nenhuma empresa - aliás, nenhum governo - tem dinheiro para resolver todos os problemas ao mesmo tempo. Uma alternativa é buscar ferramentas que ajudem a fazer um diagnóstico equilibrado da situação de cada lugar, de cada comunidade, para poder entender melhor as necessidades. E também para poder monitorar melhor os avanços em decorrência dos investimentos privados.

Essas ferramentas são fundamentais. Muitas vezes o setor privado demonstra falta de preparo para realizar um estudo etnográfico das comunidades que quer influenciar, o que compromete o resultado de suas ações. Deduzir os desafios e as potencialidades de uma realidade a partir de ideias preconcebidas para basear o investimento é perda de tempo - e de dinheiro. Isso porque, primeiro, deve-se focar em explorar dados para depois, agir.

Não adianta injetar mais capital na educação se a principal carência de um determinado grupo for na área da saúde, por exemplo. Portanto, conhecer a realidade local é essencial para direcionar investimentos de forma estratégica.

Uma ferramenta de gestão territorial fundamental para garantir a eficácia do investimento social privado é o Índice de Progresso Social (IPS), que mede o bem-estar da sociedade com base em dados públicos. Para além de indicadores tradicionais como o IDH e PIB, o IPS avalia e quantifica o que realmente importa para a qualidade de vida das pessoas, proporcionando um panorama holístico e acessível sobre a performance do território em atender às demandas de seus cidadãos.

O estudo abrange três dimensões: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades. De acordo com a coordenadora do projeto, Melissa Wilm, o IPS serve como um guia que ajuda o empreendedor a entender o território no qual está inserido.

Ao utilizar o IPS para conhecer melhor o local onde se quer atuar, o investidor pode descobrir entre diversos componentes como abrigo, segurança, alimentação e acesso à informação, quais necessitam de maior investimento. Enquanto um município obtém resultados relativamente fracos em saneamento básico, por exemplo, outro território, apesar de ter notas satisfatórias em educação, padece de um bom desempenho em qualidade do meio ambiente. Somente com esse diagnóstico, é possível visualizar os desafios a serem superados e os destaques positivos que podem ser potencializados na região. Os insights são valiosos para que o investimento das empresas nas comunidades seja direcionado e realmente alcance resultados significativos.

No que diz respeito a empreendimentos com rigidez locacional, como mineradoras e hidrelétricas, o IPS se mostra indispensável. Nesses casos, há legislações específicas e obrigações legais monitoradas pelo Ibama que determinam o compromisso indispensável da empresa com o desenvolvimento sustentável da comunidade local onde atua.

Normalmente, são grandes negócios em municípios pequenos, onde o investimento tem impactos significativos. O IPS auxilia esses investidores a programar ações, avaliar atividades e monitorar resultados de forma efetiva.

O IPS é uma ferramenta pública, acessível a todos. Embora o setor privado enfrente limitações dentro do território de atuação e abordagem, assim como a gestão pública, o IPS permite identificar até onde o empreendedor consegue influenciar. O progresso social não pode ser alcançado sozinho; a iniciativa privada particular-se com outros setores, complementando a esfera federal e municipal. O IPS não orienta apenas o setor privado. Ele desempenha um papel importante num contexto estrutural que busca a melhor qualidade de vida das pessoas de forma coletiva e estratégica.

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