O sucesso se caracteriza através da credibilidade e competência
Sucesso para mim é sinônimo de credibilidade. É saber que as pessoas confiam naquilo que faço
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2021 às 10h00.
Última atualização em 9 de setembro de 2021 às 11h45.
Por: Fabiana Monteiro
Denise Santos, CEO da BP – A Beneficiência Portuguesa de São Paulo
O melhor legado da vida é ter boas histórias para contar. É chegar ao fim do dia e concluir que absorveu e compartilhou conhecimento. É perceber que o seu trabalho contribui para a construção de um mundo melhor.
Eu me graduei em Engenharia Elétrica em 1990 na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Frequentei os cinco anos do curso com muita satisfação até receber meu diploma. A bem da verdade, eu havia saído do ensino médio já bastante certa do que almejava profissionalmente — um pouco por influência do meu pai, que também é Engenheiro. Avaliei, também, que o curso poderia abrir um leque de opções de carreira mais abrangente para mim. E, junto a isso, tinha o forte desejo de criar alguma coisa que transformasse a vida das pessoas: uma máquina ou um processo que impactasse a sociedade de forma positiva.
Minha escolha pela área de Exatas, em especialmente pela Engenharia, se deu em uma época em que poucas meninas optavam por esse curso. Além disso, comecei a estagiar logo no início da graduação. Efetivamente, o trabalho entrou cedo na minha vida, antes mesmo dos estágios. Ainda na escola adorava fazer os chamados "bicos" de fim de ano para ganhar algum dinheiro. Nas férias escolares, se havia um bazar chinês no bairro, lá estava eu, trabalhando de empacotadora ou na vaga que aparecesse.
Na fase dos estágios, passei por várias empresas. Em uma delas, o projeto era a construção da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes, que liga a capital paulista ao litoral. Naqueles anos, só existia a pista que descia. Para os veículos subirem, a Polícia Rodoviária Federal era obrigada a inverter a mão de direção. Uma das minhas funções dentro daquele projeto tão grandioso era ficar contando os caminhões para planejar a pista de subida.
Algum tempo depois, aos 20 anos, consegui um estágio na multinacional alemã Siemens, empresa na qual permaneci por 18 anos. Na companhia, tive a chance de vivenciar diversos setores: a cada três ou quatro anos, conseguia mudar de função e atividade.
Ainda bem jovem fui conquistando posições de liderança. Estive nas áreas da Indústria, Marketing, Logística, Vendas, Gestão de projetos, produtos, entre outros. Fiquei seis meses na Alemanha e cheguei ao cargo de diretora da América Latina. O caminhar da carreira me indicou que eu deveria me aprimorar na área de Negócios. Fiz duas pós-graduações na área de Administração de Empresas e um MBA puro com extensão internacional.
Em 2000, ainda dentro da Siemens, dei meu primeiro grande salto de carreira. Assumi a divisão para projetos de redes móveis da companhia no Brasil. Depois fiquei responsável pela divisão de telefonia celular, onde eu tinha o desafio de desenvolver o varejo no País.
Minha primeira experiência como CEO foi em 2005, quando a Siemens decidiu vender a divisão que eu liderava para a BenQ, uma companhia tailandesa na área de eletroeletrônicos. Eles me convidaram para ser CEO dessa nova empresa, que por dois anos carregou a marca Siemens Mobile. E eu aceitei.
Em 2008 recebi uma proposta que contemplava um desafio imenso: trabalhar na área de saúde. Eu seria a primeira mulher a comandar uma rede de hospitais no Brasil. Fui convidada para iniciar um novo ciclo de profissionalização dentro do Hospital e Maternidade São Luiz. Foram três anos intensos e gratificantes. Fizemos uma transformação de sistemas para automatização de processos e, passado um ano e meio, decidiu-se, inicialmente, pela expansão da rede.
Entretanto, um acordo dos acionistas direcionou para a venda do hospital. Foi uma experiência nova para mim, pois aprendi na prática como se realiza um processo de compra e venda de empresas, de aquisições. E, em meio a um turbilhão de trabalho e novidades positivas, ganhei um lindo presente: em 2011 nascia Diego, meu primeiro e único filho. Eu estava com 42 anos e era apresentada a um novo significado na vida pessoal e profissional.
BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Em 2013 fui chamada para liderar a renovação da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, uma das instituições mais tradicionais do País.
Cheguei com três grandes desafios. O primeiro deles foi recuperar a saúde financeira, que há alguns anos estava negativa. Organizamos uma revisão de contratos e uma reestruturação ampla. Fizemos um plano estratégico de três anos e, com isso, saltamos de um Ebitda (sigla em inglês para “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”) de R$ 70 milhões negativos, em 2013, para R$ 100 milhões positivos, em 2017.
O segundo desafio foi ganhar reputação da marca na área de Saúde, ou seja, recuperar e reposicionar a instituição no mercado. Foi um projeto de 18 meses e que terminou com o lançamento da nova identidade visual para o mercado. Nós criamos uma marca institucional (BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo) e as submarcas para nossos serviços. Investimos mais de R$ 500 milhões em infraestrutura e modernizamos nossas três unidades, bem como migramos para um modelo de instituição amplamente digital, hoje com o sistema hospitalar indo até a beira-leito, garantindo plena segurança ao paciente.
O terceiro desafio foi a nova forma de administrar, justamente para garantir os próximos 150 anos da BP, desenvolvendo um modelo de governança sustentável. Para isso, trabalhamos por três anos num novo estatuto social, que foi aprovado pela maioria dos associados da BP em uma assembleia no fim de 2018.
Definição de sucesso e frustração para Denise Santos
Sucesso para mim é sinônimo de credibilidade. É saber que as pessoas confiam naquilo que faço. Eu acredito que credibilidade é algo que se cultiva; é o reconhecimento de que seu trabalho gerou impacto na vida das pessoas.
Sucesso é quando o discurso e a prática combinam. Não é apenas fazer certo da primeira vez, mas fazer sempre da maneira certa.
Antes do Hospital e Maternidade São Luiz, tive uma passagem rápida no varejo. Foi a primeira vez que eu aceitei uma proposta de trabalho por dinheiro. E foi a única vez que eu me arrependi de uma escolha no âmbito profissional. A empresa havia me oferecido um bom salário e eu resolvi pedir um valor três vezes maior. Para minha surpresa, eles aceitaram.
Mesmo assim, o ambiente, os valores e o negócio em si da companhia não combinavam comigo e eu percebi que havia feito uma escolha errada. Óbvio, o dinheiro é importante, mas não pode ser decisório. Foi uma "derrapada" importante na minha trajetória. Fui obrigada a parar, sair da companhia e repensar a carreira. Vivi seis meses de um processo sabático profundo. Depois desse período atuei como consultora no Grupo RBS e assumi a posição de CEO da empresa francesa Teleperformance. O convite para a BP veio logo em seguida.
Vida pessoal e profissional
Eu procuro estar o mais próximo possível da minha equipe. Via de regra, sou colaborativa, opto por trabalhar em conjunto e busco uma liderança bastante informal. Procuro criar um relacionamento fácil com os colaboradores. Por vezes sou detalhista, extremamente organizada e regrada. Na BP, é assim e, na minha casa, tenho o mesmo comportamento. Eu, sinceramente, não compreendo os executivos que são diferentes no ambiente do trabalho e no lar. Afinal, você é uma pessoa só. É a continuidade da vida. Eu passo nove, dez, às vezes 12 horas no trabalho. Não conseguiria ser uma pessoa no ambiente profissional e outra completamente diversa no pessoal.
Na BP investimos na diversidade — no aspecto mais abrangente da palavra. No primeiro escalão executivo, temos uma equipe díspar de profissionais; trouxemos pessoas de vários segmentos e não só da área da Saúde. Há mulheres e homens com idades variando de 37 a 67 anos. Temos gerações e mercados distintos coexistindo.
Costumo dizer aos meus liderados diretos sobre a importância de perceber as diferentes formas de comunicação entre as pessoas. Existem os pragmáticos, os emocionais. Há de se enxergar o estilo de comunicação de cada colaborador para instigá-los adequadamente em cada desafio. Esse conceito é valiosíssimo para um líder.
A revolução tecnológica e o mercado brasileiro
O avanço tecnológico trouxe benefícios enormes para o setor da saúde. Na BP, por exemplo, investimos em infraestrutura e na modernização do parque tecnológico. Implementamos, entre outras tantas coisas, um sistema de prontuário totalmente eletrônico, garantindo maior segurança nas tomadas de decisões médicas. A tecnologia veio para trazer assertividade e rapidez. Imagine: temos sete submarcas e mais de 100 mil pessoas passam pelo nosso pronto-socorro anualmente. Lidamos com o imprevisto o tempo inteiro. Precisamos da tecnologia para garantir a qualidade do nosso serviço.
O grande desafio da tecnologia, entretanto, é buscar a interação presencial. Temos ganho exponencial em favor dos processos e da segurança. Liberamos o capital humano para de fato fazer capital humano. Entretanto, nunca estivemos tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe uns dos outros.
Mentores
Meus mentores mais importantes vieram de dentro da minha casa. Meu pai foi um executivo que sempre defendeu a relevância de ter uma profissão da qual você se orgulha. Quando eu tinha 12 anos, minha mãe resolveu voltar a estudar. Ela tinha o sonho de ser professora e, depois de adulta e já com três filhos, ingressou na faculdade de Pedagogia e começou a trabalhar até tornar-se coordenadora pedagógica.
Na Siemens, tive um vice-presidente que me ajudou muito e um chefe direto que me ensinou a ter equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. A coaching profissional Vick Block também foi uma das minhas mentoras e tem um espaço importante na minha trajetória!
Mensagem de otimismo para as novas gerações
Há dois conceitos que são essenciais: ética e transparência. Muitos me perguntam:
- Afinal, o que é ética no mundo corporativo?
Gosto de dizer que ética é tudo aquilo que eu faço e não tenho vergonha de mostrar para os outros que eu fiz.
Sobre as dificuldades da carreira, minhas mensagens são:
- Não existe mercado e não existe ambiente. Quem faz o mercado e o ambiente somos nós.
- Quando a oportunidade aparecer e bater à sua porta, agarre. No mínimo, na pior das hipóteses, vai aprender e perceber se gosta daquele caminho.
- Tenha disposição em trabalhar com algo que não está no seu escopo diário. Isto lhe dará uma grande bagagem.
- Prepare-se. Leia. Estude. E cuide bastante das relações. Almoce, tome café com pessoas diferentes... Diversifique os seus contatos.
Por: Fabiana Monteiro
Denise Santos, CEO da BP – A Beneficiência Portuguesa de São Paulo
O melhor legado da vida é ter boas histórias para contar. É chegar ao fim do dia e concluir que absorveu e compartilhou conhecimento. É perceber que o seu trabalho contribui para a construção de um mundo melhor.
Eu me graduei em Engenharia Elétrica em 1990 na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Frequentei os cinco anos do curso com muita satisfação até receber meu diploma. A bem da verdade, eu havia saído do ensino médio já bastante certa do que almejava profissionalmente — um pouco por influência do meu pai, que também é Engenheiro. Avaliei, também, que o curso poderia abrir um leque de opções de carreira mais abrangente para mim. E, junto a isso, tinha o forte desejo de criar alguma coisa que transformasse a vida das pessoas: uma máquina ou um processo que impactasse a sociedade de forma positiva.
Minha escolha pela área de Exatas, em especialmente pela Engenharia, se deu em uma época em que poucas meninas optavam por esse curso. Além disso, comecei a estagiar logo no início da graduação. Efetivamente, o trabalho entrou cedo na minha vida, antes mesmo dos estágios. Ainda na escola adorava fazer os chamados "bicos" de fim de ano para ganhar algum dinheiro. Nas férias escolares, se havia um bazar chinês no bairro, lá estava eu, trabalhando de empacotadora ou na vaga que aparecesse.
Na fase dos estágios, passei por várias empresas. Em uma delas, o projeto era a construção da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes, que liga a capital paulista ao litoral. Naqueles anos, só existia a pista que descia. Para os veículos subirem, a Polícia Rodoviária Federal era obrigada a inverter a mão de direção. Uma das minhas funções dentro daquele projeto tão grandioso era ficar contando os caminhões para planejar a pista de subida.
Algum tempo depois, aos 20 anos, consegui um estágio na multinacional alemã Siemens, empresa na qual permaneci por 18 anos. Na companhia, tive a chance de vivenciar diversos setores: a cada três ou quatro anos, conseguia mudar de função e atividade.
Ainda bem jovem fui conquistando posições de liderança. Estive nas áreas da Indústria, Marketing, Logística, Vendas, Gestão de projetos, produtos, entre outros. Fiquei seis meses na Alemanha e cheguei ao cargo de diretora da América Latina. O caminhar da carreira me indicou que eu deveria me aprimorar na área de Negócios. Fiz duas pós-graduações na área de Administração de Empresas e um MBA puro com extensão internacional.
Em 2000, ainda dentro da Siemens, dei meu primeiro grande salto de carreira. Assumi a divisão para projetos de redes móveis da companhia no Brasil. Depois fiquei responsável pela divisão de telefonia celular, onde eu tinha o desafio de desenvolver o varejo no País.
Minha primeira experiência como CEO foi em 2005, quando a Siemens decidiu vender a divisão que eu liderava para a BenQ, uma companhia tailandesa na área de eletroeletrônicos. Eles me convidaram para ser CEO dessa nova empresa, que por dois anos carregou a marca Siemens Mobile. E eu aceitei.
Em 2008 recebi uma proposta que contemplava um desafio imenso: trabalhar na área de saúde. Eu seria a primeira mulher a comandar uma rede de hospitais no Brasil. Fui convidada para iniciar um novo ciclo de profissionalização dentro do Hospital e Maternidade São Luiz. Foram três anos intensos e gratificantes. Fizemos uma transformação de sistemas para automatização de processos e, passado um ano e meio, decidiu-se, inicialmente, pela expansão da rede.
Entretanto, um acordo dos acionistas direcionou para a venda do hospital. Foi uma experiência nova para mim, pois aprendi na prática como se realiza um processo de compra e venda de empresas, de aquisições. E, em meio a um turbilhão de trabalho e novidades positivas, ganhei um lindo presente: em 2011 nascia Diego, meu primeiro e único filho. Eu estava com 42 anos e era apresentada a um novo significado na vida pessoal e profissional.
BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Em 2013 fui chamada para liderar a renovação da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, uma das instituições mais tradicionais do País.
Cheguei com três grandes desafios. O primeiro deles foi recuperar a saúde financeira, que há alguns anos estava negativa. Organizamos uma revisão de contratos e uma reestruturação ampla. Fizemos um plano estratégico de três anos e, com isso, saltamos de um Ebitda (sigla em inglês para “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”) de R$ 70 milhões negativos, em 2013, para R$ 100 milhões positivos, em 2017.
O segundo desafio foi ganhar reputação da marca na área de Saúde, ou seja, recuperar e reposicionar a instituição no mercado. Foi um projeto de 18 meses e que terminou com o lançamento da nova identidade visual para o mercado. Nós criamos uma marca institucional (BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo) e as submarcas para nossos serviços. Investimos mais de R$ 500 milhões em infraestrutura e modernizamos nossas três unidades, bem como migramos para um modelo de instituição amplamente digital, hoje com o sistema hospitalar indo até a beira-leito, garantindo plena segurança ao paciente.
O terceiro desafio foi a nova forma de administrar, justamente para garantir os próximos 150 anos da BP, desenvolvendo um modelo de governança sustentável. Para isso, trabalhamos por três anos num novo estatuto social, que foi aprovado pela maioria dos associados da BP em uma assembleia no fim de 2018.
Definição de sucesso e frustração para Denise Santos
Sucesso para mim é sinônimo de credibilidade. É saber que as pessoas confiam naquilo que faço. Eu acredito que credibilidade é algo que se cultiva; é o reconhecimento de que seu trabalho gerou impacto na vida das pessoas.
Sucesso é quando o discurso e a prática combinam. Não é apenas fazer certo da primeira vez, mas fazer sempre da maneira certa.
Antes do Hospital e Maternidade São Luiz, tive uma passagem rápida no varejo. Foi a primeira vez que eu aceitei uma proposta de trabalho por dinheiro. E foi a única vez que eu me arrependi de uma escolha no âmbito profissional. A empresa havia me oferecido um bom salário e eu resolvi pedir um valor três vezes maior. Para minha surpresa, eles aceitaram.
Mesmo assim, o ambiente, os valores e o negócio em si da companhia não combinavam comigo e eu percebi que havia feito uma escolha errada. Óbvio, o dinheiro é importante, mas não pode ser decisório. Foi uma "derrapada" importante na minha trajetória. Fui obrigada a parar, sair da companhia e repensar a carreira. Vivi seis meses de um processo sabático profundo. Depois desse período atuei como consultora no Grupo RBS e assumi a posição de CEO da empresa francesa Teleperformance. O convite para a BP veio logo em seguida.
Vida pessoal e profissional
Eu procuro estar o mais próximo possível da minha equipe. Via de regra, sou colaborativa, opto por trabalhar em conjunto e busco uma liderança bastante informal. Procuro criar um relacionamento fácil com os colaboradores. Por vezes sou detalhista, extremamente organizada e regrada. Na BP, é assim e, na minha casa, tenho o mesmo comportamento. Eu, sinceramente, não compreendo os executivos que são diferentes no ambiente do trabalho e no lar. Afinal, você é uma pessoa só. É a continuidade da vida. Eu passo nove, dez, às vezes 12 horas no trabalho. Não conseguiria ser uma pessoa no ambiente profissional e outra completamente diversa no pessoal.
Na BP investimos na diversidade — no aspecto mais abrangente da palavra. No primeiro escalão executivo, temos uma equipe díspar de profissionais; trouxemos pessoas de vários segmentos e não só da área da Saúde. Há mulheres e homens com idades variando de 37 a 67 anos. Temos gerações e mercados distintos coexistindo.
Costumo dizer aos meus liderados diretos sobre a importância de perceber as diferentes formas de comunicação entre as pessoas. Existem os pragmáticos, os emocionais. Há de se enxergar o estilo de comunicação de cada colaborador para instigá-los adequadamente em cada desafio. Esse conceito é valiosíssimo para um líder.
A revolução tecnológica e o mercado brasileiro
O avanço tecnológico trouxe benefícios enormes para o setor da saúde. Na BP, por exemplo, investimos em infraestrutura e na modernização do parque tecnológico. Implementamos, entre outras tantas coisas, um sistema de prontuário totalmente eletrônico, garantindo maior segurança nas tomadas de decisões médicas. A tecnologia veio para trazer assertividade e rapidez. Imagine: temos sete submarcas e mais de 100 mil pessoas passam pelo nosso pronto-socorro anualmente. Lidamos com o imprevisto o tempo inteiro. Precisamos da tecnologia para garantir a qualidade do nosso serviço.
O grande desafio da tecnologia, entretanto, é buscar a interação presencial. Temos ganho exponencial em favor dos processos e da segurança. Liberamos o capital humano para de fato fazer capital humano. Entretanto, nunca estivemos tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe uns dos outros.
Mentores
Meus mentores mais importantes vieram de dentro da minha casa. Meu pai foi um executivo que sempre defendeu a relevância de ter uma profissão da qual você se orgulha. Quando eu tinha 12 anos, minha mãe resolveu voltar a estudar. Ela tinha o sonho de ser professora e, depois de adulta e já com três filhos, ingressou na faculdade de Pedagogia e começou a trabalhar até tornar-se coordenadora pedagógica.
Na Siemens, tive um vice-presidente que me ajudou muito e um chefe direto que me ensinou a ter equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. A coaching profissional Vick Block também foi uma das minhas mentoras e tem um espaço importante na minha trajetória!
Mensagem de otimismo para as novas gerações
Há dois conceitos que são essenciais: ética e transparência. Muitos me perguntam:
- Afinal, o que é ética no mundo corporativo?
Gosto de dizer que ética é tudo aquilo que eu faço e não tenho vergonha de mostrar para os outros que eu fiz.
Sobre as dificuldades da carreira, minhas mensagens são:
- Não existe mercado e não existe ambiente. Quem faz o mercado e o ambiente somos nós.
- Quando a oportunidade aparecer e bater à sua porta, agarre. No mínimo, na pior das hipóteses, vai aprender e perceber se gosta daquele caminho.
- Tenha disposição em trabalhar com algo que não está no seu escopo diário. Isto lhe dará uma grande bagagem.
- Prepare-se. Leia. Estude. E cuide bastante das relações. Almoce, tome café com pessoas diferentes... Diversifique os seus contatos.