(Editora Global Partners/Reprodução)
Colunista
Publicado em 20 de janeiro de 2025 às 09h31.
Ao refletir sobre a minha trajetória, enalteço a perseverança como força motriz para me desenvolver constantemente, com o intuito de atingir objetivos almejados desde jovem. Ao priorizar valores inabaláveis, sempre alinhado com propósitos robustos, sedimentei uma carreira prolífica, que me preenche de orgulho. Dessa forma, atualmente ocupo o posto de chief executive officer (CEO) e conselheiro da Grant Thornton International, proeminente multinacional de auditoria e consultoria.
Natural de Salto (SP), resido na capital paulista há mais de 35 anos, sendo que realizei essa movimentação justamente para poder iniciar a carreira no segmento de Consultoria e Auditoria. Saliento que comecei neste setor meio por ao acaso, sem que nada estivesse planejado a princípio.
Pondero, contudo, que a influência familiar foi fundamental para me ajudar a encontrar meu propósito, considerando como meus pais, Daniel G. Maranhão e Elidia Leite G. Maranhão, que ainda moram no interior, sempre perseveraram em suas respectivas jornadas. Meu pai, especificamente, sempre atuou como engenheiro de produção.
Meu sonho – como o de tantos outros jovens – era o de me tornar jogador de futebol – inclusive, joguei pela Ponte Preta de Campinas nas categorias de base. Infortunadamente, tive de interromper este sonho por conta de uma grave lesão.
Evidentemente, há de ressaltar o valor dos estudos neste começo de trajetória, assim como a dedicação constante em continuar evoluindo. Assim, resolvi cursar a faculdade, e me graduei pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
Posteriormente, busquei me aperfeiçoar por meio de pós-graduações, especializações em instituições proeminentes, como na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Universidade de São Paulo (USP), Fundação Dom Cabral, Oxford e Harvard. Ressalto como, em determinados momentos, tive de investir por conta própria para me desenvolver.
A afinidade pelo segmento de Consultoria e os aprendizados na Arthur Andersen
Relembro como optei por seguir o ramo de Consultoria ao me encontrar com um prestigiado diretor financeiro de uma grande empresa, que estava no interior a lazer. Durante um momento de folga, enquanto jogávamos futebol, ele trouxe à tona o tema sobre o futuro profissional. Esse executivo havia atuado em uma empresa de Consultoria e Auditoria alguns anos, até se tornar diretor financeiro de uma empresa multinacional do setor químico, algo que me motivou a almejar grandes objetivos. Indagado se gostaria de conhecer o mercado a fundo, tendo em vista ingressar no universo corporativo, prontifiquei-me a escutar sobre o assunto e logo me interessei.
Dessa forma, por meio deste networking ainda bastante jovem, participei do processo dos programas de trainee das principais companhias de Auditoria da época. Integrei três processos, e entrei, em 1988, na Arthur Andersen – então uma organização de enorme reputação. A escolha pela empresa foi bem óbvia, inclusive por se tratar de uma marca de desejo para os profissionais da área.
Ingressei na Arthur Andersen, onde permaneci por 17 anos. Comecei como trainee e, com ampla dedicação e resiliência, fui galgando os degraus corporativos. Cheguei ao cargo de gerente e, quando estava prestes a me tornar sócio, a companhia enfrentou uma quebra global.
A ascensão exitosa como CEO e conselheiro da Grant Thorton International
Diante dessa adversidade, migrei para a Deloitte, em 2002, até receber o convite para ingressar na Grant Thorton, em 2008. Durante pouco mais de dois anos, desempenhei as minhas atividades com êxito, porém, em determinado momento, recebi a oferta de duas firmas globais de Consultoria & Auditoria para vender as nossas operações; a melhor oferta foi da Ernst & Young – hoje EY.
Ambas as firmas de consultoria pretendiam expandir suas respectivas atividades no Brasil de forma orgânica, mas não estavam conseguindo obter êxito em suas empreitadas no ritmo desejado. Contudo, após a votação entre os sócios, houve a decisão unânime para vendermos a carteira de clientes, além de cessão de colaboradores para a EY.
Dessa forma, nos integramos à companhia, na qual atuei como sócio durante quatro anos. Outra reviravolta significativa ocorreu em janeiro de 2015, quando a Grant Thorton resolveu me propor a oportunidade de regressar. A empresa mantinha inúmeras operações, especialmente por se tratar de uma organização global, e tinha a intenção de se reorganizar estrategicamente. Assim, em 2014, aceitei a oferta para retornar, desta vez já na posição de CEO.
Acredito que os indivíduos devem possuir grandes objetivos em suas jornadas. Quando comecei, minha aspiração era me tornar sócio em uma importante firma de Auditoria. Obviamente, buscava objetivos ambiciosos, olhando para cima e admirando as inúmeras possibilidades, sem jamais negligenciar o aspecto financeiro. E ter percorrido esse caminho com retidão fez todo o sentido para mim.
Noto, todavia, como não é uma trajetória fácil de se alicerçar. Porém, ao determinar metas e objetivos claros, com planejamentos sólidos, amparado por persistência e resiliência, amealhei as metas preestabelecidas.
Soube me desenvolver como um líder com viés humanista, mas também extremamente preparado do ponto de vista técnico, com ênfase em saber ouvir as pessoas e compreender diferentes pontos de vista. Essa abordagem fortalece a capacidade de trabalhar em equipe e, consequentemente, alcançar os resultados almejados.
Ademais, reforço a importância de analisar todos os âmbitos com um pensamento positivo – não hesito em destacar como o otimismo é um grande aliado, desde que esteja sempre acompanhado de objetividade. Tudo flui de maneira satisfatória quando as etapas dos processos são estruturadas de forma correta, com integridade. Valorizo profundamente o conceito de que realizar o bem atrai coisas boas e, dessa forma, tudo evolui naturalmente.
Já em termos de desafios, considero que lidar com pessoas pode conduzir a momentos complexos, haja vista como durante a trajetória sempre nos depararemos com diferentes indivíduos. Enfim, demanda promover relações interpessoais que complementem, ajudem em todos os âmbitos, em detrimento de estar ao lado de gente que lhe desvie do caminho certo.
Ao examinar a minha trajetória, considero essencial estar em contato com pessoas que sejam referências e tenham a capacidade de inspirar. Quando comecei, admirava líderes e outros indivíduos pela postura, forma de agir, atitudes dignas e conhecimento técnico. Enfim, exalto o valor da liderança pelo exemplo, e a ação de expandir isso para os outros envolvidos é primordial em termos de desenvolvimento.
Saber se espelhar em pessoas inspiradoras, inclusive para servir melhor ao cliente, é um ponto crucial em meu segmento. Sem jamais deixar em segundo plano o compromisso de atuar com lisura, o que, eventualmente, pode implicar em não atender exatamente a todos os anseios do cliente. Os valores devem prevalecer; afinal, conversas difíceis nas relações são frequentes e podem até resultar em rompimentos.
Durante a carreira, tive a oportunidade de contar com grandes líderes que inspiravam pelo exemplo. Sempre que possível, buscava dialogar com gestores competentes para entender como estava progredindo em minha trajetória profissional, ouvindo atentamente seus feedbacks.
Isso me ajudou a crescer, e vejo como é algo que tem se perdido ao longo do tempo, mas que definitivamente precisa voltar. O feedback em tempo real é indispensável em todos os âmbitos. Além disso, conversar sobre as complexidades é essencial, pois as conversas difíceis são indispensáveis para que as pessoas busquem algo a mais. Saber dizer “não” é valioso – somente destacar os pontos positivos jamais será o suficiente para motivar alguém.
Considero como, aos poucos, busquei planejar meu crescimento, pautado na visão e na experiência de quem já era sócio, com o objetivo de construir meu próprio caminho rumo ao topo. Logicamente, em um mercado tão competitivo, as disputas saudáveis são constantes, porque o mundo corporativo é assim mesmo – faz parte.
Conforme se ascende, a pirâmide estreita – não há espaço para todos. Enfim, assimilar novos conhecimentos, aprendizados e experiências é, sem dúvida, um diferencial poderoso para alcançar metas. Sempre que percebia uma área em que não era tão forte, buscava, de imediato, me desenvolver nos tópicos necessários para corrigir eventuais falhas técnicas.
O inglês, inclusive, tratei de aperfeiçoar ainda na Arthur Andersen, com o objetivo de me destacar e estar mais exposto, sempre um passo à frente dos demais. Dediquei-me intensamente, estudando em horários atípicos e até durante as férias. Definitivamente, investi fortemente em minha carreira para adquirir diversas ferramentas, inclusive para me relacionar melhor com clientes internacionais.
Cada indivíduo possui habilidades próprias, como a de ser mais humanista ou saber se relacionar, enquanto outros têm características mais técnicas. Claro, de acordo com o perfil, é fundamental aprimorar-se por meio de cursos e treinamentos. Ainda que uma pessoa não tenha habilidades tão voltadas para relacionamentos, tudo é viável desde que se persevere.
É fundamental dialogar, ouvir, ajudar, para buscar caminhos, soluções, contemplando edificar relacionamentos sadios. Nesse âmbito, saliento a relevância de estar apto a fornecer feedbacks ou mentoria – algo que é complexo. Ser um mentor impacta os outros, portanto, dedicar algum tempo já faz a diferença.
No meu caso, procurei incrementar certos aspectos ao longo da jornada, mas trago atributos intrínsecos desde o início; é algo do meu perfil. Pratiquei muitos esportes, especialmente os coletivos, o que me ajudou bastante, futuramente, a saber trabalhar em equipe, valorizando o trabalho coletivo.
Os caminhos daqueles que alcançam o sucesso são permeados por desafios complexos, estimulantes, que precisam ser superados com foco, dedicação e enorme resiliência. Sem persistência, o risco de permanecer estagnado, ou mesmo de ter de mudar de área, é enorme.
O fator humano é o elemento mais importante para quem está à frente dos processos. O líder deve deter a capacidade de saber ouvir ativamente, mantendo a relação amparada pela via de mão dupla, pois isso promove o equilíbrio entre teoria e resultado.
Saliento como a nova geração possui uma perspectiva de carreira distinta em relação à minha época, especialmente no que diz respeito às expectativas das organizações em relação aos indivíduos. É inegável perceber o choque cultural que ocorre atualmente – algo natural, que exige ajustes para que haja sinergia entre os profissionais.
Portanto, compreender as expectativas alheias surge como um fator preponderante para que todos estejam felizes com os seus afazeres, englobando o bem-estar, sem jamais abdicar do alinhamento junto aos propósitos.
Ademais, o líder deve ser participativo, estar inserido dentro dos processos, pois todos são responsáveis pelas dinâmicas propostas, independentemente do resultado, dando certo ou errado. É tudo sobre colaboração. Nesse tema, ainda menciono o impacto do trabalho coletivo, embasado pelo respeito, para que os valores prevaleçam entre líderes, colaboradores, enfim, sem restrições hierárquicas.
Valido como se deixar levar pelos outros é uma grande armadilha. Isso exige explorar o lado mais aguçado, acreditar na intuição e manter-se atento ao entorno. Confiar e escutar a voz interna são atitudes valorosas. Esse conjunto de ações auxilia na tomada de decisões, sem se abalar com o que os outros acham ou pensam.
Propósitos são vetores valiosos que beneficiam indivíduos e organizações
Indubitavelmente, o indivíduo precisa deter o propósito caso queira prosperar, para ser uma referência inspiradora dentro da organização. As empresas têm propósitos que incorporam a visão delineada, e estes devem ser bem comunicados aos líderes, times, tendo em vista fomentar o alinhamento. Dessa forma, todos compreenderão quais caminhos estão sendo seguidos e como os processos serão implementados, com base em pilares estratégicos.
Portanto, a transparência é parte essencial na orientação entre instituições e indivíduos. Enfim, é salutar ouvir as pessoas, mesmo com pesquisas internas, para interpretar as demandas e transformar em ações positivas engajadoras. Trata-se de um ato indispensável em prol do desenvolvimento da organização e dos envolvidos.
Ainda neste tópico, penso como é significativo valorizar adequadamente quem atinge os melhores resultados – é uma questão de meritocracia. Quem está desalinhado, sem sintonia, perde espaço e prejudica o próprio crescimento, assim como o alcance dos resultados.
É primordial unir as pessoas em torno do propósito, visto que isso se constitui como o caminho para o sucesso da empresa. Cito, como exemplo, a companhia à qual me dedico. Nosso foco está nas pessoas, que vendem conhecimento. Treinamos profissionais para que adquiram habilidades e ferramentas, e, uma vez preparados, eles transmitem valor aos clientes. Definitivamente, nosso maior ativo são as pessoas.
A minha motivação surgiu precocemente, com a ambição sadia de me tornar sócio, presidente de uma empresa. Atualmente, também integro o board global, algo que não havia sido planejado; aconteceu de forma natural e considero isso um motivo de enorme orgulho.
Endosso como minha motivação parte do propósito, da governança bem executada e da disposição de construir uma empresa cada vez maior, melhor e de qualidade. Tenho o desejo de que seja uma companhia aspiracional para as pessoas trabalharem, onde os clientes se sintam representados por serem atendidos por nós.
Outro ponto remete a gerar conhecimento para os indivíduos, com a possibilidade de criar empregos, movimentando a economia, gerando oportunidades para os jovens. Ajudamos a comunidade por meio de instituições e ONGs – efetuamos isso doando tempo de trabalho para quem necessita de auditoria, pois suscita credibilidade.
Tendo em vista tal linha de raciocínio, exalto como um vetor de desenvolvimento primordial levar a educação a sério, mesmo que este aspecto esteja cada vez pior no Brasil. Portanto, as organizações têm um papel importantíssimo de investir na formação e nos treinamentos das pessoas.
Há uma dificuldade enfrentada pelo empresariado devido à deficiência do sistema educacional. No entanto, cada jovem deve se dedicar ao que está aprendendo, pois isso fará a diferença no futuro. Isso inclui, também, aprender novos idiomas, considerando que se trata de um diferencial valioso.
Reitero como é imprescindível se pautar por princípios sólidos, como honestidade, ética, transparência e integridade. Esses aspectos devem prevalecer nas instituições, promovendo a estruturação de uma cultura forte – um compromisso inegociável. Valido que foi assim que moldei meu perfil, criando as condições adequadas para alcançar o sucesso tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.
Reflito também sobre a importância de ouvir de fato as pessoas, estando mais próximo das equipes, compreendendo as necessidades individuais genuinamente.
Isso auxilia os profissionais a se sentiram mais incluídos nos negócios, com o sentimento de pertencimento. As instituições precisam querer o bem de todos, com comprometimento, tendo em vista promover a união entre os envolvidos, inclusive para fomentar a retenção de talentos.
Por fim, reitero a importância de se dedicar com perseverança a tudo o que se propõe a realizar, sempre buscando praticar o bem. Siga o seu coração e mantenha-se fiel aos seus princípios, pois, do contrário, há o risco de se desviar dos propósitos preestabelecidos.