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Aprendizado contínuo é o pilar do desenvolvimento, afirma Leonel Oliveira

Na coluna desta semana, conheça a história de Leonel Oliveira, diretor-geral na Nutanix

Aprendizado contínuo é o pilar do desenvolvimento, afirma Leonel Oliveira
Aprendizado contínuo é o pilar do desenvolvimento, afirma Leonel Oliveira

Vejo que muitos méritos e conquistas da minha trajetória profissional aconteceram devido à busca constante por conhecimento e pelo modelo flexível de gestão que adotei, o qual me permitiu mudar rapidamente estratégias, corrigir rotas e fazer adequações de acordo com as características da minha equipe e com o cenário de negócios – tudo com muito planejamento. 

Desde jovem pautei minha vida pessoal e profissional em princípios como a retidão, respeito e humildade. Minha boa capacidade de comunicação também ajudou a traduzir e a ampliar o alcance da linguagem técnica e de negócios. Foram essas características que me moldaram e me ajudaram a estabelecer relações pessoais e profissionais sólidas e duradouras. Sou grato a tudo e a todos que, de alguma forma, contribuíram para eu ser quem sou hoje. Desde 2014, com muita honra, assumi a função de principal gestor da Nutanix no Brasil, com o cargo de diretor-geral. 

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Nasci em Santo André no ABC paulista, em 13 de maio de 1966, em uma família de origem humilde, porém, extremamente unida e repleta de valores sólidos. Caçula de seis irmãos – sendo que o primeiro, infelizmente, faleceu precocemente –, contei com enorme apoio dos meus pais para edificar os passos iniciais, assim como assimilei aprendizados intrínsecos desde a infância. 

Minha mãe Dalva era filha de imigrantes italianos e conheceu o meu pai Domingos - nascido no interior paulista - no Paraná, onde se casaram, antes de constituírem família em Santo André. Ambos cresceram em ambientes de muito controle, de características rígidas em termos de educação, especialmente no sentido de respeito ao próximo – ensinamentos que foram transmitidos aos filhos.  

Meu pai estudou apenas até o terceiro ano do antigo primário – hoje ensino fundamental I, porém, acredito que se ele tivesse tido maior acesso à educação acadêmica, teria se tornado um excelente engenheiro. Demasiadamente inteligente, priorizou o trabalho, uma vez que foi necessário prover o sustento para uma família com sete pessoas.  

Meus pais nos educaram com extrema retidão e com valores morais e éticos pautados em respeito entre as pessoas, empatia, solidariedade, cordialidade, educação, justiça, honestidade, humildade e responsabilidade. Eles nos deram um rumo de fato, com o discernimento do que é certo e errado, do importante, ao supérfluo. Convivíamos de forma simples, apenas com o básico e recursos essenciais e, portanto, foi preciso dar foco no que era fundamental para prosperarmos.  

Apesar da falta de recursos financeiros, o amor e a admiração prevaleciam e exaltava como algo extraordinário na família. Meu pai ressaltava o valor dos estudos; nos estimulava para termos um futuro promissor – o que acabou ocorrendo. Além disso, destacava o compromisso para trabalharmos firme, com o caminho planejado, imbuído de disciplina. Enfim, todos tínhamos de contribuir para ajudar nas despesas da casa. Afinal, nosso pai era operário industrial. 

Em meio a esse cenário, cursei o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), com foco em ser eletricista, tanto por aptidão quanto por gostar de consertar os aparelhos. Considerava importante aprender e estudar algo diferente. Sou testemunha de como esta instituição detinha uma preocupação enorme com o ensino – a qualidade dos professores e dos profissionais de gestão, era enorme. Além disso, o SENAI provinha noções de como incentivar a assimilação de aprendizados como diferenciais para a vida, de como gerar o próprio sustento.  

Dedicação, foco e humildade no início da trajetória  

Quando chegou o final desse ciclo, algumas empresas procuravam aprendizes, em busca de talentos. Havia me destacado como o melhor aluno da minha turma – sempre levei a sério os estudos, amparado pelo critério de realizar tudo a que me propunha a fazer da melhor maneira possível.  

A Unipar Química, posteriormente comprada pelo Grupo Odebrecht, foi uma das companhias que recrutava aprendizes. A empresa passava por um período de expansão, com projetos para ampliação da fábrica e inovações tecnológicas. Fui contratado pela companhia e, pouco tempo depois, ainda como estagiário, solicitei ao meu gerente Georges Abiad para ser alocado na área de automação/instrumentação. 

Cursei o ensino fundamental em escola pública e fiz o curso técnico em elétrica no Colégio Pentágono. Neste ínterim, estudei inglês por conta própria, e isso me ajudou bastante dentro da Unipar Química, pois conseguia conversar com executivos, pessoas mais experientes, o que me levou a ser efetivado como técnico em eletrônica. Consegui conciliar meu trabalho com a graduação em engenharia elétrica pela Faculdade de Engenharia São Paulo, em 1990.  

Participei de todo o projeto de expansão da Unipar Química e passei a ser a pessoa responsável pelo laboratório de eletrônica – na época era ainda muito jovem, com 21 anos. O gerente do setor, Julio Takeci Yoshida, lembrava o meu pai na forma de agir, pois era bastante exigente, amparado pela lisura nas ações. Eu correspondia às expectativas, pois já estava acostumado com cobranças – o que me trouxe boas oportunidades profissionais, abrindo portas para desafios ainda mais complexos. Sempre fui empático com a cultura oriental por prezar pela meritocracia e pela fidelidade do indivíduo em relação aos procedimentos estabelecidos.  

O Júlio, sem dúvida, ajudou a impulsionar a minha carreira, ao identificar o meu potencial, aconselhando-me a estudar com afinco para conquistar o sucesso. Ele definitivamente foi meu mentor e me inspirou, pois me direcionava, me mostrava caminhos e alternativas para realizar as tarefas de forma eficiente. Observava o seu cuidado, inclusive, de compartilhar o conhecimento com as demais pessoas.  

Aliás, liderança, a meu ver trata exatamente sobre isso: quem está à frente dos processos precisa dar o exemplo, com o compartilhamento de informações, para proporcionar condições de evolução e desenvolvimento a outros indivíduos, com a oportunidade de serem melhores que o próprio líder. Desta forma, o gestor consegue ser respeitado pelos times - por inspirar e engajar. 

Naquela circunstância, observei como o trabalho coletivo, além da reciprocidade, a cumplicidade entre as pessoas, eram os elementos responsáveis por prover a diferença por tudo o que estava sendo construído com sucesso – isso era nítido para mim.   

Aprendizado contínuo é o pilar do desenvolvimento  

Investir em conhecimento contínuo é essencial para qualquer pessoa que almeja se destacar. Caso não haja a formação pessoal e profissional fundamentada em critérios e valores positivos e saudáveis, não há como se construir o planejamento da carreira e, principalmente, não há como traçar uma trajetória profissional de sucesso – embora o conceito de sucesso não seja algo estático e varia de acordo com o ponto de vista de cada um. 

Enfim, na minha visão, para se construir uma trajetória de sucesso é preciso estudar, assimilar os mais diversos aprendizados - tendo em vista que o tempo é o nosso bem mais precioso e requer ser bem aplicado. De nada adianta fazer por fazer, sem comprometimento.  

Na época da faculdade não suportava a disciplina de telecomunicações e, por ironia do destino, fui levado a trabalhar justamente neste setor. Considero ser impossível deter aptidão para tudo, mas fiz questão de me empenhar ao máximo, independentemente se determinada demanda é mais desafiadora ou não. 

Curiosamente, a disciplina de telecomunicações acabou sendo fundamental para meu trabalho com automação. Ou seja, mesmo em situações das quais não apreciamos, é possível extrair conhecimento e evoluir.  

As experiências profissionais e o rumo como líder 

Após a marcante passagem pela Unipar Química, quando já gostava da área de projetos, surgiu uma oportunidade na Pirelli, mas fiquei pouco mais de um ano, porque não me adaptei ao ambiente. Faltava o espírito coletivo, com tudo muito pautado no individualismo.  

Em 1989, já graduado como engenheiro, ingressei como projetista na Ecil P&D, empresa incorporada pela Yokogawa que se tornou a Yokogawa América do Sul. Com liderança japonesa, esta empresa trazia cultura centrada na meritocracia, com ênfase no trabalho coletivo, do fazer acontecer, para que todos pudessem crescer de forma conjunta. Essa somatória de fatores se tornou um mantra para as minhas experiências posteriores.  

À medida que os projetos chegavam, comecei a opinar – já detinha experiência “overseas”, por ter trabalhado com processos na Turquia, China e Rússia, ganhando notoriedade pelo envolvimento em projetos internacionais. Passei a influenciar no modo como a tecnologia era apresentada ao mercado e, em razão dos bons resultados, fui promovido a supervisor, com o propósito de ajudar nas vendas da companhia.  

Conforme os processos expandiam, sob minha liderança interna, meus resultados começaram a se destacar dentro e fora da empresa. Assim, em 1996, um executivo da Yokogawa América do Sul - que estava assumindo um novo desafio profissional na Fisher Rosemount - me convidou para fazer parte de sua equipe. Detinha o perfil ideal para a função de gerente da área, mesmo com somente 30 anos. Assim, aceitei e assumi todos os setores, incluindo treinamento, engenharia e automação, com cerca de 30 pessoas nesta equipe. 

Um tempo depois a empresa mudou para Sorocaba no interior paulista. Nesta época eu vivia em Santo André, na grande São Paulo, já casado com a Magali Aparecida Teixeira de Oliveira, parceira para todos os momentos e mãe da nossa filha Sofia Teixeira de Oliveira. Passei um tempo trabalhando a partir de São Paulo, mas senti que precisava vislumbrar novos horizontes.   

Analisei o mercado e notei como a área de tecnologia da informação estava aquecida e tinha se tornado um terreno próspero de oportunidades. De imediato, entrei na Cybertécnica, consultoria que tinha seu portfólio de produtos centrado numa plataforma de software. Nesta empresa atuei por pouco mais de um ano. Depois dessa etapa, entrei para a JD Edwards. 

Nesta época, conclui uma pós-graduação em Administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas) e já dominava conceitos tecnológicos ainda pioneiros no Brasil - quando as pessoas falavam sobre ERP (ferramenta de gestão empresarial), sabia exatamente do que se tratava.  

O grande ponto de inflexão é fruto do sólido networking 

Pelo fato de ser muito ousado na forma de me comunicar, bastante curioso e por gostar de conhecer pessoas, conheci em uma reunião o presidente da Petrobras, por meio de um executivo da GE. Ou seja, o networking é primordial para expandir as oportunidades profissionais, para ampliar as interações, promover trocas de experiências e assim, ter visões diferentes de mercado, que nos ajudam a ter uma visão de negócios e de mundo mais ampla e diversa. 

Em 2002, ainda na JD Edwards fui convidado para trabalhar na Network Appliance, onde atuei por quase cinco anos como gerente de vendas. A migração para a Network Appliance levou alguns meses uma vez que me prontifiquei a concluir alguns projetos na J.D. Edwards - pois acredito demais no processo de começo, meio e fim. 

Na Network Appliance consegui escrever uma história que me orgulha muito. Isso, porque era uma empresa de nicho, de armazenamento de dados, e mesmo assim fomos muito bem-sucedidos na comercialização de seu portfólio de produtos. Sem hesitar, destaco minha passagem pela Network Appliance como o meu grande turning point, haja vista como os resultados pessoais e de negócios começaram evoluir com agilidade surpreendente. 

Passei a contar com uma ampla e apurada rede de relacionamentos interpessoais, da qual os indivíduos passaram a observar efetivamente o valor do meu trabalho junto à comunidade. Enfim, o meu nome ganhou visibilidade e força, pavimentando minha trajetória para novos e mais complexos desafios. 

A jornada e a ascensão como diretor-geral da Nutanix 

Com toda essa movimentação, o Andres Hurtado, que era o diretor-geral para a América Latina da Network Appliance, migrou para a Riverbed Technology. O Andres, me convidou para ser o country manager da companhia, em agosto de 2007 aceitei o desafio com a missão de montar toda a operação no Brasil. Marcou como um projeto extraordinário, pois, em 2010, fomos a região que mais vendeu em relação as demais operações no mundo. Isso, tanto percentuais de crescimento, quanto volume de receita em dólar, um feito histórico – jamais uma filial brasileira de uma companhia norte-americana havia conseguido tal feito.  

Enfatizo que eu e meu time conseguimos juntos alcançar êxito embasados em relacionamentos sólidos e duradouros e na fundamentação pautada em respeito às pessoas, seja colaborador, parceiro de negócios, cliente, revenda, concorrente etc.  

O Andres seguiu seu caminho para a Nutanix, como vice-presidente, e pouco depois, também me juntei à empresa, como diretor-geral. Mais uma vez, vale destacar como o networking é um diferencial imprescindível. 

Na Nutanix, novamente, fui designado para abrir a operação, montar a equipe e construir toda estrutura de negócios em nível nacional, haja vista minha experiência anterior como responsável por toda operação no país. Hoje, a Nutanix se notabiliza como uma das mais proeminentes organizações no segmento de soluções de nuvem privada e híbrida, multicloud, além de todo datacenter, alicerçado em software 

A cultura do respeito e o valor do bom senso  

Além disso, reitero o valor de se liderar pelo exemplo, ser participativo e saber ouvir com tolerância. Mas é preciso ser exemplar nas ações, na forma de agir, e não somente na teoria. E, obviamente, com a sabedoria de reconhecer os seus erros, com humildade, pois esta qualidade é a principal aliada do líder.  

Saliento também o posicionamento firme, com a mentalidade de realizar o coaching com as pessoas, pautando-se pela empatia, sendo um educador. Desta maneira, é possível compreender o que e como o indivíduo realiza, e que por menor que seja essa atividade, faz a diferença para o trabalho conjunto e para os resultados totais. Tudo está conectado ao bom senso. A ética integra isso de forma fundamental e a ausência dela faz com que qualquer pessoa se mostre ao longo do tempo, caindo em contradição em suas ações.  

De novo, a inteligência emocional é uma ferramenta que caminha alinhada e aliada ao bom senso. Fazem caminhos muito bem estruturados e fundamentados. 

Na Nutanix, contamos essencialmente com a característica do respeito. Trabalho diariamente com grande empenho para que nossos colaboradores, parceiros e clientes estejam e se sintam muito bem, pelo simples fato de que eu e meus pares de gestão, realmente nos importamos com tais interações. 

É cultural da nossa organização: nos importamos com o bem-estar, com o sucesso do outro, como forma de crescimento individual e da própria organização. Enfim, deve partir das lideranças o movimento de o que podemos fazer para ajudar os indivíduos em suas respectivas jornadas.  

Aliás, são exatamente os meus credos, somados aos valores éticos de respeito às diferenças, respeito aos recursos que disponho e de como os utilizo, que me move. Considero como o ato de desperdiçar, independentemente do que seja, retrata simplesmente a ação de menosprezar aquilo o que pode fortalecer um profissional no futuro.  

Portanto, aconselho aos futuros profissionais a dedicarem-se com a visão ampla, sem medo de ousar, agir com humildade, perseverança e integridade.