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Vender ou esperar? Como fica o mercado imobiliário em tempos de juros elevados

Para vendedores, o cenário tende a ser mais sensível, mas pode apresentar boas oportunidades diante de uma análise estratégica dos ativos

O mercado imobiliário oferece várias modalidades de investimento, e o segredo está em não colocar todos os ovos na mesma cesta. (Brasil2/Getty Images)

O mercado imobiliário oferece várias modalidades de investimento, e o segredo está em não colocar todos os ovos na mesma cesta. (Brasil2/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 6 de março de 2025 às 09h49.

*por Paulo Casoni, diretor de Capital Markets da JLL

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 1 p.p., definindo a taxa em 13,25% ao ano. Em março, mais um aumento é previsto. Para o mercado imobiliário, este cenário – aparentemente desafiador –, cria um ambiente único onde compradores e vendedores atentos podem encontrar oportunidades excepcionais.

Investidores com capital disponível passam a priorizar a segurança, tornando aplicações de renda fixa (como CDBs e Tesouro Direto) mais atraentes. Ao mesmo tempo, as instituições financeiras, que enfrentam maior risco de inadimplência, elevam o custo do crédito, fazendo com que compradores dependentes de financiamento recuem.

Com menos oferta de financiamento, e principalmente com a Selic alta, que atrai investimento para o mercado financeiro, a demanda por imóveis cai, pressionando os preços para baixo. Isso tende a criar oportunidades para quem tem capital disponível para compras à vista, adquirindo ativos com bons descontos, com perspectiva de valorização futura mediante eventual queda da taxa. Os proprietários que investirem agora podem ter bons retornos com locação.

Para vendedores, o cenário tende a ser mais sensível, mas pode apresentar boas oportunidades diante de uma análise estratégica dos ativos. Manter um empreendimento tem um custo fixo alto (condomínio, IPTU, manutenção), ainda mais com juros elevados. Por isso, será preciso flexibilidade e habilidade de negociação para atrair investidores com “dinheiro na mão” ou ocupantes em busca de espaços corporativos. Imóveis mais bem estruturados, localizados e preparados devem ter vantagens sobre os demais, obviamente.

Com este panorama, vendedores podem flexibilizar condições de pagamento, aceitar permutas ou negociar parcelamentos diretos com os compradores, aceitar redução considerável no preço. Isso pode acelerar a venda, driblando o financiamento bancário tradicional. Outra possibilidade para o mercado são as operações de Sale & Leaseback, por meio das quais aqueles que vendem conseguem liquidez de caixa e os que compram adquirem um ativo com rentabilidade garantida.

A chave para este período de alta na Selic está em encontrar o equilíbrio entre as necessidades do vendedor e as oportunidades do comprador. Ou seja, as palavras de ordem são estratégia e negociação – um terreno fértil para soluções criativas e mutuamente benéficas. A compreensão profunda das dinâmicas de mercado e uma abordagem analítica podem transformar possíveis incertezas em oportunidades únicas para investidores perspicazes. É preciso estar atento.

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