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O Mercado por Elas: novas formas de morar, por Taissa Cruz

Taissa Cruz, da startup Yuca, especializada em coliving, conversou sobre as perspectivas nas relações com os imóveis

Taissa Cruz, profissional que lidera o desenvolvimento de novas formas de morar da startup Yuca (Yuca/Exame)
Taissa Cruz, profissional que lidera o desenvolvimento de novas formas de morar da startup Yuca (Yuca/Exame)
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Genoma Imobiliário

Publicado em 1 de abril de 2022 às, 06h45.

Última atualização em 1 de abril de 2022 às, 10h18.

Por Elisa Tawil*

A busca por alternativas ao acesso à moradia, especialmente em grandes centros urbanos, é um desafio que exige pensar soluções que saiam dos modelos tradicionais do setor imobiliário. A moradia compartilhada, conhecida como coliving, é a forma que a startup Yuca encontrou para implementar novas formas de morar em grandes metrópoles, como São Paulo.

Taissa Cruz possui uma carreira diferenciada, acumulando experiência em áreas diversas dentro do setor imobiliário, como loteamento, fundos imobiliários, desenvolvimento comercial e residencial, asset e property management. Com essa ampla visão do setor e hoje à frente do desenvolvimento de novas formas de morar pela startup Yuca, Taissa conversou com O Mercado por Elas sobre as perspectivas nas relações com os imóveis.

Criada em 2019 com o objetivo de combater a falta de oportunidades e limitações impostas pelas cidades, a Yuca começou oferecendo colivings em bairros centrais de São Paulo. Como os paulistanos receberam a experiência do coliving e qual a sua visão de expansão para essa forma de morar?

A Yuca surgiu trazendo em sua essência o conceito de Living as a Service (LaaS) e focando em pessoas que querem facilidade para morar em metrópoles. Chegamos a São Paulo após analisar o cenário de locações residenciais na cidade e encontramos uma dor latente: há uma grande demanda por apartamentos em regiões centrais que aliem uma boa estrutura a um valor acessível.

O coliving teve uma ótima aceitação, já que é uma possibilidade de moradia acessível nas zonas centrais, com pacote fixo mensal de pagamento que reúne todas as contas em um boleto único: internet, mobília e até serviço semanal de limpeza.

Fomos pioneiros em adaptar o formato para o perfil do brasileiro, que vê vantagem em compartilhar o espaço pelos benefícios financeiros e emocionais, mas tem uma cultura muito forte de privacidade e resguardo da intimidade. Nos nossos colivings, fazemos questão de que os cômodos sejam realmente pensados para o uso residencial, onde você tem seus pertences em segurança e não precisa dividir seu banheiro com desconhecidos, por exemplo.

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Conforme fomos crescendo, começamos a receber pedidos por apartamentos individuais também. Atenta às transformações de São Paulo e aos novos comportamentos com a pandemia, a Yuca antecipou planos de expansão do negócio de LaaS ao final de 2020. Para atender um público que quer usufruir das facilidades oferecidas pela proptech, mas sem compartilhar o imóvel, a Yuca passou a disponibilizar também opções de apartamentos individuais. Hoje esse modelo já representa 65% do nosso portfólio.

Não há como afirmar quando o modelo de coliving vai se consolidar em todo o país, mas isso não deve demorar pra acontecer, principalmente com as adaptações certas, afinal, sempre que o assunto é economia colaborativa, consumo consciente e sustentabilidade, a tendência é que o crescimento ocorra de forma exponencial.

O centro do negócio da proptech está em uma locação descomplicada com apartamentos prontos para morar. A locação de imóveis ganha cada vez mais espaço no setor e isso não significa, necessariamente, a diminuição no volume de aquisição. Na sua visão, o que impulsiona esse crescimento?

Temos alguns fatores que impulsionam esse crescimento atual. Para começar, hoje temos uma geração de millennials que têm dificuldade de montar reserva de capital para dar entrada em imóveis, seja pelo estilo de vida ou pelo custo de ativos muito acima da renda populacional. Essa geração também valoriza muito mais a mobilidade e a possibilidade de morar perto do trabalho e/ou transporte público, por um preço acessível.

Outro ponto importante é a consolidação do Living as a Service no mercado e as vantagens que ele oferece para seus moradores, como: a desburocratização na contratação, que pode ser feita pelo site com rápida análise de documentação  e que possibilita a ocupação imediata do imóvel; a flexibilidade muito maior frente aos contratos tradicionais de locação -- na Yuca, por exemplo, permitimos a troca de unidades e/ou saída após três meses de permanência sem a cobrança de taxas contratuais; e a praticidade, tanto no fato de os apartamentos já virem 100% mobiliados quanto no suporte imediato em caso de manutenção e reparos na casa.

Como o aumento da taxa básica de juros pode impactar o modelo de habitação, em especial o coliving e a locação?

Com a alta dos juros e a quantidade expressiva de lançamentos dos últimos anos, esperamos um mercado de venda de imóveis mais desafiador. Isso porque o aumento da taxa básica de juros, a Selic, aumenta a procura por locação, já que dificulta o acesso à compra de apartamentos devido ao encarecimento do crédito.

Diante disso, as pessoas procuram alternativas para ainda conseguir morar bem, com tranquilidade, mas por um preço acessível, e é aí que entramos. Por meio de contratos flexíveis e unidades bem localizadas, decoradas e mobiliadas, a Yuca busca oferecer opções de moradia de qualidade para o maior número de pessoas possível, seja nos apartamentos individuais, seja no coliving.

Outro diferencial da operação é a frente de investimentos residenciais para renda, a Yuca Invest. Qual o público-alvo e o perfil desses investidores?

Para captar recursos para nossa operação, estruturamos diferentes produtos de investimento para diferentes públicos. Acreditamos que o investimento em residencial para renda no Brasil ainda tem muito espaço para profissionalização e crescimento e, por isso, já abrimos captações tanto para investidores individuais (com investimentos a partir de R$ 500) quanto para investidores institucionais (fundos e family offices) e mais qualificados, como, por exemplo, a captação do nosso fundo imobiliário, YUFI11, o primeiro FII no mundo com um portfólio majoritariamente de apartamentos residenciais compartilhados e um dos primeiros no Brasil voltado para renda residencial.

Como você destaca o papel das mulheres em todas as frentes de atuação da startup?

As mulheres hoje são 45% da liderança da Yuca e têm um papel essencial na inovação e no crescimento da empresa. Estamos em todas as áreas da companhia, inclusive com forte presença nas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics, ou Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português), e trabalhamos hoje com diversas vagas afirmativas tentando sempre melhorar esse número.

Além disso, a Yuca também apoia e incentiva a participação das mulheres em diferentes frentes de atuação por meio da parceria com programas como o Carolinas, o programa de mentoria de relocação profissional para mulheres negras criado pela startup de empregabilidade feminina Se Candidate Mulher.

Quais são os planos de expansão e expectativas para 2022?

Queremos ser a melhor solução de moradia para todas as fases da vida. A ideia é que possamos crescer ainda mais na disponibilidade de apartamentos para todos os nichos e em todas as áreas da cidade. Atualmente temos mais de 900 unidades sob gestão, das quais aproximadamente 63% são destinadas ao uso individual. Pretendemos fechar o trimestre já com 1.000 unidades individuais e ainda esperamos ter de seis a oito prédios 100% operados pela Yuca até o fim do ano, superando os dois que temos atualmente.

*Elisa Tawil é LinkedIn Top Voices e TEDxSpeaker. Mentora, consultora estratégica de negócios, podcaster pelo Vieses Femininos. Idealizadora e fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário. Colunista na revista HSM, no Imobi Report e na EXAME Invest. Head de Growth e Onboarding Specialist na eXp Realty Brasil.