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Be Like Mike: as lições de liderança de Arremesso Final, da Netflix

O que aprendemos com a série Arremesso Final (ou “The Last Dance”), na ESPN e Netflix, sobre Michael Jordan para o mundo da liderança e dos negócios

Michael Jordan: série The Last Dance mostra jogador da NBA como um verdadeiro líder (Kent Smith/NBAE/Getty Images)
Michael Jordan: série The Last Dance mostra jogador da NBA como um verdadeiro líder (Kent Smith/NBAE/Getty Images)
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Frederico Pompeu

Publicado em 25 de maio de 2020 às, 10h37.

Michael Jeffrey Jordan é considerado, talvez, o maior jogador da história do basquete. O que aprendemos com a série Arremesso Final (ou “The Last Dance”) é que, mais do que um jogador excepcional, mais do que sua obstinação pela vitória, ele era também um grande líder. Nos 10 episódios da série, que pode ser vista na ESPN ou na Netflix, podemos fazer vários paralelos com a vida empresarial: trabalho em equipe, respeito às diferentes personalidades que compõem o seu time, resiliência, foco em resultados, competitividade e, mais uma vez, liderança. E, assim como no mundo dos negócios, a liderança de um time de alta performance sempre tem seu preço. 

Nos minutos finais do episódio 7, Jason Hehir, o diretor do documentário, mostra para Michael Jordan uma série de vídeos, onde seus companheiros de time falam sobre sua personalidade e como MJ exigia excelência na performance dos demais. Nitidamente emocionado, ele responde: “Ganhar tem um preço e liderança tem um preço. Eu pressionei as pessoas, quando elas não queriam ser pressionadas. Eu desafiei as pessoas, quando elas não queriam ser desafiadas. Eu ganhei esse direito... Uma vez que você entra para o time, precisa viver de uma maneira semelhante a como eu vivo o jogo. Não ia me conformar com menos... Mas uma coisa que eu nunca fiz, foi pedir a eles algo que eu mesmo não estivesse disposto a fazer”. Os grandes empreendedores têm essa característica também, afinal, liderança não é ser adorado por todos, mas sim ser capaz de extrair o melhor de sua equipe, de ser respeitado e ser seguido pelos demais.

Naquela época, os Chicago Bulls ganharam 6 títulos da NBA, sendo Michael Jordan o melhor jogador das finais (MVP – Most Valuable Player) em todos os 6 campeonatos. Mas o mais interessante é que o craque já havia sido cestinha e MVP em temporadas anteriores, só que nunca conseguia ser campeão. A série mostra então que ele só começou a ganhar títulos quando começou a jogar pensando no time. Muito mérito é do seu técnico, recém promovido, Phil Jackson. Phil reforçava a tese de que o time deveria criar novas ameaças para o adversário, porque se concentrassem todos os esforços em uma única pessoa, seria mais fácil de serem neutralizados.

Traduzindo para o mundo empresarial, Phil estava preocupado com o famoso Key man risk, ou o risco de uma organização (ou um time) depender excessivamente de uma só pessoa. Foi quando outros nomes, como Scottie Pippen, também começaram a se destacar, e os Bulls ganharam seu primeiro campeonato. É claro que MJ continuaria a ser o “cestinha” e a maior estrela do time, mas como Oscar Schmidt (o Jordan do nosso país) uma vez falou: “Todos os grandes jogadores são fominhas. Você quer ser o Michael Jordan sem ser fominha?”. De qualquer forma, concluímos que talento é capaz de ganhar jogos, mas trabalho em equipe e inteligência são as características que ganham campeonatos!

Jackson, que no total ganhou 11 títulos pela NBA (6 pelos Bulls e mais 5 pelos Los Angeles Lakers), reforça seu talento como coach ao lidar com Dennis Rodman. Duas vezes eleito Melhor Jogador Defensivo da NBA, Rodman era famoso não só por ser um recordista em rebotes, mas também pelo seu estilo excêntrico, seu relacionamento com a cantora Madonna e por suas constantes mudanças nas cores no cabelo (quaisquer semelhanças com os atuais jogadores de futebol é mera coincidência). O técnico entendeu que para funcionar dentro das quadras, Rodman precisava de momentos em que pudesse extrapolar fora delas. Nos episódios 3 e 4, em um dos momentos mais engraçados da série, o diretor mostra como Rodman pediu 48 horas de folga no meio da temporada 1997-98 para fazer festa em Las Vegas. Depois que Jordan teve que ir pessoalmente resgatá-lo, Rodman treinou mais forte que todos os outros jogadores e seguiu tendo atuações brilhantes nas partidas seguintes. O respeito à individualidade é uma qualidade presente somente nos grandes líderes também.

A série Arremesso Final traz vários outros insights. Se eu fosse transcrever todos, esse texto renderia uma edição inteira da revista Exame. Destaco alguns que mais me chamaram a atenção:  

A aposta da Nike no novato Jordan, que topou investir parte relevante de sua verba de marketing daquele ano em um garoto que preferia ter assinado com a Adidas (detalhe: a expectativa da Nike era vender USD 3 milhões com o Air Jordan, quando acabaram vendendo USD 126 milhões apenas no primeiro ano); O respeito que ele tinha pelo Magic Johnson, seu adversário, não o fazia mais fraco, mas sim o inspirava. Sua obstinação pelas vitórias, e como usava as provocações dos outros jogadores para motivá-lo a jogar mais e melhor, como no caso do Isiah Thomas.

Para concluir esta coluna, deixo uma das frases que mais gosto do Jordan, e que representa fielmente não só o seu estilo de jogo, mas também a vida de todo empreendedor que conseguiu prosperar:

“Eu errei mais de 9.000 cestas na minha carreira. Eu perdi quase 300 jogos. Por 26 vezes fui encarregado de arremessar a bola que decidiria o jogo… e falhei. Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos em minha vida. E é exatamente por isso que tenho sucesso.”

Todos nós passamos por momentos difíceis na vida e na carreira, seja por uma pandemia ou por errar a bola decisiva do jogo, mas tudo passa. O importante é não nos abalarmos, levantarmos a cabeça e trabalharmos duro. Somos capazes de superar qualquer desafio. Be like Mike (Seja como Mike).