Gigantes e startups lado a lado: por que o Corporate Venture vem ganhando força?
Se ao redor do mundo vemos iniciativas como a Qualcomm Ventures e a Microsoft Venture Fund com mais de uma década de existência, no Brasil essa é uma indústria relativamente nova
Karina Souza
Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 14h07.
Corporações e startups têm se tornado aliadas cada vez mais próximas. No mundo, um a cada 4 investimentos em startups possuem participação de uma gigante, 90% dos unicórnios (startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares) contam com ao menos um investidor institucional e 7 a cada 10 empresas das 500 maiores do mundo pela Forbes possuem uma iniciativa. Uma reportagem recente da EXAME traduz esse movimento em cifras: as corporações aportaram US$ 79 milhões em startups nos três primeiros trimestres de 2020.
E não é só isso. Programas para desenvolvimento de negócios conjuntos entre as grandes empresas e as startups também já entraram para a rotina - sejam iniciativas formais ou a simples criação de regras que facilitem a contratação de fornecedores com esse perfil.
Esse conjunto de dados reforça o quanto o Corporate Venture (como são chamadas as estratégias de inovação que envolvem relacionamento entre grandes empresas e startups) está consolidado e é importante para a dinâmica de inovação - tanto das gigantes quanto das novatas.
Se ao redor do mundo vemos iniciativas como a Qualcomm Ventures e a Microsoft Venture Fund com mais de uma década de existência, no Brasil essa é uma indústria relativamente nova. Das empresas que possuem algum programa de Corporate Venture Capital (ou CVC, os programas estruturados de investimento em startups), 62% têm menos de dois anos de atuação, de acordo com dados de fontes como ACE, BTG Pactual, CB Insights e Fisher Venture Builder.
É natural. O Corporate Venture é um tipo de iniciativa que requer maturidade da corporação para que tenha maior proveito de todas as partes. Neste cenário, o Corporate Venture Capital é o estágio mais avançado dessa parceria entre startups e empresas.
Mesmo que recente, a conexão entre grandes empresas e startups nunca esteve tão forte no Brasil e este modelo de inovação vem batendo recordes de adoção no país em seus dois principais aspectos: investimentos e desenvolvimento de negócios.
Seguindo exemplos de iniciativas mais tradicionais como Vivo (Wayra) e Itaú (Cubo), Ambev e EDP, entre outros, mais empresas como Randon e Arezzo se juntaram ao clube de corporações com iniciativas sólidas com startups. Uma pesquisa da BR Angels mostrou que 4 a cada 10 grandes empresas querem nutrir relacionamento com o ecossistema de startups nos próximos dois anos.
Juntando forças
O estágio mais avançado das estratégias de Corporate Venture são os M&As - ou fusões e aquisições, quando a corporação compra a maior parte das ações dos empreendedores e pode incorporar a startup nos seus negócios ou mantê-la independente.
É o caso de uma das empresa de maior crescimento na Bolsa de Valores brasileira, a Locaweb. Desde a capitalização por meio de IPO no ano passado, a empresa já comprou seis startups, que vão desde a Melhor Envio, para reforçar a logística, até a Vindi, que oferece soluções de pagamento.
Outra gigante que cresce sua proposta de valor via aquisições de startups é a Magalu, que comprou 11 startups ao longo de 2020 - em áreas tão diversas quanto mídia e finanças.
Hora de fazer negócios
Mas se é necessário ter fôlego, porte e uma estratégia de investimentos e M&A bem definida para entrar no mundo dos investimentos em startups, os níveis mais iniciais de maturidade do Corporate Venture são bem mais democráticos (portanto, mais difíceis de mensurar de maneira precisa).
Neste grupo de iniciativas mais iniciais há algumas que dependem de uma área ou equipe de Inovação, como quando aliam-se esforços para a ida ao mercado (go-to-market) ou quando a gigante e a startup desenvolvem um produto ou serviço em conjunto.
Quanto mais andamos para a base da pirâmide, os níveis mais “de entrada” são ainda mais simples de operar e podem ser feitos por qualquer departamento da empresa: contratar startups como provedores de serviço tem se tornado mais comum - e é uma iniciativa que pode trazer grandes impactos para corporações que nunca trabalharam lado a lado com este tipo de empresa. A última capa de EXAME, com as 50 startups que mudam o Brasil, mostra muitas companhias com modelo de receita B2B - ou seja, vendem para outras empresas.
É o caso de Deskfy, Aftersale, LogComex e muitas outras, espalhadas em áreas que vão do marketing à logística, do financeiro à saúde do colaborador. O crescimento desses negócios (e cases como PagSeguro, Pipefy e Omie) mostra que não é só mais a lógica B2C e de escala (como os exemplos populares de Nubank, 99, Rappi) que manda no mercado brasileiro, e que sim, empresas estão mais abertas a terem startups como fornecedores.
Se antes existia um pouco de preconceito ou desconfiança em ser atendido por uma startup, hoje esse fator é muito menos presente, também por conta da exposição ampla do tema na imprensa e redes sociais.
Conhecimento e especialização ainda são um problema
Apesar do franco crescimento do corporate venture na indústria, ainda há um gap de conhecimento no país. Há pouca ou quase nenhuma bibliografia em portugês, e são escassos os cases e informações sobre o tema. Pensando nisso, a Exame Academy se juntou à ACE (que já ajudou dezenas das maiores empresas do Brasil a criarem e operarem seus programas de Corporate Venture) para criar uma Imersão completa no assunto. São 7 aulas ao vivo e online com referências deste mercado, como Flavio Pripas (sócio do fundo redpoint e.ventures e um dos responsáveis pela criação do CUBO), Bruno Stefani (diretor global de inovação da AB Inbev) e Renata Zanuto (co-head do CUBO), para tirar todas as dúvidas de quem enfrenta os desafios de criar programas efetivos de relacionamento com startups.
Para quem ainda está na dúvida sobre o impacto que este modelo de inovação pode ter para um negócio, recomendo conhecer o case da Wayra, a iniciativa de Corporate Venture da Vivo. No dia 25/02, Livia Brando, country manager da Wayra Brasil, vai estar no LinkedIn da Exame para uma conversa aberta sobre o assunto. Se inscreva e salve na agenda!
Corporações e startups têm se tornado aliadas cada vez mais próximas. No mundo, um a cada 4 investimentos em startups possuem participação de uma gigante, 90% dos unicórnios (startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares) contam com ao menos um investidor institucional e 7 a cada 10 empresas das 500 maiores do mundo pela Forbes possuem uma iniciativa. Uma reportagem recente da EXAME traduz esse movimento em cifras: as corporações aportaram US$ 79 milhões em startups nos três primeiros trimestres de 2020.
E não é só isso. Programas para desenvolvimento de negócios conjuntos entre as grandes empresas e as startups também já entraram para a rotina - sejam iniciativas formais ou a simples criação de regras que facilitem a contratação de fornecedores com esse perfil.
Esse conjunto de dados reforça o quanto o Corporate Venture (como são chamadas as estratégias de inovação que envolvem relacionamento entre grandes empresas e startups) está consolidado e é importante para a dinâmica de inovação - tanto das gigantes quanto das novatas.
Se ao redor do mundo vemos iniciativas como a Qualcomm Ventures e a Microsoft Venture Fund com mais de uma década de existência, no Brasil essa é uma indústria relativamente nova. Das empresas que possuem algum programa de Corporate Venture Capital (ou CVC, os programas estruturados de investimento em startups), 62% têm menos de dois anos de atuação, de acordo com dados de fontes como ACE, BTG Pactual, CB Insights e Fisher Venture Builder.
É natural. O Corporate Venture é um tipo de iniciativa que requer maturidade da corporação para que tenha maior proveito de todas as partes. Neste cenário, o Corporate Venture Capital é o estágio mais avançado dessa parceria entre startups e empresas.
Mesmo que recente, a conexão entre grandes empresas e startups nunca esteve tão forte no Brasil e este modelo de inovação vem batendo recordes de adoção no país em seus dois principais aspectos: investimentos e desenvolvimento de negócios.
Seguindo exemplos de iniciativas mais tradicionais como Vivo (Wayra) e Itaú (Cubo), Ambev e EDP, entre outros, mais empresas como Randon e Arezzo se juntaram ao clube de corporações com iniciativas sólidas com startups. Uma pesquisa da BR Angels mostrou que 4 a cada 10 grandes empresas querem nutrir relacionamento com o ecossistema de startups nos próximos dois anos.
Juntando forças
O estágio mais avançado das estratégias de Corporate Venture são os M&As - ou fusões e aquisições, quando a corporação compra a maior parte das ações dos empreendedores e pode incorporar a startup nos seus negócios ou mantê-la independente.
É o caso de uma das empresa de maior crescimento na Bolsa de Valores brasileira, a Locaweb. Desde a capitalização por meio de IPO no ano passado, a empresa já comprou seis startups, que vão desde a Melhor Envio, para reforçar a logística, até a Vindi, que oferece soluções de pagamento.
Outra gigante que cresce sua proposta de valor via aquisições de startups é a Magalu, que comprou 11 startups ao longo de 2020 - em áreas tão diversas quanto mídia e finanças.
Hora de fazer negócios
Mas se é necessário ter fôlego, porte e uma estratégia de investimentos e M&A bem definida para entrar no mundo dos investimentos em startups, os níveis mais iniciais de maturidade do Corporate Venture são bem mais democráticos (portanto, mais difíceis de mensurar de maneira precisa).
Neste grupo de iniciativas mais iniciais há algumas que dependem de uma área ou equipe de Inovação, como quando aliam-se esforços para a ida ao mercado (go-to-market) ou quando a gigante e a startup desenvolvem um produto ou serviço em conjunto.
Quanto mais andamos para a base da pirâmide, os níveis mais “de entrada” são ainda mais simples de operar e podem ser feitos por qualquer departamento da empresa: contratar startups como provedores de serviço tem se tornado mais comum - e é uma iniciativa que pode trazer grandes impactos para corporações que nunca trabalharam lado a lado com este tipo de empresa. A última capa de EXAME, com as 50 startups que mudam o Brasil, mostra muitas companhias com modelo de receita B2B - ou seja, vendem para outras empresas.
É o caso de Deskfy, Aftersale, LogComex e muitas outras, espalhadas em áreas que vão do marketing à logística, do financeiro à saúde do colaborador. O crescimento desses negócios (e cases como PagSeguro, Pipefy e Omie) mostra que não é só mais a lógica B2C e de escala (como os exemplos populares de Nubank, 99, Rappi) que manda no mercado brasileiro, e que sim, empresas estão mais abertas a terem startups como fornecedores.
Se antes existia um pouco de preconceito ou desconfiança em ser atendido por uma startup, hoje esse fator é muito menos presente, também por conta da exposição ampla do tema na imprensa e redes sociais.
Conhecimento e especialização ainda são um problema
Apesar do franco crescimento do corporate venture na indústria, ainda há um gap de conhecimento no país. Há pouca ou quase nenhuma bibliografia em portugês, e são escassos os cases e informações sobre o tema. Pensando nisso, a Exame Academy se juntou à ACE (que já ajudou dezenas das maiores empresas do Brasil a criarem e operarem seus programas de Corporate Venture) para criar uma Imersão completa no assunto. São 7 aulas ao vivo e online com referências deste mercado, como Flavio Pripas (sócio do fundo redpoint e.ventures e um dos responsáveis pela criação do CUBO), Bruno Stefani (diretor global de inovação da AB Inbev) e Renata Zanuto (co-head do CUBO), para tirar todas as dúvidas de quem enfrenta os desafios de criar programas efetivos de relacionamento com startups.
Para quem ainda está na dúvida sobre o impacto que este modelo de inovação pode ter para um negócio, recomendo conhecer o case da Wayra, a iniciativa de Corporate Venture da Vivo. No dia 25/02, Livia Brando, country manager da Wayra Brasil, vai estar no LinkedIn da Exame para uma conversa aberta sobre o assunto. Se inscreva e salve na agenda!