A influência das redes móveis e do smartphone no mercado do futebol
MP984 e audiências históricas das transmissões noYouTube do Carioca trazem à tona também o debate sobre a circunstância técnica dessas novas transmissões
Publicado em 14 de julho de 2020 às, 07h55.
Última atualização em 16 de julho de 2020 às, 12h26.
* Por Renato Citrini
Muito além de uma fonte de entretenimento, o futebol há décadas se consolidou como uma plataforma de negócios. Assim como ocorre nos mais diversos setores da indústria, o esporte tem no avanço tecnológico um de seus principais pilares para o desenvolvimento de novas fontes de receitas e ampliação de acordos comerciais. E um fator em especial está intrinsecamente conectado à expansão do relacionamento do mercado esportivo com seus consumidores: o constante aprimoramento das redes de conexão em dispositivos móveis, principalmente smartphones.
Nos últimos dez anos, o progresso das redes de conexão móvel foi aspecto fundamental para o crescimento do faturamento de organizações ligadas ao futebol, como clubes, empresas desenvolvedoras de games e emissoras de televisão. O surgimento e massificação da rede 3G gerou uma série de alterações no padrão de comportamento das pessoas, que intensificaram o uso do smartphone. Navegar pelas redes sociais, sites e trocar mensagens em diferentes lugares, a qualquer hora do dia, se tornaram hábitos comuns. Foi nesse momento, também, que os fantasy games ganharam destaque em dispositivos móveis e se solidificaram, aumentando comercialmente sua relevância no planejamento das companhias desenvolvedoras.
Nessa estrutura de avanço, o passo seguinte foi a implementação do 4G. Mais veloz, a rede proporcionou uma grande evolução na conexão dos smartphones e novas possibilidades de serviço. O alto desempenho oferecido pelo 4G impactou diretamente, por exemplo, no crescimento das assinaturas de pay-per-view. Com um dispositivo móvel veloz e uma experiência de visualização de nível elevado, as pessoas passaram a comprar o serviço para assistir aos jogos em diferentes ocasiões, desde confraternizações rotineiras com familiares e amigos até mesmo casamentos, quando não houvesse uma TV por perto.
Outro aspecto fundamental da rede 4G foi o aumento do consumo de conteúdo pelo smartphone, principalmente por meio de plataformas de streaming. A partir da percepção desta mudança de comportamento das pessoas, empreendedores começaram a investir em plataformas de streaming idealizadas especificamente para a transmissão de eventos esportivos, tanto ao vivo quanto sob demanda.
Todos os avanços tecnológicos que já tivemos nos trouxeram ao momento que vivemos atualmente. Diante do período desafiador pelo qual a sociedade está passando, a tecnologia tem sido o elo de conexão praticamente exclusivo entre o futebol e seus torcedores. Com os estádios com portões fechados ao público e, consequentemente, o silêncio nas arquibancadas, grandes ligas europeias desenvolveram sistemas de sonoplastia simulando uma torcida virtual para oferecer uma experiência imersiva aos telespectadores, criando a percepção, a partir do áudio, de que os estádios estão cheios.
Já implementado em alguns países do mundo, como Coreia do Sul, Estados Unidos, Alemanha e Emirados Árabes, o 5G é o próximo grande passo da relação entre tecnologia e o esporte como plataforma de negócios. E o smartphone, mais uma vez, será uma peça-chave para a estratégia comercial das organizações ligadas ao futebol. Em um primeiro momento, as principais mudanças serão evidenciadas pela maior velocidade em atividades comuns do cotidiano, mas, em um futuro próximo, a rede 5G será o elemento central de grandes avanços tecnológicos relacionados à Inteligência Artificial e Internet das Coisas.
Além de otimizar o mercado do futebol, o 5G será fundamental para a criação de novas plataformas de negócio e formatos de relacionamento entre clubes, empresas e torcedores. O 5G influenciará a preparação de atletas, com novos dispositivos para o monitoramento de dados relacionados à saúde e desempenho, integrados a uma única rede. Potencializará a realidade aumentada nos estádios, com os torcedores utilizando o smartphone para visualizar ações de marketing diferenciadas, e novos aplicativos para acompanhar, em tempo real, estatísticas de jogadores. Será possível, por exemplo, direcionar o dispositivo para um atleta e saber a qual velocidade ele está e quantos quilômetros percorreu em campo. É vasto e animador o universo de possibilidades.
O atual momento reforçou o posicionamento do smartphone como um centro de recursos e serviços, acelerando a integração entre pessoas e soluções tecnológicas. Com o 5G, esse aspecto será ainda mais relevante. E as organizações esportivas e empresas ligadas ao futebol que já vislumbram o mundo com o funcionamento da rede 5G e trabalham para o desenvolvimento de novas plataformas de negócios conectados a essa rede, certamente estão um passo a frente. A corrida pelo futuro tecnológico do esporte já começou.
*Renato Citrini é gerente sênior de produto da divisão de dispositivos móveis da Samsung Brasil