As melhores práticas do futuro devem ser aplicadas agora
Confira entrevista com Junior Borneli, fundador da StartSe, uma empresa de Educação Continuada com sede no Brasil e operações em várias partes do mundo
Publicado em 16 de março de 2023 às, 08h00.
Última atualização em 17 de março de 2023 às, 14h30.
Por Junior Borneli
O Junior Borneli, com quem conversamos agora, é fundador da StartSe, uma empresa de Educação Continuada com sede no Brasil e operações em várias partes do mundo, como o Vale do Silício e a China. Ele é empreendedor há mais de 10 anos e tem paixão por vendas e criação de produtos. Costuma dizer que trabalha todos os dias para “provocar novos começos”, por meio do compartilhamento de conhecimento. É autor do livro “Organizações Infinitas”, TEDx Speaker, LinkedIn Top Voice e detentor dos prêmios de Empresa Mais Inovadora do Brasil na área de Educação (2018) e Empresa Empreendedora do Ano (2017)
Junior, como você define a StartSe e quais são suas vantagens competitivas no setor de Educação Continuada?
A StartSe é uma é uma escola de negócios do Agora, que observa sinais, entende o que está acontecendo no mundo, tangibiliza isso em métodos, frames e processos, entrega esses materiais para os clientes para que eles apliquem hoje na construção do futuro dos seus negócios. Nós incentivamos testes, experimentações, busca pelos sinais, pelos indícios de qual direção é a correta e, para isso, montamos um grande ecossistema de hubs nos principais polos de inovação fora do país. Temos filiais no Vale do Silício, na China, em Israel, na Estônia, em Portugal e em Miami, onde as inovações estão acontecendo, onde os incentivos para que aconteçam, de fato existem. Estar lá nos dá a vantagem competitiva de ver muito rápido, muito cedo o que está acontecendo no mundo e a transformar isso em métodos para que nossos clientes usem agora.
Os nossos professores são executivos das principais empresas, como Tesla, Apple, Ali Baba, Facebook, Instagram, e isso nos dá uma visão do que está sendo o futuro. Por exemplo, o que está sendo feito hoje na Tesla é o que ensinamos aqui, porque os professores estão executando o que ensinam. Essa proximidade com a inovação, no momento em que ela acontece, nos aproxima de uma palavra que criamos, nowledge, (de knowledge), que significa a educação do agora. Ou seja, aquela que conseguimos aplicar agora na construção do futuro, usando as melhores práticas que estão sendo aplicadas também neste momento mundo afora.
Você sempre teve uma mentalidade voltada ao futuro? Este também é um dos seus objetivos com a StartSe?
Acredito que nosso grande desafio sempre foi tentar entender em qual direção o mundo caminha. No passado, as coisas eram mais estáveis e muitas gerações passaram pela Terra visualizando serviços que sempre foram do mesmo jeito. Hoje é tudo muito volátil, instável, muda muito o tempo todo e para cada coisa que a gente faz, devem existir 10, 15, 20 maneiras de fazer diferentes ao longo da vida. Se voltarmos ao tempo de nossos avós, ou bisavós, e perguntássemos como seria a fotografia no futuro, eles iriam falar sobre máquina analógica, papel, filme, revelação, 36 poses. Se fizéssemos uma projeção para eles sobre o futuro da fotografia, 100 anos para a frente, eles diriam que seria do mesmo jeito, porque era difícil de prever alguma mudança.
Atualmente temos um cenário onde tentamos antecipar os movimentos, os sinais, as tendências, as mínimas vibrações do que vem pela frente, ou não conseguimos acompanhar. Antes existiam pessoas e empresas que desenhavam o futuro e nós seguíamos o caminho indicado. Hoje estamos muito mais próximos da fronteira em que podemos criar o futuro. Quando a StartSe nasceu, nós tínhamos o objetivo de olhar para esse futuro e antecipar as tendências, de modo que isso pudesse ser revertido em vantagens estratégicas para as empresas.
Existe um Mindset Futurista que baliza esta busca pelo que vem à frente. Você acredita que é algo que somente poucas pessoas têm essa aptidão de antecipar e se preparar concretamente para o futuro?
O mindset futurista não é para poucas pessoas. É óbvio que algumas pessoas nascem com essa visão mais apurada sobre o futuro, conseguem olhar mais distante, tentando enxergar aquilo que poucos viram, o que chamamos de “olhar além dos montes”. Mas essa aptidão pode ser treinada, pode ser criadas com rotinas, processos, métodos, que desenvolvem essa visão futurista, o que chamamos, na StartSe, de um radar, um observatório de sinais.
Quando a pessoa é capaz de olhar para o mercado, entender o que está nas entrelinhas, passa a ter uma visão mais futurista ou de possíveis futuros que o mercado, ou aquela área de atuação específica, podem ter. Afinal de contas, o futuro hoje é muito plural, existem muitas maneiras de se fazer as coisas, de ter essa visão. Não aquela de tentar ver 30 anos à frente, porque só como visão não faz sentido. Tem que ter uma aplicação prática para hoje. O futuro se constrói hoje. Estamos indo em direção a ele, mas na verdade é um encontro: o futuro também vem em nossa direção. Esse momento de encontro é o que chamamos de antecipação, momento visionário ou de vantagem competitiva.
Qual o papel da tecnologia como uma ferramenta para o desenvolvimento de novos mercados, voltados à solução de problemas, à sustentabilidade e à ampliação de oportunidades de conhecimento, trabalho à construção de uma sociedade mais justa?
Quando usamos os recursos tecnológicos que estão à nossa disposição para evoluir um modelo de negócios, uma empresa, um serviço, de alguma maneira estamos contribuindo indiretamente para que a sociedade evolua para termos um planeta mais estável, mais evoluído, mais sustentável. Outro ponto importante é que as empresas que não estão alinhadas às questões de ESG, de sustentabilidade, de governança, têm dificuldade em contratar pessoas, porque os jovens estão mais alinhados com um propósito, com aquilo em que acreditam. Elas têm dificuldade em captar dinheiro, porque os fundos de investimento estão cada vez mais alinhados com essas questões. Isso é extremamente relevante para o planeta, para a sociedade, para um jeito de fazer com que as coisas evoluam, com o uso da tecnologia a favor da humanidade, mas também é uma necessidade de negócios. Quem não estiver alinhado com sustentabilidade, questões ecológicas, questões sociais, humanas, será preterido pelos consumidores, porque a consciência social das gerações mais jovens é cada vez maior, eles são cada vez mais movidos por propósitos e isso precisa fazer parte do DNA das empresas.
Qual a importância você dá ao compartilhamento de conhecimentos e experiências com novos empreendedores, como acontecerá no Imersão Centurion?
Compartilhar as experiências é uma das coisas mais ricas que podemos fazer. Tanto o empreendedor pequeno, como aquele que já teve muito sucesso, têm experiências que podem fortalecer um lado ou o outro. Quem é muito grande já viveu muitas coisas, já passou por muitos caminhos ao longo da sua jornada e pode ajudar o pequeno a se proteger dos buracos ou armadilhas. E quem é pequeno tem mais velocidade, mais capacidade de inovar, mais apetite, mais fome, mais desejo e pode motivar o grande a buscar caminhos alternativos não tão óbvios, ou tão claros para aquela empresa, por conta do tamanho, das complexidades que ela atingiu.
Essa troca de experiências, esse compartilhamento é sempre muito rico, todo mundo tem algo a ensinar e a aprender. Gosto também de incentivar essa troca não só entre empreendedores, mas também dentro das empresas: todos podem participar das soluções para os problemas que vivem, todos podem ouvir, ter boas ideias. Quanto mais tivermos essa prática de compartilhamento de conhecimento, de experiências, mais forte o ecossistema fica como um todo, mais fortes as empresas ficam, mais forte o mercado fica e mais preparados ficamos para tomar as melhores decisões. Nesse mundo complexo, volátil, instável, quanto mais compartilharmos angústias, oportunidades, mais teremos pessoas dividindo seus olhares e assim vamos formando melhor nossa capacidade de tomar decisões.