9 - Curie thin nodes (Data Center Knowledge)
CTO da Falconi
Publicado em 22 de abril de 2025 às 20h40.
Com a situação volátil das tarifas globais ameaçando as isenções (temporárias ou não) de bens tecnológicos, as medidas protecionistas norte-americanas pressionam globalmente os custos da inovação.
Mas, neste cenário, é justamente a digitalização que surge como rota viável para garantir a eficiência e a resiliência dos negócios.
Embora smartphones, notebooks e microprocessadores tenham sido temporariamente poupados de supertaxações, o novo fôlego ganho tem prazo de validade: em breve, a guerra comercial entre os países impactará o setor.
Daí especialistas alertarem para o risco de as medidas retardarem o avanço de tecnologias emergentes, como é o caso da inteligência artificial (IA), pelo aumento de custos de componentes semicondutores e infraestrutura digital.
Diante da instabilidade global, empresas como Apple, Oracle, Amazon, Microsoft, Meta e Alphabet, altamente integradas a cadeias globais tecnológicas, estão sendo forçadas a redesenhar sua logística e seus modelos de negócios.
Há uma razão para tanto: o medo de que haja escassez de computadores para processar seus negócios.
O Brasil também sentiu de imediato os efeitos, através do aumento no custo de hardware e das soluções tecnológicas importadas e, consequentemente, da pressão sobre orçamentos corporativos.
Com as tarifas elevando os custos dos componentes, o país, que é altamente dependente de importações (hardware e software) para montar sua estrutura digital, sofrerá um efeito indireto imediato: inflação tecnológica.
Tanto as empresas que consomem tecnologia - e entre elas podemos listar setores como o financeiro, varejo e a indústria, por exemplo - quanto os provedores locais de soluções, sejam integradores, data centers ou desenvolvedores de software, vão pagar mais caro por tecnologia.
Nesse ambiente adverso, a eficiência digital ganha protagonismo. Em vez de cortar iniciativas tecnológicas, as empresas mais preparadas estão dobrando a aposta na transformação digital como estratégia de mitigação de riscos e alavanca de produtividade.
O International Data Corporation (IDC) projeta que os investimentos em transformação digital na América Latina vão superar US$ 80 bilhões em 2025, mais da metade deles no Brasil. Automação de processos, big data analytics e inteligência artificial já não são mais apostas futuras: são movimentos urgentes.
Não à toa, dados do Instituto de Engenharia de Gestão (IEG) mostram que 58% dos Centros de Serviços Compartilhados (CSCs) brasileiros já priorizam a adoção de IA como forma de escalar operações com menor impacto financeiro.
Não se trata de movimento isolado. O Plano Brasil Digital 2030+, lançado recentemente pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), reconhece a digitalização como vetor essencial para o crescimento sustentável, inclusão e posicionamento do país nas cadeias globais.
O plano propõe uma articulação público-privada com foco em infraestrutura, capacitação e inovação — e é uma resposta institucional à urgência imposta por crises externas como essa.
A guerra comercial em andamento deixa uma lição clara: em um mundo cada vez mais instável, não há espaço para inércia. O Brasil precisa debater o tema da soberania digital.
Tanto que soluções para armazenar dados localmente, reduzir dependência de fornecedores estrangeiros e fomentar a produção local de componentes críticos vêm ganhando tração na formulação de políticas públicas.
A digitalização não é mais um diferencial competitivo — é uma condição de sobrevivência. E a eficiência digital, hoje, é o único caminho possível para transformar vulnerabilidade em resiliência estratégica.