Ativação da Coca-Cola no Rock in Rio (Foto/Divulgação)
Colunista
Publicado em 8 de agosto de 2023 às 13h39.
Ser Top of Mind é um ótimo indicativo que algo está sendo feito de maneira correta pela marca. É motivo de orgulho e celebração ser premiado em pesquisas como a do Datafolha, que faz uma pesquisa nacional e capta a lembrança das marcas distribuídas nacionalmente, ou do Instituto IPESO, que foca seus estudos no estado de São Paulo e em capitais específicas e tem um rico relatório sobre as grandes marcas regionais que são destaques locais.
Ser Top of Mind significa que a marca é lembrada por muitos consumidores daquela categoria. Essas marcas, pelo seu poder de estar presentes no dia a dia das pessoas, costumam ser referências do segmento, sempre na cabeça dos consumidores quando eles avaliam os concorrentes. Mas isso não significa que a marca está saudável, ou que atingiu todo o seu potencial.
Nem sempre a marca mais lembrada é a mais VALORIZADA pelos consumidores. Uma marca valorizada significa que as pessoas estão inclinadas a pagar mais por ela. Uma marca valorizada precisa de menos promoção de preço ou ações de comunicação para vender mais. Tudo isso indica uma VANTAGEM COMPETITIVA – a marca em função de gastos maiores e preço médio acima da concorrência consegue ter MAIS LUCRATIVIDADE.
Veja o mercado de cachaças. A Top of Mind é a cachaça 51, mas não podemos dizer que ela é uma marca valiosa. Outras podem ser menos lembradas, mas conseguem vender mais caro, ou serem vistas como melhores aos olhos dos consumidores. A 51 é a mais lembrada, mas não é aquela que tem maior potencial de gerar valor! Isso acontece porque a marca gera lembrança pelo seu tamanho e força de mercado. Mas ela não tem credencias que gerem valor. Ela é uma commodity, precisa vender a preços baixos, com muita promoção e comunicação para continuar a ser comprada.
Mesmo para marcas Top of Mind, é preciso saber gerar valor! E esse é o trabalho do BRANDING.
Gerenciar marca tem que ir além de construir lembrança. É preciso criar relevância e superioridade em relação aos concorrentes. E para isso é preciso outros três elementos além de ser conhecida:
Para construir esse valor é preciso conhecer dois aspectos igualmente importantes e muitas vezes negligenciados: 1) o que a empresa é e o que ela pode oferecer para o mercado; e 2) o que as pessoas desse mercado desejam comprar.
A partir desse olhar é possível traçar uma proposta de valor que traga à tona os benefícios relevantes que a empresa tem ou precisa ter para atrair consumidores. Assim se quebra a lógica do preço baixo e se consegue vender acima da média de mercado, como fazem a Apple, a Coca-Cola, a Adidas, a Nike e tantas outras.
(O valor da marca ajuda a marca a ser lembrada, mas também cria diferenciação e valor!)
Criar esse conceito de marca não é um processo mágico, ou criativo. É um processo científico, de análises e discussões; e um processo de gestão, onde se como orientar as decisões empresariais, definido objetivos para a marca e para o negócio, e acompanhando os resultados.
Branding não é publicidade, e não demanda (necessariamente) investimentos adicionais. Ele ajuda a investir certo! Ele é um processo que organiza e dá sentido às ofertas da empresa, e a partir daí direciona novos produtos, simbologias de embalagens, estímulos de pontos de venda e comunicação, e canais de mídia e eventos ideais.
Uma marca bem construída pode ser Top of Mind. Mas uma marca Top of Mind nem sempre é bem construída. O conhecimento de marca é apenas o início de um trabalho que pode gerar muito valor.