Cidade de São Francisco, nos EUA: vendas de imóveis usados em 2024 atingiram o nível mais baixo desde 1995 ( Cosmic Timetraveler/Unsplash)
Publicado em 19 de abril de 2025 às 08h00.
Por Dr. Faustino Júnior*
O cenário geopolítico internacional passa por uma transformação significativa. A retomada do discurso protecionista por parte dos Estados Unidos, liderada por Donald Trump, reacendeu políticas de incentivo à produção interna e restrição às importações — um movimento que ecoa estratégias históricas do pós-crise de 1929 e do período pós-guerra. O novo “tarifaço” não apenas encarece produtos vindos de fora, como também reorganiza fluxos de capital e reposiciona incentivos econômicos com foco no mercado doméstico.
Esse movimento já gera reflexos. Embora a inflação ainda esteja tecnicamente contratada e os juros não tenham sido elevados no momento desta análise, o consenso entre analistas é de que os próximos trimestres podem ser marcados por um novo ciclo de aperto monetário. Se isso se confirmar, a pressão sobre o crédito tende a aumentar, principalmente sobre os financiamentos imobiliários. A inadimplência, que já dá sinais de alta, pode se acentuar — ampliando a oferta de imóveis e terrenos em leilões judiciais, como já começa a ocorrer em estados-chave.
Historicamente, momentos como este — marcados por instabilidade, aperto fiscal e excesso de oferta — antecedem ciclos relevantes de valorização de ativos. Os Estados Unidos, com um dos mercados imobiliários mais líquidos e juridicamente seguros do mundo, já provaram isso diversas vezes. Para investidores atentos a fundamentos e horizonte de longo prazo, esse pode ser um dos melhores pontos de entrada dos últimos anos.
Além da segurança institucional e do poder de consumo do país, o investidor estrangeiro encontra um sistema tributário altamente estratégico. O direito tributário norte-americano prevê benefícios relevantes, como:
Uma proposta que ganha força nos bastidores políticos americanos é o chamado Golden Card, inspirado nos “Golden Visas” já adotados por países europeus. A ideia é oferecer incentivos fiscais e imunidade tributária parcial a holdings e estruturas familiares que invistam em setores considerados estratégicos — como o imobiliário, tecnológico e de infraestrutura.
O diferencial dessa iniciativa seria permitir o uso dos benefícios sem a obrigatoriedade de residência nos EUA. Isso atrai empresários globais interessados em dolarizar parte de seus ativos, preservar patrimônio em moeda forte e usufruir de segurança jurídica — sem abrir mão de sua base de operação em outros países. O Golden Card pode, portanto, reforçar ainda mais a atratividade do mercado imobiliário americano como plataforma internacional de blindagem e crescimento patrimonial.
Esse cenário não passou despercebido por empresários brasileiros que já atuam com visão global. De forma estratégica e com foco no longo prazo, grupos privados vêm se organizando para acessar essas oportunidades com inteligência coletiva e escala.
Entre essas iniciativas está a American Associates Alliance (AAA) — uma comunidade privada formada por empresários brasileiros com atuação internacional e interesse em consolidar investimentos em solo americano. A AAA já conta com mais de 30 membros, cujos faturamentos somados ultrapassam a marca de US$ 1 bilhão, atuando em setores como saúde, tecnologia, educação, construção civil e finanças.
O objetivo deste membership é oferecer acesso a informações qualificadas, oportunidades de internacionalização patrimonial e veículos de investimento orientados à preservação e multiplicação de capital em moeda forte — por meio de fundos imobiliários próprios, integração com ativos digitais, projetos residenciais de alto padrão nos EUA e soluções de inteligência tributária internacional.
Investimentos estratégicos impõe olhar geopolítico em tempos de reconfiguração global
A nova fase mercantilista, impulsionada por mudanças geopolíticas e reajustes fiscais nos Estados Unidos, está criando um ambiente fértil para reposicionamento estratégico de capital. Em um mundo onde a volatilidade passou a ser o novo normal, ter parte do patrimônio atrelado ao dólar, com benefícios fiscais e exposição a ativos tangíveis, é mais do que uma tendência — é uma medida de sobrevivência estratégica.
A combinação entre geopolítica, economia e tributação exige atenção redobrada dos investidores brasileiros que desejam proteger e expandir seus patrimônios. E, para os que entendem o momento e se posicionam com visão de longo prazo, as maiores oportunidades não surgem no pico da confiança — mas sim nos valores da incerteza.
Faustino Júnior* é advogado tributarista, empreendedor digital e investidor imobiliário
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