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As 6 tendências que vão movimentar o varejo em 2024

Inflação está bem mais controlada, os juros começaram a cair e a economia deu sinais de melhora

Inflação está bem mais controlada, os juros começaram a cair e a economia deu sinais de melhora (Germano Lüders/Exame)
Inflação está bem mais controlada, os juros começaram a cair e a economia deu sinais de melhora (Germano Lüders/Exame)

Após um ano muito desafiador para o varejo estamos começando 2024 com o mar aparentemente mais calmo e alguns ventos a favor para ajudar o empreendedor brasileiro. A inflação está bem mais controlada, os juros começaram a cair e a economia deu sinais de melhora.  

Um dos motivos para isto é que os varejistas que sobreviveram a explosão de custos da mídia digital, alta rápida e expressiva dos juros, fim da abundância de capital e deterioração do poder de compra, além do endividamento dos consumidores saíram do outro lado mais forte.  

Dada essa jornada, em 2024 acredito que seis tendências vão ganhar mais força - quem não prestar atenção pode perder espaço. 

1) Inteligência Artificial (IA) como fonte de eficiência 

Muito se fala sobre os avanços da inteligência artificial e alguns comentam sobre esse avanço ameaçar o trabalho dos humanos. Na minha opinião, o que realmente está acontecendo é que os principais cases de utilização de IA estão focados em ganho de eficiência em processos operacionais.  

Segundo Daniela Braga, fundadora da Defined.ai. "Em média, as ferramentas de IA aumentam o rendimento do usuário empresarial em 66%. Ao realizar tarefas repetitivas, o maior caso de melhoria é em programação, redação de documentos empresariais e suporte ao cliente." 

O que provavelmente vai fazer com que essa tendência escale ainda mais rápido em 2024, popularizando ferramentas como o ChatGPT que atingiu mais de 100 milhões de usuários em 2 meses, quebrando o recorde do TikTok que demorou 9 meses e anteriormente o Youtube que fez isso em 1,5 ano. 

Portanto, devemos cada vez mais encontrar o uso de IA no nosso dia a dia, nossas empresas e no varejo como um todo. Certamente isso vai nos proporcionar atendimentos mais rápidos, jornadas de compra mais personalizadas, posts mais assertivos, descrições e vídeos comerciais melhores. 

2) Varejo de Proximidade e Local Business 

É quase impossível pensar numa jornada de compra de algum produto ou serviço atualmente que não se inicie pelo digital – seja para consultar fotos, avaliações, pesquisas iniciais. A consequência direta disso é a digitalização dos negócios – independente se o varejista está ativamente se digitalizando ou não.  

O desafio então é impulsionar essa tendência e trabalhar de maneira inteligente para gerar mais clientes através do digital. O primeiro passo é ter o cadastro atualizado nos principais diretórios online, mas cuidado, foque apenas naqueles que são realmente relevantes para o seu negócio, não adianta estar presente em diretórios que os seus consumidores não usam. Sugiro uma atenção especial a sua ficha técnica no Perfil da Empresa do Google (ex-Google Meu Negócio), pois um bom tratamento aqui com boas fotos, informações completas, respostas aos comentários dos clientes e formas de contato atualizadas certamente vão gerar mais tráfego na sua loja física.  

Dada a relevância do Google, essa dica é válida para todos os nichos de negócios. Seja para quando você está precisando de um remédio a noite, é só digitar farmácia aberta perto de mim e explorar as opções na sua região, seja para buscar um posto de gasolina no caminho para o trabalho ou ainda descobrir um novo restaurante que sirva a sua culinária preferida perto de casa. 

Esse é um benefício do Google para o consumidor e lojista. Algo gratuito, mas que precisa ser cuidado, pois os clientes vão ajudá-lo deixando avaliações, comentários e esperam ser respondidos. As avaliações positivas são um marketing orgânico de alta credibilidade para um novo cliente, afinal nada melhor do que o seu cliente falar de você para um potencial cliente. Quanto melhor esse canal de atração for tratado, mais força localmente o seu negócio irá ganhar – de reputação e SEO também. Somado a oportunidade de investimento em marketing digital de maneira local, pode ser bem mais assertivo e otimizar os seus esforços de atração de clientes com aumento de vendas. Recomendo a leitura do artigo, Como reduzir o seu CAC através da experiência do seu cliente, para maior aprofundamento no tema. 

3) Presença Massiva do Canal Conversacional  

O Whatsapp escalou como sendo o canal de preferência para os usuários, pois tem se mostrado barato, conveniente, eficiente e instantâneo. Definitivamente já faz parte da rotina dos brasileiros e os dados da Accenture reforçam isso, no Brasil, ele é utilizado por 99% das pessoas e 83% o utilizam como canal de compra. O efeito dessa popularização tem feito com que os clientes exijam das marcas esse tipo de canal de atendimento e de venda.  

 

Não à toa, o modelo de venda conversacional, no qual as pessoas possam iniciar e finalizar uma compra por meio de uma conversa e no mesmo ambiente, está se popularizando. Não é mais uma coisa de empresa grande ou uma peculiaridade de um setor e sim um fato que já avançou verticalmente e horizontalmente no ecossistema de negócios no Brasil. 

 

Em pesquisa recente do Sebrae, aproximadamente 70% das MPE brasileiras usam ferramentas digitais para realizar vendas. O levantamento aponta ainda que 40% das vendas dos pequenos negócios brasileiros vêm do canal digital. As plataformas mais usadas pelos pequenos negócios para fazer negócio são WhatsApp (56%), Instagram (43%) e Facebook (23%). O que evidencia a relevância do canal conversacional como o mais importante para o pequeno negócio.  

 

Nos grandes varejos é comum você utilizar esse canal em moda, mas durante a pandemia houve uma explosão nos segmentos de farmácias e supermercados. Até mesmo o varejo premium, que era mais resistente, também tem utilizado muito bem o formato conversacional para uma venda mais assistida ou mesmo consultiva. Enfim, são muitos os exemplos e aplicações e certamente em 2024 vamos ver isso se consolidar ainda mais. 

4) Retail Media 

O fenômeno do Retail Media vem ganhando escala globalmente e para varejistas como a Amazon essa cifra está estimada em $45Bi (quarenta e cinco bilhões de dólares) para 2023 e com projeção de ultrapassar os $50Bi em 2024. A gigante chinesa Alibaba vem logo atrás com cerca de outros $42Bi. 

Este movimento vem da percepção de que os varejistas são muito relevantes quando o assunto é tráfego e intenção de compra, ou seja, se tem muita gente visitando o seu site ou loja, a tendência é que você passe a entender o que elas querem. De um lado temos potencial de monetização dos grandes varejistas, do outro espaço para indústrias e varejistas menores anunciarem nessa nova mídia ultra nichada. 

Em um momento no qual todos os negócios buscam novas linhas de receitas e formas de melhorar a sua saúde financeira, essa parece ser uma tendência que todos os grandes varejistas deveriam correr atrás. Existem diversas tecnologias que podem ajudá-los a gerenciar ads dentro do seu site e inclusive trazer as marcas e anunciantes para a relação. 

Na outra ponta, parece ser um “novo canal” para atração e conversão para os pequenos varejistas aproveitarem e realizarem anúncios com custos mais baixos, pelo menos por enquanto, mas com um grau de personalização bastante atraente, além de uma mídia mais fluida e totalmente integrada a jornada do consumidor. 

5) Creators 

Os creators são produtores de conteúdo que mais do que apenas divulgar a sua marca, essa pessoa bola uma estratégia de conteúdo com base no seu público e na sua marca. Um recente estudo da Factworks para Meta trouxe que já são 20 milhões de creators no Brasil. Desta forma é possível acessar novos públicos, gerar engajamento e surfar as tendências de cada nicho através dessas parcerias.  

A guerra pela atenção do consumidor diante desse bombardeio de informações que somos submetidos diariamente passa ser um desafio de todo negócio. Afinal, quem tem a atenção é quem poderá ofertar algo e conquistar o cliente. Um detalhe importante aqui é que as marcas que não estão gerando conteúdo, então sendo trocadas por criadores de conteúdo que estão desenvolvendo as suas próprias marcas.  

Para ter dimensão desse mercado, a Bianca Andrade, fundadora da Boca Rosa Beauty, faturou R$180MM em 2022 e encerrou o contrato com a Payout (parceira de produção, distribuição e venda dos produtos Boca Rosa) – agora em 2024, ela passa a ter controle total da cadeia de produção dos produtos. Esse é um passo importante para atingir a meta do grupo de R$1Bi de faturamento em 2030.  

Outro exemplo é o da Cimed: depois de lançar o Carmed Fini (hidratante labial colab com a Fini) e vender em um mês R$23,5MM, a partir dessa forma criativa de embalar as campanhas de hidratantes labiais fizeram com que o tamanho de mercado do produto fosse triplicado (passando de 1 milhão de unidades mês para 3 milhões de vendas mensais). Já o novo lançamento foi o Carmed BFF com as atrizes Larissa Manoela e Maísa. Em uma live reuniram 8 mil pessoas do B2B e venderam R$40MM em apenas 20 minutos.  

6) PIX como plataforma 

A última tendência e não menos importante é a expansão do uso do PIX e as diversas aplicações dele. Cada vez mais está evidente que o PIX é uma plataforma de negócios e menos um meio de pagamento.  

Portanto, será comum acompanharmos o desenvolvimento dele a partir de ondas, sendo a 1ª onda a adoção do PIX entre pessoas, resolvendo as divisões do aluguel da quadra, da compra do churrasco, entre outras situações do nosso cotidiano. A 2ª onda foi a inclusão do PIX nos pequenos pagamentos do nosso dia a dia, como compras de pequeno valor em geral sendo realizadas em autônomos e PMEs. A 3ª onda que estamos vivendo agora é a expansão do PIX nas transações entre pessoas e empresas, a qual ainda tem alguns desafios como eu abordo no artigo “Pix no e-commerce é uma tendência para se apostar em 2022”. 

Já para 2024 devemos assistir o crescimento de fintechs utilizando o PIX como plataforma para as mais diversas funções com o objetivo de tornar mais fluída a transação de pagamentos e a jornada de compra e cobrança dos consumidores. Em paralelo ao avanço do mercado, o BACEN continua com a sua agenda de evolução onde devemos assistir a expansão do PIX nos próximos anos nas frentes de Pix Agendado, Pix Parcelado, Offline e Internacional.  

Com tantas novidades e um ecossistema empreendedor trabalhando em cima dele, certamente vamos continuar a assistir o avanço dele nas mais diversas frentes e aplicações de negócios. 

Essas são 6 tendências que precisam estar no radar do empreendedor brasileiro em 2024. São bons caminhos para melhorar o resultado do seu negócio, aumentar as vendas e encantar os seus clientes. Afinal, o consumidor está cada vez mais conectado e exigente, mas ao mesmo tempo nunca esteve tão propenso a novas experiências e aberto a novas marcas. Então aproveitem! Um 2024 cheio de clientes e muitas vendas para todos nós!!!