Vitamina D (pinkomelet/Getty Images)
Mariana Martucci
Publicado em 30 de novembro de 2020 às 16h56.
Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 08h58.
Estudos recentes indicam que a vitamina D tem um papel importante na prevenção de infecções contra o novo coronavírus. Mas uma nova pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) descobriu que uma grande dose do nutriente pareceu não ser capaz de reduzir a gravidade da doença, ao contrário do que evidências anteriores sugeriram. O estudo, divulgado no dia 17 de novembro, ainda não passou pela revisão por pares.
Pesquisadores da USP analisaram 240 pacientes hospitalizados com covid-19 em estágio grave entre junho e outubro. Metade dos pacientes recebeu, aleatoriamente, uma grande dose única de 200.000 UI de vitamina D3. Já a outra metade, recebeu um placebo.
A dose utilizada no estudo, de 200.000 UI, é 500 vezes maior que a quantidade diária recomendada de vitamina D — muito além do que a maioria das pessoas tomaria regularmente.
Foi descoberto que os pacientes que receberam a vitamina não mostraram nenhuma melhora, pasando, em média, a mesma quantidade de tempo no hospital que o grupo que havia recebido placebo. Também apresentaram a mesma probabilidade de precisar de cuidados intensivos, tratamento com ventilação ou falecer devido à doença, sugerindo que a vitamina D possa não ser um tratamento eficaz para o coronavírus grave.
A pesquisa, no entanto, possui algumas limitações. Todos os pacientes que participaram do estudo já haviam desenvolvido casos graves de covid-19. Estudos anteriores apontavam que a vitamina D pode ser eficaz caso seja administrada precocemente, antes da doença piorar. Outra limitação é que os pacientes estavam internados no Brasil, país tropical onde as pessoas são menos propensas a possuir deficiência de vitamina D. Portanto, é importante a realização de exames para saber o nível da vitamina no organismo, para descobrir se é, ou não, necessário suplementação extra.
Estudos anteriores apontavam para uma ligação entre a falta de vitamina D e um risco mais grave de infecção pelo coronavírus. Os estudos, no entanto, observaram apenas os resultados gerais dos pacientes, não sendo possível determinar se a vitamina D foi o agente principal de melhora nos resultados.
O estudo divulgado pela USP também mostrou que dar vitamina D aos pacientes, mesmo em uma dose muito grande, não provocou efeitos colaterais negativos. Os pesquisadores descobriram que dos 120 pacientes que receberam a dose de 200.000 UI, apenas um teve uma reação negativa, apresentando vômito após a dose.