Maria Eduarda Cury
Publicado em 11 de setembro de 2020 às 17h47.
Última atualização em 11 de setembro de 2020 às 18h37.
Opiniões radicalmente diferentes no mundo todo sobre a segurança, eficácia e importância das vacinas destacam o desafio que autoridades de saúde enfrentarão quando uma vacina contra a covid-19 for aprovada.
Em países como Coreia do Sul, Indonésia, Paquistão e Polônia, a confiança nas vacinas diminuiu nos últimos anos, de acordo com estudo publicado na quinta-feira na revista The Lancet. Embora o apoio para vacinas na Europa permaneça baixo em comparação com outras regiões, há sinais de que a confiança aumenta na Finlândia, França, Itália, Irlanda e Reino Unido, concluiu o relatório.
Os autores disseram acreditar que sua pesquisa — que entrevistou mais de 284.000 adultos em 149 países entre 2015 e 2019 — é a maior iniciativa até agora para medir a confiança global nas vacinas.
A instabilidade política e o extremismo religioso em vários países alimentam o ceticismo, enquanto a disseminação de desinformação ameaça interromper os programas de vacinação ao redor do mundo, concluiu o estudo. A menor confiança pode levar a atrasos e desencorajar pessoas a tomar vacinas, contribuindo para surtos de doenças como sarampo, poliomielite e meningite.
“Tem sido muito volátil”, disse Heidi Larson, professora na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres que liderou a pesquisa. O relatório pode ajudar a determinar “onde haverá mais confiança e preparação necessária para as vacinas da covid-19”.
O problema evolui de maneira diferente no mundo todo.
O número de pessoas que discordam veementemente de que as vacinas são seguras aumentou significativamente em seis países, incluindo Azerbaijão, Afeganistão e Sérvia, de acordo com os resultados. Nas Filipinas, as preocupações com a vacina contra a dengue provocaram forte queda da confiança, o que também pareceu afetar a vacinação de rotina, de acordo com a pesquisa.