Ciência

Vacina de Oxford poderia evitar covid-19 grave, diz especialista

Os resultados “não são uma decepção”, mas consultor da Warp Speed acrescentou que mais análises devem ser feitas

Vacina: duas doses da proteção tiveram 70% de eficácia (gett/Getty Images)

Vacina: duas doses da proteção tiveram 70% de eficácia (gett/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 24 de novembro de 2020 às 10h51.

O responsável pelo programa de vacinas contra o coronavírus do governo dos EUA disse que, segundo a AstraZeneca, 16 participantes que receberam placebo no ensaio clínico da empresa contraíram covid-19 grave, um sinal de que a injeção poderia evitar os piores casos da doença.
A farmacêutica britânica e sua parceira, a Universidade de Oxford, disseram na segunda-feira que nenhum dos participantes do ensaio que recebeu a vacina ficou gravemente doente e que nenhum dos pacientes desse grupo foi hospitalizado.

“Isso é muito importante”, disse Moncef Slaoui, consultor científico-chefe da Operação Warp Speed, em entrevista à Bloomberg News. “É animador.”

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Slaoui revelou os dados do grupo de placebo depois que a Astra e a Oxford disseram que sua vacina impediu que 70% das pessoas contraíssem Covid-19, em grandes ensaios realizados no Reino Unido e no Brasil. No entanto, muitos observadores ficaram confusos com os resultados: a injeção foi 62% eficaz quando administrada em duas doses completas, mas mostrou 90% de eficácia quando os pacientes receberam meia dose, seguida de uma dose completa.

“Precisamos entender exatamente por que existem essas diferenças e, com sorte, identificar meios pelos quais poderíamos fazer com que todas as vacinas funcionassem com 90% de eficiência”, disse Slaoui, especialista em imunologia e ex-chefe da divisão de vacinas da GlaxoSmithKline. Embora as diferenças possam estar relacionadas a um evento fortuito, disse, “a grande mensagem é a eficácia razoável geral”.

Os resultados “não são uma decepção”, mas Slaoui acrescentou que mais análises devem ser feitas para identificar como a vacina se compara às candidatas da Pfizer, BioNTech e Moderna. As vacinas dessas empresas mostraram cerca de 95% de eficácia na prevenção de doença sintomática.

Se a injeção da Astra puder impedir que as pessoas desenvolvam casos graves de Covid, isso seria animador, disse Soumya Swaminathan, cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde, em entrevista à Bloomberg Television na terça-feira.

“O principal objetivo da vacinação é, primeiro, reduzir a mortalidade, prevenir o maior número possível de mortes e, então, claro, reduzir a transmissão”, disse Swaminathan. “Em ambos, queremos ver mais dados.”

A porta-voz da AstraZeneca, Michele Meixell, disse que os dados dos ensaios clínicos serão publicados em uma revista médica revisada por especialistas no prazo devido.

Slaoui disse que, nas próximas duas a três semanas, os EUA terão mais dados sobre a resposta imune gerada pela vacina Astra-Oxford e entenderão melhor por que a dose mais baixa resultou em uma resposta mais significativa, que descreveu como contraintuitiva. Normalmente, quanto maior a dose, maior o efeito sobre o sistema imunológico, disse Slaoui.

A vacina Astra-Oxford também é testada nos Estados Unidos, onde um estudo mais amplo em estágio final vacinou 10,5 mil participantes com ambas as doses da vacina. Os resultados desse outro estudo podem ser fundamentais para uma autorização de uso emergencial dos reguladores americanos.

A FDA, que regula fármacos e alimentos nos EUA, deve avaliar tanto ensaios no país quanto no exterior quando tomar a decisão, de acordo com Slaoui, que disse ter conversado com Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica da agência, sobre os resultados da vacina Astra-Oxford e o caminho para uma autorização de uso emergencial.

“É muito provável que, como nós na Operação Warp Speed, a FDA queira entender por que há uma diferença” nos níveis de eficácia, disse Slaoui. “É claro que precisamos entender isso antes que tal decisão seja tomada.”

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