Ciência

Vacina de Oxford contra covid-19 pode ser até 90% eficaz

A AstraZeneca afirma que sua vacina é "altamente eficaz" e destaca que nenhum voluntário desenvolveu formas graves do novo coronavírus

A vacina foi 90% eficaz quando administrada em meia dose seguida de uma dose completa (Paul Biris/Getty Images)

A vacina foi 90% eficaz quando administrada em meia dose seguida de uma dose completa (Paul Biris/Getty Images)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 06h26.

Última atualização em 23 de novembro de 2020 às 08h48.

O laboratório britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram nesta segunda-feira em um comunicado conjunto que a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela parceria mostrou eficácia de 90% nos testes.

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A vacina foi 90% eficaz na prevenção do covid-19 quando administrada em meia dose seguida de uma dose completa com intervalo de pelo menos um mês, de acordo com dados de ensaios em estágio final na Grã-Bretanha e no Brasil.

"A eficácia e segurança desta vacina confirmam que será muito efetiva contra a covid-19 e que terá um impacto imediato nesta emergência de saúde pública", afirmou o CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, no comunicado.

A AstraZeneca afirma no comunicado que sua vacina é "altamente eficaz" para prevenir a doença e destaca que durante os testes nenhum voluntário desenvolveu formas graves do novo coronavírus, nem precisou de hospitalização. Além disso, a vacina utiliza uma tecnologia mais tradicional que a dos concorrentes, o que torna menos cara e mais fácil de armazenar, pois não precisa ser armazenada a uma temperatura muito baixa.

O laboratório informou que não houve eventos graves de segurança relacionados à vacina e ela foi bem tolerada em diferentes regimes de dosagem. A eficácia variou de 62% a 90%, dependendo da dosagem administrada, disseram os parceiros. AstraZeneca e Oxford disseram que a eficácia média na análise foi de 70%.

Como estamos?

Das 48 vacinas em fase de testes, apenas 11 estão na fase 3, a última antes de uma possível aprovação. São elas a chinesa da Sinovac Biotech, a também chinesa da Sinopharm, a britânica de Oxford em parceria com a AstraZeneca, a americana da Moderna, da Pfizer e BioNTech, a russa do Instituto Gamaleya, a chinesa CanSino, a americana Janssen Pharmaceutical Companies e a também americana Novavax.

Quem terá prioridade para tomar a vacina?

Nenhuma vacina contra a covid-19 foi aprovada ainda, mas os países estão correndo para entender melhor qual será a ordem de prioridade para a população uma vez que a proteção chegar ao mercado. Um grupo de especialistas nos Estados Unidos divulgou em setembro uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

Segundo o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde, socorristas, depois pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase, pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas.

A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

Quão eficaz uma vacina precisa ser?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.

Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

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