Ciência

Vacina contra covid-19 da Novavax tem eficácia de 90%

Sem internações ou óbitos, a vacina foi 100% eficaz na prevenção de casos moderados a graves

 (Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

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André Martins

Publicado em 14 de junho de 2021 às 08h33.

Última atualização em 14 de junho de 2021 às 08h43.

A farmacêutica americana Novavax anunciou nesta segunda-feira, 14, que sua vacina contra o novo coronavírus se mostrou 90% eficaz em um amplo estudo de fase 3 — o último necessário antes de uma aprovação — nos Estados Unidos e México.

Segundo a farmacêutica, os testes foram realizados com 30.000 pessoas. Cerca de 20.000 voluntários foram designados aleatoriamente para receber duas doses da vacina e 10.000 receberam injeções de placebo e serviram como grupo de controle.

No geral, 77 casos de covid-19 foram observados entre os voluntários do estudo: 63 no grupo placebo e 14 no grupo que recebeu a vacina. Isso sugere que a vacina da Novavax foi 90,4% eficaz na prevenção de doenças sintomáticas.

Todos os 14 casos entre as pessoas que receberam a vacina foram leves. Sem internações ou óbitos, a vacina foi 100% eficaz na prevenção de casos moderados a graves. 

Entre a população mais vulnerável - incluindo idosos e aqueles com exposição frequente ao vírus - a vacina Novavax foi 91% eficaz.

A farmacêutica também disse que a vacina foi cerca de 93% eficaz na prevenção contra variantes mais recentes do novo coronavírus, como a Alpha, que se tornou predominante nos Estados Unidos. 

O estudo não encontrou problemas de segurança, com os efeitos colaterais mais comuns sendo dor no local da injeção, fadiga, dor de cabeça e dores musculares. 

A fórmula da Novavax é diferente das utilizadas por outras farmacêuticas, pois usa proteínas do próprio vírus para ativar uma resposta imune.

A farmacêutica havia anunciado anteriormente resultados de estudos menores no Reino Unido e na África do Sul que sugeriam que sua vacina de duas doses funciona.

O presidente-executivo da empresa, Stanley C. Erck, informou que a Novavax solicitará autorização de uso em alguns países, sem detalhar quais, a partir do terceiro semestre deste ano. 

Erck também disse que o processo de pedido de uso emergencial na FDA, agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, pode demorar mais do que em outras partes do mundo e antecipou que a vacina terá impacto por meio da iniciativa Covax Facility, consórcio internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem como principal objetivo acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas contra a covid-19 e garantir acesso igualitário à imunização. A Novavax prometeu 1,1 bilhão de doses à Covax.

“Grande parte da nossa vacina será direcionada nos estágios iniciais da Covax ... e, portanto, muitas dessas doses chegarão primeiro aos países de baixa e média renda, o que é uma coisa boa”, disse Erck.

O Brasil não tem acordo com a farmacêutica americana, mas caso receba o pedido de uso e ela seja autorizada, existe a possibilidade de receber a vacina por meio do Covax. O Brasil fechou acordo para 42,5 milhões de doses contra a covid-19 por meio do consórcio. 

Se a vacina da Novavax for aprovada nos Estados Unidos, será uma grande vitória para a empresa de biotecnologia, que nunca produziu um medicamento autorizado em seus 34 anos de história.

A vacina Novavax foi uma das seis candidatas nas quais o governo dos Estados Unidos fez uma grande aposta, investindo US$ 1,6 bilhão pelo desenvolvimento do imunizante e um pedido antecipado de 110 milhões de doses. A empresa também recorreu ao mercado, e levantou mais 250 milhões de dólares em uma oferta secundária para custear o desenvolvimento.

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