Atila Iamarino: (YouTube/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 16 de junho de 2020 às 21h39.
Última atualização em 22 de junho de 2020 às 15h53.
Mais de 130 vacinas estão sendo produzidas contra a covid-19 ao redor do mundo. Algumas, mesmo em fases mais avançadas que as outras, como é o caso da Coronavac, feita pela chinesa Sinovac, que está entre as fases um e dois de produção. Segundo a agência Bloomberg, mais de 90% das pessoas que receberam doses da vacina produzida pelo laboratório produziram anticorpos contra a covid-19 num intervalo de 14 dias.
Apesar disso, as expectativas de uma prevenção ser criada ainda em 2020 são baixas e a maioria das companhias aponta que, se tudo der certo, teremos uma até o ano que vem. Para o doutor em microbiologia e divulgador científico, Atila Iamarino, especialista bastante conhecido quando o assunto é o novo coronavírus, uma vacina até o final do ano que vem é "algo muito difícil". Isso porque, segundo ele, a proteção será dada primeiro para profissionais de saúde e posteriormente para parcelas menores da população mundial. "Sinceramente, vejo uma vacina somente em 2022 para que a humanidade volte a funcionar", diz. "E ter uma vacina não significa que a vida voltará ao normal tão cedo", afirma.
Em uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube nesta terça-feira (16), apesar disso, Iamarino afirmou que "em média o processo de produção de vacina dura 10 anos. "Além de ser lento, ele tem uma produção muito cara", diz. "Não necessariamente isso vai acontecer com o coronavírus."
A escolha de alvos de uma vacina, segundo Iamarino, pode levar de um a cinco anos, incluindo o período de testagem em animais. Para ter uma solução rápida para a covid-19, a maioria das empresas pulou essa fase. "As vacinas que estão em teste agora pularam a fase de escolhas de alvo e já estão sendo testadas em humanos, por já estarem sendo desenvolvidas para outra coisa antes", explica.
O biológo acredita que uma vacina efetiva para a SARS-CoV-2 ficará pronta dentro de um período de 12 e 18 meses a partir de hoje, o que segue a previsão de outros profissionais da área, como o . A nível de comparação, a proteção para o vírus do ebola levou cinco anos para chegar até a população.
Os projetos mais promissores, no momento, são os criados pela Sinovac, pela farmacêutica Moderna e pela Universidade de Oxford. O projeto da universidade britânica está na fase 3 de testes. A Moderna anunciou na última semana a liberação para a terceira etapa, que começará em julho. "Os fabricantes estão apostando dinheiro nisso", diz. "Esse é um esforço inédito na produção de qualquer coisa na humanidade. Para a covid-19, qualquer vacina que for feita, será preciso produzir até 5 a 7 bilhões de unidades para todos os seres humanos. Se uma segunda dose for necessária, isso vai ter que dobrar. A escala demanda um outro tipo de preparo o que já indica que, mesmo que ela dê certo e estiver disponível, ainda leva um tempo para ser fabricada e distribuída", continua.
Para Iamarino, de todas as mais de 130 desenvolvidas, segundo números da Organização Mundial da Saúde, quatro são mais promissoras. Sendo elas a chinesa Coronavac, a americana Novavax, a britânica de Oxford. Nesta terça, o presidente da farmacêutica AstraZeneca, que comprou os direitos para produzir as vacinas da Universidade de Oxford, estimou que a proteção poderá durar por até um ano após a aplicação, como acontece com a vacina para a gripe comum. Ele também acredita que, caso as vacinas não deem certo, outras que estão sendo produzidas pelas farmacêuticas Johnson & Johnson e pela MSD podem solucionar o problema.
Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos.
Mais de 8 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus no mundo. O Brasil é o segundo com maior número de doentes, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins, com 923.189 casos confirmados e 45.241 mortos.