Ciência

Uso de antibióticos aumenta 65% em 15 anos e ameaça saúde mundial

Pesquisa feita por revista científica americana alerta sobre o aumento das taxas de resistência a antibióticos no mundo

Antibióticos: só em 2015 foi estimado o consumo de 42,3 bilhões de doses diárias no mundo (PublicDomainPictures/Pixabay/Reprodução)

Antibióticos: só em 2015 foi estimado o consumo de 42,3 bilhões de doses diárias no mundo (PublicDomainPictures/Pixabay/Reprodução)

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AFP

Publicado em 28 de março de 2018 às 13h30.

O consumo global de antibióticos aumentou em 65% entre 2000 e 2015, impulsionado pelo uso explosivo em países de renda média e baixa, mas que representa uma ameaça à saúde global - apontam os pesquisadores.

Em seu relatório, os especialistas ressaltam que "a resistência aos antibióticos, impulsionada pelo consumo de antibióticos, é uma ameaça crescente à saúde global".

Publicado na segunda-feira (26) na revista americana Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS), este estudo, baseado em parte em projeções, alerta: "O consumo global total de antibióticos em 2015 foi estimado em 42,3 bilhões de doses diárias".

Nos 76 países estudados, a absorção de antibióticos aumentou de 21,1 bilhões de doses diárias, em 2000, para 34,8 bilhões, em 2015.

Correlacionado com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), o nível de consumo de antibióticos aumentou particularmente nos países de renda média e baixa (LMIC): +114% em 16 anos, chegando a 24,5 bilhões doses diárias determinadas.

Para o pesquisador Eili Klein, do Center for Disease Dynamics, Economics & Policy e um dos autores do estudo, esse aumento significa "um melhor acesso aos medicamentos necessários em países com muitas doenças que podem ser tratadas com eficácia com antibióticos".

Mas o pesquisador alerta: "À medida que mais e mais países obtiverem acesso a essas drogas, essas taxas (de consumo) aumentarão (...), o que levará a taxas mais altas de resistência a antibióticos".

Mas essa resistência bacteriana é responsável por 700.000 mortes por ano em todo o mundo, segundo um grupo de especialistas internacionais formado em 2014 no Reino Unido.

 77% de aumento

O consumo é menor em países de alta renda (HIC), com 10,3 bilhões de doses diárias. E, entre 2000 e 2015, o aumento foi de apenas 6%.

A taxa de consumo por mil habitantes e por ano continua muito maior em países de alta renda. Mas em 16 anos, essa taxa aumentou em 77% para os países de renda média e baixa, enquanto diminuiu em 4% para os países ricos.

Alguns países LMIC ultrapassaram a taxa de consumo de antibióticos de países de alta renda.

Em 2015, Turquia, Tunísia, Argélia e Romênia estavam entre os seis países com as maiores taxas de uso de antibióticos, enquanto em 2000 os cinco principais países eram de alta renda.

Outro exemplo, em 16 anos, o consumo de antibióticos dobrou na Índia, aumentou 79% na China, e 65%, no Paquistão. Esses três países são os maiores usuários de antibióticos entre os países LMIC.

No sentido contrário, o aumento foi marginal nos três países líderes do consumo em nações de alta renda, Estados Unidos, França e Itália, explica o estudo.

Saúde da humanidade

Os pesquisadores alertam para o futuro: "As projeções de consumo global de antibióticos em 2030, presumindo nenhuma mudança política, são até 200% superior aos 42 bilhões de doses diárias em 2015".

"Eliminar esta utilização inútil (de antibióticos) deve ser uma primeira etapa e uma prioridade para cada país", disse Eili Klein à AFP.

Cerca de "30% da utilização nos países de alta renda é inadequada", ressaltam, acrescentando que o consumo considerável de antibióticos em alguns países LMIC sugere igualmente que um uso inapropriado é real.

A resistência aos antibióticos poderia causar dez milhões de mortes por ano até 2050, aponta um estudo britânico recente.

A saúde da humanidade poderá depender os ornitorrincos. Este animal, que vive na Austrália, é um dos raros mamíferos que coloca ovo. Uma equipe australiana descobriu recentemente que uma proteína no leite materno do ornitorrinco poderia ter virtudes terapêuticas para o humano.

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