Remdesivir: Pfizer se uniu à Gilead para produzir remédio em larga escala (Gilead Sciences Inc/Handout/Reuters)
Tamires Vitorio
Publicado em 7 de agosto de 2020 às 11h58.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 15h15.
A farmacêutica americana Pfizer anunciou nesta sexta-feira, 7, um acordo com a biofarmacêutica Gilead Sciences, também dos Estados Unidos, para produzir o remdesivir, primeiro tratamento promissor na luta contra o novo coronavírus.
O acordo pretende escalar a produção da medicação intravenosa, que mostrou bons resultados na redução do tempo de internação dos pacientes infectados pela covid-19.
Isso porque na última quinta-feira, 6, a Gilead afirmou que "não seria capaz de produzir doses suficientes do remédio para atender a demanda global". Com o apoio da Pfizer, o problema pode ser solucionado --- uma vez que a farmacêutica opera em mais de 90 mercados e vende seus produtos em mais de 125 países. A droga será produzida na fábrica da Pfizer no Kansas, nos Estados Unidos.
Em um comunicado publicado no site da própria empresa, a Pfizer afirmou que "desde o começo era claro que somente uma companhia ou inovação não seria capaz de acabar com a crise da covid-19".
Para Albert Bourla, CEO da empresa, o acordo "é um exemplo excelente dos membros do ecossistema de inovação trabalhando juntos para trazer soluções médicas". "Juntos, somos mais fortes do que sozinhos", disse Bourla no comunicado.
No início do mês passado, os Estados Unidos compraram mais de 90% do estoque do remdesivir — o que pode fazer com que os demais países, inclusive o Brasil, receba menos doses da medicação, pelo menos nos próximos três meses.
O novo acordo da Pfizer com a Gilead pode, enfim, ser capaz de sanar a situação.
A farmacêutica também está correndo atrás de desenvolver uma vacina contra a doença em breve e já demonstrou bons resultados em estudos divulgados recentemente.
A proteção da Pfizer, que utiliza uma técnica com base no RNA mensageiro, se tornou uma das principais candidatas a inocular o vírus da covid-19. Nos últimos 30 dias, as ações da empresa acumulam uma alta de 17% — apesar de registrarem um saldo negativo em 2020.
As vacinas com base em RNA mensageiro têm como objetivo produzir as proteínas antivirais no corpo do indivíduo. Com a injeção, o conteúdo é capaz de informar as células do corpo humano sobre como produzir as proteínas capazes de lutar contra o coronavírus.
A expectativa é testar a vacina em aproximadamente 30.000 voluntários com idades entre 18 e 85 anos no mundo. Desse total, 1.000 serão testados no Brasil, com voluntários na Bahia e em São Paulo. Os demais participantes estarão distribuídos em 39 estados dos Estados Unidos, e também na Argentina e na Alemanha.
Se tudo der certo, a empresa espera que a eficácia da vacina seja comprovada até o outubro. A Pfizer espera produzir até 100 milhões de doses até o fim do ano. Outras 1,3 bilhão de doses podem ser fabricadas no ano que vem.