Injeção: apesar dos benefícios, o tratamento trouxe efeitos colaterais aos pacientes (foto/Reprodução)
AFP
Publicado em 24 de julho de 2017 às 11h54.
Uma injeção por mês com um tratamento antirretroviral é suficiente para manter confinado o vírus da aids - revela um estudo publicado nesta segunda-feira (24), o que permitirá aos soropositivos deixar de tomar um comprimido diário.
O estudo, cujas conclusões foram publicadas pela revista britânica The Lancet, consistiu em injetar duas moléculas antirretrovirais a cada quatro ou oito semanas durante quase dois anos em 230 pacientes com HIV, mesmo que com uma carga viral indetectável.
Ao final desse período, 87% dos pacientes do grupo que recebeu medicamentos a cada quatro semanas continuavam com uma carga viral indetectável. Esse número chegou a 94% no grupo que recebeu a medicação a cada oito semanas.
Essas proporções são comparáveis às registradas no grupo de 56 pacientes que continuou tomando um comprimido por dia (84%), segundo os resultados do estudo de fase II apresentado na Conferência Internacional de Pesquisa sobre a Aids, realizada em Paris.
A primeira molécula injetada, chamada de cabotegravir, foi desenvolvida pelo laboratório ViiV Healthcare, uma filial da GSK, Pfizer e Shionogi especializada em HIV, onde trabalha um dos autores do estudo, David Margolis.
A segunda molécula (rilpivirina) está sendo desenvolvida pelo laboratório Janssen, do grupo Johnson & Johnson.
Os dois laboratórios fizeram uma aliança para criar, com essas moléculas combinadas, o primeiro tratamento injetável de ação prolongada contra o HIV.
Segundo o diretor científico da Johnson & Johnson, Paul Stoffels, o tratamento "poderá oferecer uma alternativa eficaz para pessoas que alcançaram uma carga viral indetectável, mas que têm dificuldade para seguir um tratamento oral diário para controlar o HIV".
"Será preciso escolher entre o conforto de não ter que seguir um tratamento oral e os inconvenientes associados a um tratamento antirretroviral de ação prolongada por injeção", ressaltou, por sua vez, Mark Boyd, da Universidade de Adelaide, na Austrália, ao comentar o estudo.
A maioria dos pacientes do estudo sentiu dores no local da injeção, e alguns tiveram diarreia, ou dor de cabeça.