Fertilidade: técnica com uso de colágeno pode ajudar animais com ovários incapacitados (Reprodução/Thinkstock)
Lucas Agrela
Publicado em 21 de maio de 2017 às 07h00.
Última atualização em 22 de maio de 2017 às 10h51.
São Paulo -- Cientistas da Northwestern University of Chicago conseguiram criar estruturas de ovário para ratos com impressão 3D. A melhor parte é que elas funcionaram após ser implantadas nos animais.
A pesquisa foi divulgada na Nature Communications e seus resultados indicam que a descoberta pode, futuramente, culminar em tratamentos em humanos para possibilitar que mulheres que tiveram doenças, como câncer, voltem a poder ter filhos.
Os ovários implantados em ratas funcionaram para manter os níveis hormonais normais. Ainda mais importante do que isso: os animais puderam ovular e deram a luz a filhotes saudáveis após terem seus ovários removidos e substituídos pelos sintéticos.
Em um futuro não muito distante, esse procedimento poderá ser aplicado em humanos dispensando a necessidade de doadores.
Para os autores do estudo, conseguir restaurar funções orgânicas de uma pessoa sem transplantes é o cálice sagrado da bioengenharia para a medicina regenerativa.
A tinta gelatinosa foi para essencial para o sucesso do experimento. O colágeno quebrado tem a vantagem de ser uma matriz extracelular muito presente no corpo dos animais e que é mais fácil de processar do que o colágeno em sua forma bruta, ao mesmo tempo que mantém sua atividade biológica.
Além de ser usada na impressão 3D de ovários, essa tinta gelatinosa pode ser aplicada a outros órgãos futuramente.
"A maioria dos hidrogéis são muito fracos, uma vez que são compostos principalmente de água, e muitas vezes colapsam sobre eles mesmos", disse Ramille Shah, professora-assistente de materiais de ciência e engenharia e de cirurgia na universidade americana. "Nós encontramos uma temperatura para a gelatina que permite que ela seja auto-sustentável, não colapse, e leve à construção de camadas múltiplas. Ninguém mais conseguiu imprimir gelatina com geometria tão bem definida e auto-suportada", ressalta.
Confira o vídeo divulgado pela universidade sobre a pesquisa a seguir.