Ciência

Teoria científica explica por que o tempo "voa" quando envelhecemos

Com o passar dos anos, o corpo nos permite vivenciar menos do mundo, segundo Ph.D no MIT

 (Getty Images/Getty Images)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 30 de março de 2019 às 09h54.

São Paulo -- O tempo voa quando ficamos mais velhos. Provavelmente você já ouviu essa frase de algum familiar ou até você mesmo tenha sentido isso. Um pesquisador da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, tem uma nova teoria sobre o assunto, que foi publicada no periódico científico European Review, em 18 de março. Adrian Bejan,, professor de engenharia mecânica na universidade, atribui a sensação de que o ritmo da vida acelera à capacidade de captação processamento de imagens pelo cérebro, que diminui com o envelhecimento.

Com a idade, segundo Bejan -- que é Ph.D. no MIT e pesquisa sobre temas como termodinâmica, física aplicada e vida e evolução -- , o ser humano experimenta cada vez mais a sensação de ter menos poder de processamento cerebral, o que causa a sensação de que tudo ficou mais rápido, como em um vídeo gravado com a técnica chamada time-lapse, que comprime horas inteiras em poucos minutos. Para ele, a mente humana sente essa discrepância temporal ao perceber menos imagens, ou seja, “o presente é diferente do passado porque a visualização mental mudou”.

Isso seria ocasionado por mudanças no corpo, especialmente em redes nervosas e neurais, que crescem e se tornam mais complexas, tornando mais longo o caminho para os sinais externos recebidos, fora a degradação de tais percursos que acontece com a idade. O pesquisador diz que seria esse o motivo de os olhos das crianças se movimentarem mais rapidamente do que os dos adultos. Como as pessoas mais velhas veem menos imagens, a percepção de passagem de tempo é alterada.

“As pessoas frequentemente se mostram admiradas com o quanto conseguem se lembrar de dias que parecem ter durado para sempre quando eram jovens”, disse Bejan, em comunicado. “Não é que essas experiências eram muito mais profundas ou significativas, é apenas porque elas estavam processando tudo em alta velocidade”.

A teoria de Bejan não é uma resposta definitiva sobre o assunto para a comunidade científica, é claro. No entanto, ela está em linha com uma pesquisa divulgada pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, em 1993. Ele analisa a capacidade de observação de imagens do mundo. Os olhos de um adulto médio fazem de três a cinco observações por segundo, com fixações de 200 milissegundos a 300 milissegundos, enquanto as crianças observam mais com menor tempo de fixação.

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