A equipe descobriu uma nova maneira de estimular o crescimento de células ciliadas dentro da cóclea, parte auditiva do ouvido interno (GettyImages/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 12 de abril de 2022 às 07h04.
Última atualização em 12 de abril de 2022 às 18h20.
Uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) por trás da empresa de biotecnologia Frequency Therapeutics afirma ter desenvolvido um novo tipo de terapia regenerativa que pode reverter a perda auditiva, sem a necessidade de aparelhos auditivos ou implantes cocleares.
Ao programar tipos especiais de células humanas, chamadas células progenitoras, a equipe descobriu uma nova maneira de estimular o crescimento de células ciliadas dentro da cóclea, parte auditiva do ouvido interno.
As células ciliadas são consideradas os receptores sensoriais do sistema auditivo. Elas "transferem" a informação sonora para o nervo auditivo, ou seja, nos permitem ouvir. Porém, elas morrem com o tempo ou quando somos expostos a muito barulho, e não voltam a crescer.
Com a terapia regenerativa da Frequency, as células podem ser regeneradas pelo ouvido e trazer de volta algum grau de audição.
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Em experimentos iniciais feitos pela empresa, os participantes conseguiram melhorar a capacidade de perceber a fala que, de acordo com o CEO Chris Loose, é “o objetivo número um para melhorar a audição e a necessidade número um que ouvimos dos pacientes”.
Algumas dessas melhorias permaneceram por quase dois anos, de acordo com a companhia.
Ao todo, foram três estudos clínicos com mais de 200 pacientes. Melhoras significativas na percepção da fala foram percebidos em todos, exceto em um quarto estudo. Neste, o grupo placebo teve o mesmo resultado que o outro grupo, mas a empresa atribui o resultado a falhas no design.
A terapia regenerativa consiste em injetar moléculas no ouvido interno, que transformam as células progenitoras existentes em outras células. A partir delas, outras células ciliadas podem ser desenvolvidas dentro da cóclea.
A abordagem é mais simples que muitas terapias regenerativas, que normalmente precisam reprogramar as células do paciente em laboratório antes de inseri-las novamente.
No futuro, a equipe espera que a técnica tenha efeitos duradouros e que seja tão simples quanto a cirurgia Lasik, onde “você entra e sai em uma ou duas horas e pode restaurar completamente sua visão”, disse Jeff Karp, cofundador da Frequency. “Acho que teremos a mesma coisa para a perda auditiva”, acrescentou.
Agora, a Frequency está recrutando 124 pessoas para um teste clínico, cujos resultados preliminares devem estar disponíveis no início de 2023.