SpaceX Falcon 9: a chegada marcou a primeira vez em que dois veículos espaciais da SpaceX ficam ancorados à estação ao mesmo tempo (reuters/Reuters)
Karla Mamona
Publicado em 24 de abril de 2021 às 11h12.
O foguete SpaceX Falcon 9, transportando a cápsula Crew Dragon com quatro astronautas a bordo, chegou na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), na manhã deste sábado, 24.
A missão — batizada de Crew-2 — inclui os astronautas americanos Shane Kimbrough e Megan McArthur, junto com o membro da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa), Akihiko Hoshide, e o membro francês da Agência Espacial Europeia (ESA), Thomas Pesquet.
A chegada marcou a primeira vez em que dois veículos espaciais da SpaceX ficam ancorados à estação ao mesmo tempo. A Crew-2 se junta à tripulação da Expedição 65. No total, são 11 pessoas a bordo. Segundo a Nasa, um número que não era visto desde a era ônibus espacial. Pelas redes sociais, a Nasa compartilhou o momento em que a tripulação se encontra. Assista abaixo:
"Endeavour arriving!" Welcome to the @Space_Station, Crew-2!
Their arrival means there are now 11 humans aboard our orbiting laboratory, a number not seen since the space shuttle era. Hugs abound. pic.twitter.com/uSwW3JFl6K
— NASA (@NASA) April 24, 2021
“Thomas, we are all very, very proud of you.” @ESA Director General @AschbacherJosef congratulates @Thom_Astro on becoming the first European astronaut to launch aboard a @SpaceX Crew Dragon. pic.twitter.com/xGo2sxzEN7
— NASA (@NASA) April 24, 2021
A Crew-2 prevê realizar cerca de 100 experimentos durante sua missão de seis meses, incluindo a investigação sobre "chips de tecido", pequenos modelos de órgãos humanos que são compostos de diferentes tipos de células e são usados para estudar o envelhecimento do sistema imunológico, função renal e perda de massa muscular.
Além disso, ela terá obtido 1,5 milhão de imagens da Terra, documentando fenômenos como iluminação artificial à noite, proliferação de algas e ruptura das plataformas de gelo da Antártida. Outro elemento importante da missão é atualizar o sistema de energia solar da estação instalando novos painéis
A missão Crew-2 tem significados importantes tanto para a SpaceX quanto para a Nasa. Para a companhia espacial de Elon Musk trata-se de mais um teste de fogo da tecnologia de reutilização de componentes. Tanto o foguete Falcon 9, quanto a cápsula Crew Dragon, são modelos reciclados de missões anteriores. O Falcon 9, apesar de ser o foguete mais amplamente usado nos EUA, com 87 viagens já feitas, falhou mais uma vez em fevereiro e explodiu. A impressão geral é de que, apesar dos avanços, o retorno do foguete ainda é um processo instável.
A tensão também se eleva quando na espaçonave estará uma tripulação experiente vinda de diferentes países. Os norte-americanos Shane Kimbrough e Megan McArthur (da Nasa), o japonês Akihiko Hoshide (da agência espacial japonesa, Jaxa) e o francês Thomas Pesquet (da agência espacial europeia, ESA).
Kimbrough, que será o comandante da missão, já passou 189 dias a bordo da ISS. McArthur passou 12 dias no espaço a bordo do ônibus espacial Atlantis, durante a última missão de reparos do telescópio espacial Hubble em 2009. Hoshide voou no ônibus espacial Discovery em 2008 e ficou 124 dias a bordo da ISS em 2012. Por fim, Pesquet passou 196 dias no espaço durante 2016, período durante qual realizou duas caminhadas espaciais.
A Nasa estará atenta em observar mais uma vez como a SpaceX tem evoluído nos voos tripulados. Isso porque, no dia 17 de abril, a agência americana selecionou a SpaceX para levar novos astronautas americanos à Lua. O contrato estonteante de 2,9 bilhões de dólares inclui, além dos custos do lançamento, o desenvolvimento do protótipo Starship, que ainda está sendo testado nas instalações da SpaceX no sul do Texas.
Vale acrescentar que a SpaceX foi a única das agências espaciais privadas que assumiu a responsabilidade de enviar humanos ao espaço até agora. No ano passado, com uma viagem à Estação Espacial Internacional, restabeleceu a capacidade norte-americana de realizar o feito pela primeira vez desde o fim do programa de ônibus espaciais e tirou o país da dependência da Rússia. No final, os contratos valiosos vão além de ser um pagamento ao parceiro que tem se esforçado em trazer os velhos tempos no espaço de volta, são parte do reconhecimento.