Sonda Parker Solar Probe em simulação da NASA durante uma de suas aproximações ao Sol. A missão busca desvendar os mistérios da heliosfera. (Steve Gribben/NASA/Johns Hopkins APL/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 12h57.
A sonda Parker Solar Probe, da NASA, realizou na última terça-feira, 24, a maior aproximação já feita a uma estrela, atingindo a distância de apenas 6,1 milhões de quilômetros da superfície do Sol.
Viajando a uma velocidade de 692 mil km/h, a sonda tornou-se o objeto mais rápido já construído pelo ser humano. Desde seu lançamento, a missão tem revelado informações inéditas sobre o comportamento solar e seus impactos no sistema solar.
Lançada em agosto de 2018, a Parker Solar Probe foi projetada para desvendar os mistérios do Sol, incluindo o vento solar — fluxo contínuo de partículas carregadas que afeta a Terra — e as ejeções de massa coronal, responsáveis por tempestades geomagnéticas. Essas explosões podem impactar satélites, redes de energia e sistemas de comunicação, tornando o estudo do Sol essencial para a segurança tecnológica terrestre, segundo informações publicadas na CNN.
Além disso, a missão busca solucionar um enigma de longa data: por que a coroa solar, a camada externa do Sol, é centenas de vezes mais quente do que sua superfície. Para isso, a sonda coleta dados sobre partículas solares e campos magnéticos enquanto enfrenta temperaturas extremas.
O sucesso da Parker Solar Probe deve-se à sua engenharia avançada. Um escudo térmico de carbono de 11,4 centímetros protege os instrumentos científicos, mantendo-os em temperatura ambiente, enquanto a parte externa suporta até 1.800 ºF (980 ºC). A sonda é equipada com sistemas autônomos, permitindo que opere com segurança mesmo quando fora de contato direto com o centro de controle da NASA.
Durante suas aproximações, a sonda já atravessou ejeções de massa coronal, demonstrando sua capacidade de suportar o ambiente extremo do Sol. Esse feito permite a coleta de dados sem precedentes, contribuindo para o avanço da heliosfera, o campo de estudo que analisa o impacto do Sol no sistema solar.
A missão ocorre em um momento crucial, durante o máximo solar — período de maior atividade do ciclo de 11 anos do Sol. Recentemente, essa atividade foi responsável por auroras observadas em locais incomuns, como estados ao sul dos Estados Unidos, indicando tempestades solares mais intensas.
Os dados coletados pela Parker Solar Probe são fundamentais para prever eventos solares e mitigar seus efeitos na Terra. Além disso, estudar o Sol ajuda a compreender como outras estrelas influenciam planetas em sistemas solares distantes. “A sonda Parker Solar Probe está redefinindo nosso conhecimento sobre o Sol,” afirmou Helene Winters, gerente do projeto. “Estamos testemunhando avanços científicos que poderão transformar nossa compreensão do universo.”
A aproximação do dia 24 de dezembro foi a primeira de três planejadas para os próximos seis meses, com as próximas ocorrendo em março e junho de 2025. Após o término das manobras, a sonda continuará transmitindo dados valiosos para os cientistas, aprofundando o entendimento sobre os processos solares.
Os resultados da missão têm potencial para revolucionar a ciência espacial, abrindo caminho para futuras explorações e aumentando a capacidade humana de interagir de forma segura com o cosmos.